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Из серии: Um Mistério de Riley Paige #8
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ESQUECIDAS

(UM MISTÉRIO DE RILEY PAIGE—LIVRO 8)

B L A K E P I E R C E

Blake Pierce

Blake Pierce é o autor da série de enigmas RILEY PAGE, com doze livros (com outros a caminho). Blake Pierce também é o autor da série de enigmas MACKENZIE WHITE, composta por oito livros (com outros a caminho); da série AVERY BLACK, composta por seis livros (com outros a caminho), da série KERI LOCKE, composta por cinco livros (com outros a caminho); da série de enigmas PRIMÓRDIOS DE RILEY PAIGE, composta de dois livros (com outros a caminho); e da série de enigmas KATE WISE, composta por dois livros (com outros a caminho).

Como um ávido leitor e fã de longa data do gênero de suspense, Blake adora ouvir seus leitores, por favor, fique à vontade para visitar o site www.blakepierceauthor.com para saber mais a seu respeito e também fazer contato.

Copyright© 2016 Blake Pierce. Todos os direitos reservados. Exceto como permitido sob o Copyright Act dos Estados Unidos de 1976, nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida por qualquer forma ou meios, ou armazenada numa base de dados ou sistema de recuperação sem a autorização prévia do autor. Este ebook está licenciado apenas para seu usufruto pessoal. Este ebook não pode ser revendido ou dado a outras pessoas. Se gostava de partilhar este ebook com outra pessoa, por favor compre uma cópia para cada recipiente. Se está a ler este livro e não o comprou ou não foi comprado apenas para seu uso, por favor devolva-o e compre a sua cópia. Obrigado por respeitar o trabalho árduo deste autor. Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, organizações, locais, eventos e incidentes ou são o produto da imaginação do autor ou usados ficcionalmente. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é uma coincidência. Jacket image Copyright GongTo, usado sob licença de Shutterstock.com.

LIVROS ESCRITOS POR BLAKE PIERCE

SÉRIE DE ENIGMAS KATE WISE

SE ELA SOUBESSE (Livro n 1)

SE ELA VISSE (Livro n 2)

SÉRIE OS PRIMÓRDIOS DE RILEY PAIGE

ALVOS A ABATER (Livro #1)

ESPERANDO (Livro #2)

SÉRIE DE MISTÉRIO DE RILEY PAIGE

SEM PISTAS (Livro #1)

ACORRENTADAS (Livro #2)

ARREBATADAS (Livro #3)

ATRAÍDAS (Livro #4)

PERSEGUIDA (Livro #5)

A CARÍCIA DA MORTE (Livro #6)

COBIÇADAS (Livro #7)

ESQUECIDAS (Livro #8)

SÉRIE DE ENIGMAS MACKENZIE WHITE

ANTES QUE ELE MATE (Livro nº1)

ANTES QUE ELE VEJA (Livro nº2)

ANTES QUE COBICE (Livro nº3)

ANTES QUE ELE LEVE (Livro nº4)

ANTES QUE ELE PRECISE (Livro nº5)

ANTES QUE ELE SINTA (Livro nº6)

ANTES QUE ELE PEQUE (Livro nº7)

ANTES QUE ELE CAÇE (Livro nº8)

ANTES QUE ELE ATAQUE (Livro nº9)

SÉRIE DE ENIGMAS AVERY BLACK

MOTIVO PARA MATAR (Livro nº1)

MOTIVO PARA CORRER (Livro nº2)

MOTIVO PARA SE ESCONDER (Livro nº3)

MOTIVO PARA TEMER (Livro nº4)

MOTIVO PARA SALVAR (Livro nº5)

MOTIVO PARA SE APAVORAR (Livro nº6)

SÉRIE DE ENIGMAS KERI LOCKE

UM RASTRO DE MORTE (Livro nº1)

UM RASTRO DE HOMICÍDIO (Livro nº2)

UM RASTRO DE IMORALIDADE (Livro nº3)

UM RASTRO DE CRIME (Livro nº4)

UM RASTRO DE ESPERANÇA (Livro nº5)

ÍNDICE

PRÓLOGO

CAPÍTULO UM

CAPÍTULO TRÊS

CAPÍTULO QUATRO

CAPÍTULO CINCO

CAPÍTULO SEIS

CAPÍTULO SETE

CAPÍTULO OITO

CAPÍTULO NOVE

CAPÍTULO DEZ

CAPÍTULO ONZE

CAPÍTULO DOZE

CAPÍTULO TREZE

CAPÍTULO CATORZE

CAPÍTULO QUINZE

CAPÍTULO DEZASSEIS

CAPÍTULO DEZASSETE

CAPÍTULO DEZOITO

CAPÍTULO DEZANOVE

CAPÍTULO VINTE

CAPÍTULO VINTE E UM

CAPÍTULO VINTE E DOIS

CAPÍTULO VINTE E TRÊS

CAPÍTULO VINTE E QUATRO

CAPÍTULO VINTE E CINCO

CAPÍTULO VINTE E SEIS

CAPÍTULO VINTE E SETE

CAPÍTULO VINTE E OITO

CAPÍTULO VINTE E NOVE

CAPÍTULO TRINTA

CAPÍTULO TRINTA E UM

CAPÍTULO TRINTA E DOIS

CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

CAPÍTULO TRINTA E CINCO

CAPÍTULO TRINTA E SEIS

CAPÍTULO TRINTA E SETE

CAPÍTULO TRINTA E OITO

CAPÍTULO TRINTA E NOVE

CAPÍTULO QUARENTA

CAPÍTULO QUARENTA E UM

PRÓLOGO

O homem entrou no Salão Patom e viu-se inundado de uma nuvem espessa de fumo de cigarro. As luzes estavam fracas, uma velha música de heavy metal saía dos altifalantes e ele já se sentia impaciente.

O lugar estava demasiado quente, demasiado cheio de gente. Recuou ao sentir uma agitação passageira a seu lado; virou-se e viu um jogo de dardos a ser jogado por cinco bêbedos. Ao lado deles, decorria um animado jogo de bilhar. Quanto mais depressa dali saísse, melhor.

Olhou em torno da sala durante alguns segundos antes dos seus olhos repousarem numa mulher jovem sentada no bar.

A mulher tinha um rosto engraçado e um penteado ameninado. Estava demasiado bem vestida para um lugar daqueles.

Vai servir perfeitamente, Pensou o homem.

Caminhou na direção do bar, sentou-se no banco ao lado dela e sorriu.

“Como se chama?” Perguntou.

Apercebeu-se que não conseguia ouvir a sua própria voz sobre o ruído geral.

Ela olhou para ele, devolveu-lhe o sorrido, apontou para as orelhas e abanou a cabeça.

Ele repetiu a pergunta mais alto, movendo os lábios de uma forma exagerada.

Ela encostou-se a ele. Quase a gritar, disse, “Tilda. E o seu?”

“Michael,” Disse ele, não muito alto.

É claro que não era o seu nome verdadeiro, mas isso nem era importante. Ele duvidava que ela o conseguisse ouvir. Não se parecia importar.

Ele olhou para a sua bebida, praticamente vazia. Parecia ser uma margarita. Apontou para o copo e disse muito alto, “Quer outra?”

Ainda a sorrir, a mulher que se chamava Tilda abanou a cabeça em sinal de recusa.

Mas não o estava a sacudir. Ele tinha a certeza. Teria chegado o momento para uma atitude ousada?

Ele pegou num guardanapo de cocktail e retirou uma caneta do bolso da camisa.

Escreveu no guardanapo…

Gostaria de ir para algum lado?

Ela olhou para a mensagem. O seu sorriso aumentou. Hesitou durante alguns instantes, mas ele pressentiu que ela estava ali à procura de algo diferente. E parecia satisfeita de a ter encontrado.

Por fim, para seu deleite, ela anuiu.

Antes de saírem, ele pegou numa caixa de fósforos com o nome do bar.

Ia precisar daquilo mais tarde.

 

Ajudou-a a vestir o casaco e foram para o exterior. O ar fresco de primavera e silêncio repentino eram assustadores depois do ruído e calor.

“Uau,” Disse ela enquanto caminhava a seu lado. “Quase ficava surda lá dentro.”

“Presumo que não pare muito por ali,” Disse ele.

“Não,” Disse ela.

Não se adiantou, mas ele tinha a certeza que era a primeira vez que ela ia ao Salão Patom.

“Eu também não,” Disse ele. “Que experiência.”

“Bem pode repeti-lo.”

“Que experiência,” Disse ele.

Ambos se riram.

“Aquele é o meu carro,” Disse ele, apontando. “Onde gostaria de ir?”

Ela hesitou novamente.

Então, com os olhos a cintilar, ela disse, “Surpreenda-me.”

Agora ele sabia que o seu primeiro palpite estava certo. Ela estava ali à procura de qualquer coisa diferente.

Bem, na verdade, também ele.

Ele abriu a porta do passageiro e ela entrou. O homem sentou-se ao volante e começou a conduzir.

“Onde vamos?” Perguntou ela.

Com um sorriso e um piscar de olho ele respondeu, “Disse que queria ser surpreendida.”

Ela riu-se. O seu riso parecia nervoso mas agradado.

“Presumo que vive aqui em Greybull,” Disse ele.

“Nascida e criada,” Disse ela. “Julgo que nunca o tinha visto antes. Vive aqui por perto?”

“Não muito longe,” Disse ele.

Ela riu-se novamente.

“O que o traz a esta cidadezinha chata?”

“Negócios.”

Ela olhou para ele com uma expressão curiosa, mas não tocou no assunto. Aparentemente, não estava muito interessada em conhecê-lo. Isso era compatível com o seu objetivo.

Ele estacionou no parque de estacionamento de um pequeno motel chamado Maberly Inn. Estacionou em frente ao quarto 34.

“Já aluguei este quarto,” Disse ele.

Ela não disse nada.

Depois, após um curto silêncio, ele perguntou, “Sente-se bem com isto?”

Ela anuiu algo nervosamente.

Entraram juntos no quarto. Ela olhou à volta. O quarto tinha um odor desagradável a humidade e as paredes estavam decoradas com quadros feios.

Ela foi até à cama e colocou a mão sobre o colchão, verificando a sua firmeza.

Estaria ela descontente com o quarto?

Ele não tinha a certeza.

O gesto enfureceu-o – enfureceu-o terrivelmente.

Não sabia porquê, mas algo dentro de si deu sinal.

Normalmente só atacaria quando ela estivesse nua na cama. Mas agora não se conseguia conter.

Quando ela se virou para ir à casa de banho, ele bloqueou-lhe a passagem.

Os olhos de Tilda dilataram-se assustados.

Antes que conseguisse reagir, ele puxou-a para trás para a cama.

Ele tentou resistir, mas ele era muito mais forte.

Ela tentou gritar, mas antes de o conseguir, ele agarrou numa almofada e pressionou-a contra o seu rosto.

Ele sabia que em breve tudo terminaria.

CAPÍTULO UM

De repente, as luzes ligaram-se e os olhos da Agente Lucy Vargas ressentiram-se do brilho.

Os alunos sentados à sua volta começaram a sussurrar suavemente. A mente de Lucy estava profundamente concentrada no exercício – imaginar um homicídio real do ponto de vista do assassino – e era difícil sair do pesadelo.

“OK, vamos falar sobre aquilo que viram,” Disse a instrutora.

A instrutora era nada mais, nada menos do que a mentora de Lucy, a Agente Especial Riley Paige.

Lucy não era aluna. Aquela aula destinava-se apenas a cadetes da Academia do FBI. Acontecera aparecer por ali naquele dia como fazia de vez em quando. Ainda estava há pouco tempo na UAC e considerava que Riley Paige era uma fonte inesgotável de inspiração e informação. Aproveitava cada oportunidade para aprender com ela – e também trabalhar com ela.

A Agente Paige dera aos alunos detalhes de um caso de homicídio arquivado há cerca de vinte e cinco anos. Três jovens tinham sido mortas na Virginia. Dera-se ao assassino a alcunha de “Assassino da Caixa de Fósforos” porque deixava caixas de fósforos nos corpos das vítimas. As caixas eram provenientes de bares de uma zona geral perto de Richmond. Também deixava guardanapos com os nomes dos motéis onde as mulheres tinham sido mortas. Ainda assim, a investigação desses lugares não trouxera luz ao caso.

Riley disse aos alunos para usarem a sua imaginação para recriar um dos homicídios.

“Soltem a vossa imaginação,” Disse Riley antes de começarem. “Visualizem muitos detalhes. Não se preocupem em deter-se nas coisas pequenas, mas tentem captar corretamente as coisas no geral – a atmosfera, o ambiente, o cenário.”

Depois desligou as luzes durante dez minutos.

Agora que as luzes estavam outra vez ligadas, Riley caminhava de um lado para o outro na sala de aula.

Disse, “Antes de mais nada, falem-me um pouco sobre o Salão Patom. Como é que era?”

Uma mão ergueu-se no meio da sala. Riley pediu ao aluno para falar.

“O lugar não era propriamente elegante, mas tentava aparentar ter mais classe do que aquela que na verdade tinha,” Disse ele. “Mesas mal iluminadas encostadas às paredes. Algum tipo de revestimento suave por todo o lado – talvez camurça.”

Lucy estava intrigada. Ela não tinha imaginado o bar com aquele aspeto.

Riley sorriu, mas não disse ao aluno se estava certo ou errado.

“Mais alguma coisa?” Perguntou Riley.

“Havia música a tocar baixo,” Disse outro aluno. “Talvez jazz.”

Mas Lucy lembrava-se claramente de ter imaginado o ruído das músicas de hard rock dos anos 70 e 80.

Será que se tinha enganado?

Riley perguntou, “E Maberly Inn? Como é que era?”

Uma aluna ergueu a mão e Riley pediu-lhe para falar.

“Pitoresca e tão agradável quanto um motel pode ser,” Disse a jovem. “E bastante velho. Remontando a um tempo anterior ao surgimento das cadeias de motéis.”

Outro aluno falou.

“Isso parece-me bem.”

Outros alunos manifestaram a sua concordância.

Mais uma vez, Lucy ficou espantada com a forma tão diferente como tinha imaginado o lugar-

Riley sorriu mais uma vez.

“Quantos de vocês partilham estas impressões gerais – tanto do bar como do motel?”

A maioria dos alunos ergueu as mãos.

Lucy agora sentia-se algo deslocada.

“Tentem captar corretamente as coisas no geral,” Dissera-lhes Riley.

Será que Lucy tinha falhado redondamente todo o exercício?

Será que toda a gente na sala tinha captado a essência exceto ela?

Então Riley mostrou algumas imagens no ecrã.

Primeiro surgiram várias fotografias do Salão Patom – uma foto do exterior com o sinal de néon a cintilar na janela e várias outras fotos do interior.

“Este é o bar,” Disse Riley. “Ou pelo menos era o seu aspeto na altura em que ocorreram os homicídios. Não sei ao certo como está agora – ou se ainda existe.”

Lucy sentiu-se aliviada. Era bastante parecido com aquilo que tinha imaginado – um lugar degradado com paredes apaineladas e estofos de falso cabedal. Até tinha um par de mesas de bilhar e um alvo como ela tinha pensado. E mesmo nas imagens era possível ver uma espessa nuvem de fumo de cigarros.

Os alunos ficaram surpreendidos.

“Agora vamos ver o Maberly Inn,” Disse Riley.

Surgiram mais fotos. O motel parecia tão sujo como Lucy o havia imaginado – não muito antigo, mas ainda assim em mau estado.

Riley riu-se um pouco.

“Parece não coincidir bem com aquilo que imaginaram,” Disse ela.

A turma riu nervosamente em concordância.

“Porque é que visualizaram as cenas como as visualizaram?” Perguntou Riley.

Solicitou a uma jovem com a mão no ar para falar.

“Bem, disse-nos que o assassino abordara primeiro a vítima num bar,” Disse ela. “Isso aponta para ‘bar de solteiros’ na minha opinião. Um bocado foleiro, mas tentando parecer ter classe. Não imaginei um lugar do tipo classe trabalhadora.”

Outro aluno disse, “Com o motel a mesma coisa. O assassino não a levaria para um lugar agradável, nem que fosse só com o intuito de a enganar?”

Lucy agora sorria amplamente.

Agora percebo, Pensou.

Riley reparou no seu sorriso e devolveu-lho.

Disse, “Agente Vargas, onde é que tantos de nós se enganaram?”

Lucy disse, “Todos se esqueceram ter em consideração a idade da vítima. Tilda Steen tinha apenas vinte anos. As mulheres que frequentam bares de solteiros são geralmente mais velhas, rondam os trintas ou a meia idade, muitas vezes divorciadas. Por isso é que visualizaram o bar de forma errada.”

Riley concordou.

“Continue,” Disse ela.

Lucy pensou por um momento.

“Disse que ela vinha de uma família de classe média de uma pequena cidade. A julgar pelas fotos que nos mostrou anteriormente, ela era atraente e duvido que tivesse dificuldades amorosas. Então porque é que ela se deixou engatar num lugar como o Salão Patom? A minha hipótese é que estava aborrecida. Ela foi deliberadamente para um lugar que podia ser um pouco perigoso.”

E encontrou mais perigo do que aquele que procurava, Pensou Lucy.

“O que podemos todos aprender do que acabou de acontecer?” Perguntou Riley à turma.

Um aluno levantou a mão e disse, “Quando estamos a reconstruir um crime mentalmente, temos que nos assegurar que enquadramos toda a informação que temos em nossa posse. Não devemos deixar nada de fora.”

Riley parecia agradada.

“Exato,” Disse ela. “Um detetive tem que possuir uma imaginação vívida, tem que conseguir entrar na mente do assassino. Mas isso é complicado. Ao descurar um simples detalhe, pode perder-se. Pode fazer a diferença entre resolver o caso e não o resolver.”

Riley calou-se por momentos e depois acrescentou, “E este caso nunca foi resolvido. Se alguma vez irá ser… bem, duvido. Passados vinte e cinco anos, é difícil apanhar-lhe novamente o rasto. Um homem matou três jovens – e são grandes as probabilidades de ainda andar por aí.”

Riley deixou as suas palavras embrenharem-se na audiência durante alguns instantes.

“É tudo por hoje,” Disse por fim. “Sabem o que devem ler para a próxima aula.”

Os alunos saíram da sala. Lucy decidiu ficar durante mais um bocado para conversar com a sua mentora.

Riley sorriu-lhe e disse, “Fizeste um excelente trabalho de detetive ainda há pouco.”

“Obrigada,” Disse Lucy.

Ficou feliz. Todo e qualquer elogio vindo de Riley Paige significava muito para ela.

Depois Riley disse, “Mas agora quero que tentes uma coisa um pouco mais avançada. Fecha os olhos.”

Lucy fechou-os. Em voz baixa e calma, Riley deu-lhe mais detalhes.

“Depois de matar Tilda Steen, o assassino enterrou-a numa campa rasa. Consegue descrever-me como é que isso aconteceu?”

Como fizera durante o exercício, Lucy tentara entrar na mente do assassino.

“Ele deixou o corpo na cama, depois saiu do quarto do motel,” Disse Lucy em voz alta. “Olhou cuidadosamente à sua volta. Não viu ninguém. Então levou o corpo para o seu carro e colocou-o no banco de trás. Depois conduziu até uma área florestal. Um lugar que conhecia bem, mas não muito próximo da cena do crime.”

“Continua,” Disse Riley.

Com os olhos ainda fechados, Lucy conseguia sentir a frieza metódica do assassino.

“Parou o carro onde não o poderiam ver. Depois tirou uma pá da bagageira.”

Lucy sentiu dificuldades por um momento.

Era noite por isso, como é que o assassino vaguearia pelo bosque?

Não seria fácil transportar uma lanterna, uma pá e um corpo.

“Era noite de luar?” Perguntou Lucy.

“Era,” Disse Riley.

Lucy sentiu-se encorajada.

“Ele apanhou na pá com uma mão e pendurou o corpo no ombro com a outra. Começou a percorrer o bosque. Caminhou até encontrar um lugar distante que sabia não ser frequentado por ninguém.”

“Um lugar distante?” Perguntou Riley, interrompendo a recriação de Lucy.

“Definitivamente,” Disse Lucy.

“Abra os olhos.”

Lucy abriu-os. Riley estava a arrumar a sua pasta para se ir embora.

Disse, “Na verdade o assassino levou o corpo para o bosque do outro lado da autoestrada perto do motel. Só carregou o corpo de Tilda durante alguns metros. Podia ter visto luzes vindas da autoestrada e provavelmente usou a luz de um candeeiro de rua para enterrar Tilda. E enterrou-a de forma descuidada, cobrindo-a mais com pedras do que com terra. Um ciclista que ia a passar reparou no cheiro uns dias mais tarde e chamou a polícia. O corpo foi fácil de encontrar.”

 

Lucy ficou surpreendida com este desfecho.

“Porque é que não se deu a mais trabalho para esconder o crime?” Perguntou. “Não percebo.”

Fechando a sua pasta, Riley franziu o sobrolho pesarosamente.

“Eu também não,” Disse ela. “Ninguém sabe.”

Riley pegou na sua pasta e deixou a sala.

Ao vê-la partir, Lucy detetou amargura e desilusão na passada de Riley.

Era óbvio que por muito desligada que parecesse estar, Riley ainda se sentia atormentada por este caso arquivado.

CAPÍTULO DOIS

Naquela noite ao jantar, Riley Paige não conseguia tirar da cabeça o “Assassino da Caixa de Fósforos”. Utilizara aquele caso arquivado como exemplo na sua aula porque sabia que teria notícias dele em breve.

Riley tentou concentrar-se no delicioso guisado Guatemalteco que Gabriela tinha preparado. A sua empregada era uma cozinheira extraordinária. Riley esperava que Gabriela não reparasse que ela estava a ter dificuldades em apreciar o jantar naquela noite. Mas é claro que as miúdas repararam.

“O que é que se passa, mãe?” Perguntou April, a filha de quinze anos de Riley.

“Passa-se alguma coisa?” Perguntou Jilly, a menina de treze anos que Riley pensava adotar.

Também Gabriela olhava para Riley com preocupação.

Riley não sabia o que dizer. A verdade era que sabia que ia ser recordada do Assassino da Caixa de Fósforos no dia seguinte – um telefonema que recebia todos os anos. Não valia a pena não pensar no assunto.

Mas Riley não gostava de trazer o trabalho de casa para o seio da família. Houvera ocasiões em que apesar dos seus esforços, pusera os seus entes queridos em perigo.

“Não é nada,” Disse ela.

As quatro comeram silenciosamente durante alguns instantes.

Por fim April disse, “É o pai, não é? Incomoda-te que ele não esteja outra vez em casa.”

A pergunta apanhou Riley de surpresa. As ausências recentes do marido andavam a incomodá-la. Ela e Ryan tinham-se esforçado muito para se reconciliarem, mesmo depois de um divórcio doloroso. Agora o seu progresso parecia estar a ruir e Ryan passava cada vez mais tempo na sua casa.

Mas não era Ryan o que a preocupava naquele momento.

O que é isso dizia de si?

Estaria a acostumar-se à sua relação falhada?

Desistira?

As suas três companheiras de jantar ainda olhavam para ela, à espera que dissesse alguma coisa.

“É um caso,” Disse Riley. “Aborrece-me sempre nesta altura do ano.”

Os olhos de Jilly abriram-se muito demonstrando o seu entusiasmo.

“Conta-nos!” Disse ela.

Riley pensou no quanto podia dizer às miúdas. Não queria descrever os pormenores do crime à sua família.

“É um caso arquivado,” Disse ela. “Uma série de homicídios que nem a polícia local, nem o FBI conseguiram resolver. Tento resolvê-lo há anos.”

Jilly balançava na cadeira.

“Como é que o vai resolver?”

A pergunta espicaçou Riley.

É claro que Jilly não a queria magoar – bem pelo contrário. A jovem tinha orgulho em ter como mãe uma agente do FBI. E ainda tinha a ideia de que Riley era alguma espécie de super-heroína que nunca falhava.

Riley conteve um suspiro.

Talvez tenha chegado o momento de lhe dizer que nem sempre consigo apanhar os maus, Pensou.

Mas Riley disse apenas, “Não sei.”

Era a mais pura verdade.

Mas havia uma coisa que Riley sabia.

O vigésimo quinto aniversário da morte de Tilda Steen era no dia seguinte e ela não o iria conseguir esquecer.

Para alívio de Riley, a conversa à mesa virou-se para o magnífico jantar de Gabriela. A robusta mulher Guatemalteca e as miúdas começaram a falar em Espanhol e Riley tinha dificuldades em seguir o que diziam.

Mas não fazia mal. April e Jilly estavam ambas a estudar Espanhol, e April estava a ficar bastante fluente. Jilly ainda lutava com a língua mas Gabriela e April estavam a ajudá-la.

Riley sorriu enquanto ela via e ouvia.

A Jilly parece bem, Pensou.

Jilly era uma menina magra e de pele escura – mas já não a rapariguinha desesperada que Riley salvara das ruas de Phoenix há alguns meses atrás. Era amável e saudável, e parecia estar a ajustar-se bem à nova vida com Riley e a família.

E April estava a provar ser uma excelente irmã mais velha. Estava a recuperar bem de traumas por que tinha passado.

Por vezes quando olhava para April, Riley sentia que estava a olhar para um espelho – um espelho que mostrava o seu próprio eu adolescente de há muitos anos atrás. April tinha os olhos cor de avelã e cabelo escuro de Riley.

Riley sentiu uma imensa tranquilidade.

Talvez esteja a fazer um ótimo trabalho como mãe, Pensou.

Mas a tranquilidade depressa se dissipou.

O misterioso Assassino da Caixa de Fósforos ainda assombrava a sua mente.

*

Depois do jantar, Riley foi para o seu quarto e escritório. Sentou-se ao computador e respirou fundo algumas vezes, tentando relaxar. Mas a tarefa que estava à sua espera era de alguma forma angustiante.

Parecia ridículo ela sentir-se daquela forma. No final de contas, ela perseguira e combatera dezenas de assassinos perigosos ao longo dos anos. A sua própria vida tinha estado ameaçada mais vezes do que o razoável.

Só falar com a minha irmã não me devia deixar assim, Pensou.

Mas não via Wendy há… quantos anos já tinham passado?

Pelo menos desde que Riley era miúda. Wendy entrara novamente em contacto quando o pai de ambas morrera. Tinham falado ao telefone refletindo na possibilidade de se encontrarem pessoalmente. Mas Wendy vivia longe em des Moines, Iowa e não tinham conseguido combinar um encontro. Então tinham decidido daquela vez falarem através de um chat de vídeo.

Para se preparar, Riley olhou para uma foto emoldurada que estava à sua secretátia. Tinha-a encontrado entre os pertences do pai após a sua morte. Mostrava Riley, Wendy e a mãe. Riley parecia ter quatro anos e Wendy já devia estar na adolescência.

Ambas as raparigas e a mãe pareciam felizes.

Riley não se lembrava quando ou onde a fotografia fora tirada.

E não se recordava da sua família alguma vez ser feliz.

Com as mãos frias e a tremer, digitou a morada de vídeo de Wendy no teclado.

A mulher que surgiu no ecrã bem podia ser uma perfeita estranha.

“Olá Wendy,” Disse Riley timidamente.

“Olá,” Respondeu Wendy.

Ficaram ali sentadas a olhar uma para a oura estupidamente durante alguns momentos confrangedores.

Riley sabia que Wendy tinha cerca de cinquenta anos, sendo por isso dez anos mais velha que ela. Parecia encarar a idade que tinha sem problemas. Parecia bastante convencional. O cabelo parecia não estar a encanecer como o de Riley, mas Riley duvidava que fosse a sua cor natural.

Riley olhava para o rosto de Wendy e para a foto. Notou que Wendy se parecia com a mãe. Riley sabia que se parecia mais com o pai e não se sentia especialmente orgulhosa dessa parecença.

“Bem,” Disse por fim Wendy para quebrar o silêncio. “O que é que tens feito… nas últimas décadas?”

Riley e Wendy riram-se ambas um pouco. Até o seu riso parecia tenso e estranho.

Wendy perguntou, “És casada?”

Riley suspirou alto. Como podia ela explicar o que se estava a passar entre ela e Ryan quando nem ela sabia ao certo?

Disse, “Bem, como os miúdos dizem hoje em dia, ‘é complicado’. E quero dizer mesmo complicado.”

Seguiram-se mais uns risos nervosos.

“E tu?” Perguntou Riley.

Wendy parecia começar a descontrair um pouco.

“O Loren e eu estamos quase a fazer vinte e cinco anos de casados. Somos ambos farmacêuticos e temos a nossa própria farmácia. O Loren herdou-a do pai. Temos três filhos. O mais novo, Barton, está fora na universidade. Thora e Parish são ambos casados e têm as suas vidas. Acho que isso faz de mim e do Loren os clássicos pais cujos filhos ganharam asas e os deixaram.”

Riley sentiu uma melancolia estranha a tomar conta dela.

A vida de Wendy em nada se tinha assemelhado à dela. Na verdade, a vida de Wendy tinha sido aparentemente normal.

A sensação de estar a olhar para um espelho, como ao jantar com April, regressara.

Com exceção de que o espelho não era do seu passado.

Era de um ser futuro – alguém em quem ela se poderia ter transformado, mas que nunca, nunca poderia ser.

“E tu?” Perguntou Wendy. “Tens filhos?”

Mais uma vez Riley sentiu-se tentada a dizer…

“É complicado.”

Mas em vez disso, disse, “Duas. Tenho uma filha com quinze anos, April. E estou prestes a adotar outra – Jilly que tem treze anos.”

“Adoção! Mais pessoas o deviam fazer. Isso é ótimo.”

Riley não sentia que devia ser parabenizada no momento. Sentir-se-ia melhor se tivesse a certeza de que Jilly cresceria numa família com pai e mãe. Naquele momento, aquele assunto era uma dúvida. Mas Riley decidiu não entrar por aí com Wendy.

Em vez disso, queria tratar de um outro assunto com a irmã.

E receava que pudesse ser estranho.

“Wendy, sabes que o pai me deixou a sua cabana no testamento,” Disse ela.

Wendy anuiu.

“Eu sei,” Disse ela. “Enviaste-me algumas fotos. Parece um lugar agradável.”

As palavras eram um pouco dissonantes…

“… um lugar agradável.”

Riley tinha lá estado algumas vezes – e recentemente quando o pai falecera. Mas as suas memórias do lugar estavam longe de ser agradáveis. O pai tinha comprado quando se aposentara da Marinha. Riley lembrava-se da cabana como a casa de um velho solitário e mau que odiava toda a gente – e um homem que também todos odiavam. A última vez que Riley o vira vivo, haviam chegado a vias de facto.

“Penso que foi um engano,” Disse Riley.

“O quê?”

“Deixar-me a cabana. Foi errado da parte dele fazer isso. Devia ter ido para ti.”

Wendy parecia genuinamente surpreendida.

“Porquê?” Perguntou.

Riley sentiu todo o tipo de emoções negativas a revolverem-se dentro de si. Aclarou a garganta.

“Porque estiveste com ele no fim, quando ele estava no lar. Cuidaste dele. Até trataste de tudo depois de ele morrer – o funeral e as coisas legais. Eu não estava lá. Eu…”

Riley quase se engasgou com as palavras que proferiu de seguida.

“Penso que não conseguiria fazer o que fizeste. Nós não nos dávamos bem.”

Wendy sorriu com tristeza.

“Nós também não nos dávamos bem.”

Riley sabia que era verdade. Pobre Wendy – o pai batera-lhe regularmente até ela finalmente fugir de vez aos quinze anos. E mesmo assim, Wendy mostrara a decência de cuidar dele no fim.

Riley não o tinha feito e não conseguia evitar sentir-se culpada a esse respeito.

Riley disse, “Não sei quanto vale a cabana. Deve valer alguma coisa. Quero que fiques com ela.”

Os olhos de Wendy dilataram-se. Parecia assustada.

“Não,” Disse ela.

A franqueza da sua resposta espantou Riley.

“Por que não?” Perguntou Riley.

“Simplesmente não posso. Não quero. Quero esquecer-me dele.”

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