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Из серии: Um Mistério de Riley Paige #8
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Riley parou.

Jake disse, “Força. Di-lo.”

“Humana para ele. Ele sentiu-se culpado pelo que ia fazer. E de uma forma distorcida…”

Riley demorou um momento para ordenar os pensamentos.

“Ele decidiu matá-la como um ato de misericórdia. Não a estrangulou com as mãos. Fê-lo de forma mais suave. Ele dominou-a na cama e sufocou-a com uma almofada. Sentiu-se com tantos remorsos que…”

Riley abriu os olhos.

“… não voltou a matar.”

Jake soltou um som de aprovação.

Ele disse, “Foi a essa mesma conclusão que eu cheguei naquele dia. E ainda assim penso. Acredito que ele ainda está na região e ainda vive assombrado pelo que fez há tantos anos atrás.”

Uma palavra começou a ecoar na mente de Riley…

Remorso.

De repente algo lhe pareceu óbvio.

Sem parar para pensar, ela disse, “Ele ainda tem remorsos Jake. E quase aposto que deixa flores nas campas das mulheres.”

Jake riu com satisfação.

“Bem pensado,” Disse ele. “Por isso sempre gostei de ti Riley. Tu entendes a psicologia e sabes como transformá-la em ação.”

Riley sorriu.

“Aprendi com o melhor,” Disse ela.

Jake esboçou um agradecimento pelo elogio. Ela agradeceu-lhe e terminou a chamada. Ficou no gabinete a pensar.

É comigo.

Ela tinha que apanhar o assassino de uma vez por todas.

Mas sabia que não o poderia fazer sozinha.

Precisava de ajuda para a UAC reabrir o caso.

Dirigiu-se ao corredor e caminhou na direção do gabinete de Bill Jeffreys.

CAPÍTULO OITO

Bill Jeffreys estava a aproveitar uma manhã invulgarmente tranquila na UAC quando a sua parceira irrompeu pelo seu gabinete adentro. Ele imediatamente reconheceu a expressão no seu rosto. Era assim que Riley Paige ficava quando estava entusiasmada com um novo caso.

Ele fez um gesto na direção da cadeira do outro lado da mesa e Riley sentou-se. Mas ao escutar atentamente a sua descrição dos homicídios, Bill ficou algo intrigado com o seu entusiasmo. Ainda assim, não fez qualquer comentário enquanto ela lhe fornecia a descrição completa da conversa que tivera ao telefone com Jake.

“Então, o que te parece?” Perguntou ela a Bill quando terminou.

“Sobre quê?” Perguntou Bill.

“Queres trabalhar neste caso comigo?”

Bill olhou-a de forma incerta.

“Claro que gostaria, mas… bem, o caso não está aberto. Está fora do nosso controlo.”

Riley respirou fundo e disse cautelosamente, “Esperava que eu e tu tratássemos disso.”

Bill demorou alguns instantes a perceber o que ela queria dizer. Depois os seus olhos abriram-se muito e ele abanou a cabeça.

“Oh, não Riley,” Disse ele. “Este já tem muito tempo. O Meredith não vai estar interessado em abri-lo outra vez.”

Bill percebeu que também Riley tinha as suas dúvidas, mas tentava escondê-la.

“Temos que tentar,” Disse ela. “Nós podemos resolver este caso. Eu sei que sim. Os tempos mudaram, Bill. Agora temos novas ferramentas à nossa disposição. Por exemplo, os testes de ADN quase não existiam na altura. Agora as coisas são diferentes. Não estás a trabalhar noutro caso agora, pois não?”

“Não.”

“Nem eu. Porque não tentarmos?”

Bill olhou para Riley com preocupação. No espaço de um ano a sua parceira tinha sido chamada à atenção, suspensa e até despedida. Ele sabia que a sua carreira às vezes estava por um fio. A única coisa que a salvara fora a sua habilidade inata para encontrar a sua presa, por vezes de formas pouco ortodoxas. Essa capacidade e a sua cobertura ocasional tinham-na mantido na UAC.

“Riley, estás a pedi-las,” Disse ele. “Não te ponhas a jeito.”

Bill percebeu que ela não gostara da sua reação e de imediato se arrependeu do que dissera.

“OK, se não o queres fazer,” Disse ela, levantando-se da cadeira, virando-se e dirigindo-se para a porta.

*

Riley não suportava a expressão “Pôr-se a jeito.”

No final de contas, agitar as águas era o que ela mais fazia. E sabia perfeitamente bem que era uma das coisas que a tornava numa boa agente.

Riley estava a sair do gabinete de Bill quando ele a chamou, “Espera um segundo. Onde é que vais?”

“Onde é que achas que vou?” Disse Riley.

“OK, OK! Estou a ir!”

Ela e Bill percorreram o corredor em direção ao gabinete do Chefe de Equipa Brent Meredith. Riley bateu à porta e ouviu uma voz dizer, “Entre.”

Riley e Bill entraram no espaçoso gabinete de Meredith. Como sempre, o chefe de equipa revelava uma presença impressionante. Estava debruçado sobre a secretária a mergulhado em relatórios.

“Seja rápidos,” Disse Meredith sem tirar os olhos do seu trabalho. “Estou ocupado.”

Riley ignorou o olhar preocupado de Bill e de forma arrojada sentou-se ao lado da secretária de Meredith.

Riley disse, “Chefe, eu e o Agente Jeffreys queremos reabrir um antigo caso e estávamos a pensar se…”

Ainda concentrado nos seus papéis, Meredith interrompeu.

“Nem pensar.”

“Huh?” Disse Riley.

“Pedido recusado. Agora se não se importam, tenho trabalho a fazer.”

Riley permaneceu sentada. Sentiu-se momentaneamente bloqueada.

Depois disse, “Acabei de falar com o Jake Crivaro.”

Meredith levantou a cabeça lentamente e olhou para ela. Um sorriso formou-se nos seus lábios.

“Como está o velho Jake?” Perguntou ele.

Riley também sorriu. Ela sabia que Jake e Meredith haviam sido amigos íntimos na UAC.

“Está rabugento,” Disse Riley.

“Sempre foi,” Disse Meredith. “Sabe, aquele velho sacana pode ser bastante intimidante.”

Riley conteve um riso. A simples ideia de que Meredith pudesse considerar alguém intimidante era bem engraçada. A própria Riley nunca se sentira initimidada por Jake.

Riley disse, “Ontem foi o vigésimo quinto aniversário do último homicídio do assassino da caixa de fósforos.”

Meredith virou-se para ela, parecendo começar a aparentar interesse.

“Lembro-me desse,” Disse ele. “O Jake e eu éramos agentes de campo nessa altura. Ele nunca conseguiu superar o facto de não o ter conseguido resolver. Conversámos muito sobre isso.”

Meredith juntou as mãos e olhou para Riley atentamente.

“Então o Jake ligou-lhe para discutir isso, foi? Ele quer reabrir o caso, sair da reforma?”

Riley sentiu um fugaz impulso de mentir. Meredith iria ser certamente mais aberto à ideia se pensasse que fora Jake que a tivera. Mas não o conseguiu fazer.

“Eu é que lhe liguei,” Disse ela. “Mas já tinha isso em mente. Lembra-se sempre nesta altura do ano. E falámos sobre algumas possibilidades.”

Meredith recostou-se na sua cadeira.

“Diga-me o que é que tem,” Disse ele.

Riley rapidamente organizou os pensamentos.

“O Jake pensa que o assassino ainda se encontra na área em que ocorreram os crimes,” Disse ela. “E eu confio no palpite de Jake. Pensamos que ele foi consumido pela culpa – provavelmente ainda está. E eu tive esta ideia de que ele pode deixar flores com regularidade na campa da última vítima, Tilda Steen. Então isso é qualquer coisa de novo para se verificar.”

Riley percebeu pelo rosto de Meredith que ele estava a ficar interessado.

“Isso pode mesmo ser uma boa pista,” Disse ele. “Que mais têm?”

“Não muito,” Disse ela. “Exceto o facto de Jake ter mencionado um copo que foi recolhido como prova.”

Meredith anuiu.

“Eu lembro-me. O idiota do parceiro dele estragou as impressões digitais.”

Riley disse, “Possivelmente ainda está guardado. Talvez possamos retirar ADN dele. Isso não era possível há vinte e cinco anos atrás.”

“Ótimo,” Disse Meredith. “Que mais?”

Riley pensou durante alguns instantes.

“Temos um velho esboço do assassino,” Disse ela. “Não é grande coisa, mas talvez os nossos colegas da informática consigam envelhecer a imagem para vermos como ele seria agora. Posso entregar isso ao Sam Flores.”

Meredith não disse nada de imediato.

Depois olhou para Bill que ainda estava junto à porta.

“Tem casos em andamento, Agente Jewffreys?”

“Não.”

“Ótimo. Quero que trabalhe neste caso com a Agente Paige.”

Sem dizer mais uma palavra, Meredith virou a sua atenção novamente para os relatórios que tinha em cima da secretária.

Riley olhou para Bill. Tal como ela, Bill estava surpreendido.

“Quando é que começamos?” Perguntou Bill a Meredith.

“Há cinco minutos,” Disse Meredith, fazendo um gesto de despedida na direção da porta. “O que é que se passa com vocês os dois? Não percam mais tempo. Mãos à obra.”

Riley e Bill saíram do gabinete a conversar com entusiasmo sobre a melhor forma de iniciarem aquela busca.

CAPÍTULO NOVE

Um pouco mais tarde, Riley deixou-se conduzir por Bill no carro do FBI até à cidade de Greybull, a cidade onde Tilda Steen tinha sido assassinada. Riley sentia-se bem por estar a trabalhar num novo caso, sobretudo um que ela tinha escolhido.

Estava um dia solarengo e quente. Riley sentiu que os seus problemas e ansiedades se desvaneciam. Agora que tinha tempo para esvaziar a cabeça, Riley começava a sentir-se diferente em relação à partida de Ryan.

Porque é que ela quereria que ele ficasse?

Obviamente que não queria que lá ficasse a dormir agora que estava a sair com outra pessoa.

 

E era errado deixar as miúdas viverem na ilusão de que ele fazia parte da família.

As coisas podiam ser piores, Pensou.

O Ryan podia ter andado por lá durante muito mais tempo e os efeitos nas miúdas poderiam ter sido bem mais dolorosos.

E naquele preciso momento, o telefone de Riley tocou. Viu que a chamada era de Blaine. Levou-lhe um segundo a lembrar-se que lhe deixara uma mensagem na noite passada, aceitando tardiamente o seu convite de jantar. Tanta coisa tinha acontecido durante aquela manhã que parecia que tinha passado mais tempo desde que fizera aquela chamada.

Atendeu o telefone. Blaine parecia otimista e alegre.

“Olá Riley. Recebi a tua mensagem. Sim, o convite ainda está de pé.”

“Obrigada,” Disse Riley. “Fico feliz.”

“Então quando é que vocês querem vir ao restaurante? Talvez esta noite?”

Riley detestava ter que adiar o jantar. Mas que mais podia fazer?

“Blaine, neste momento estou fora da cidade a trabalhar num caso. Volto mais logo mas posso ter que continuar a trabalhar.”

“E que tal amanhã?” Perguntou Blaine.

Riley conteve um suspiro. As coisas estavam a processar-se de forma muito rápida. A última coisa que queria era que Blaine pensasse que o estava a afastar, mas com um novo caso em andamento, ela não sabia quando é que poderia aceitar o seu convite.

A estranheza da situação foi agravada pelos olhares de Bill. Pelo seu sorriso maroto, era óbvio que ele sabia com quem é que ela estava a falar.

Riley sentiu-se corar.

Disse, “Blaine, peço imensa desculpa, mas não sei quando é que poderemos jantar.”

Blaine não respondeu. Riley sabia que ele se devia sentir intrigado. No final de contas, ela parecera tão disponível na sua mensagem. Pensou que a melhor abordagem era ser sincera.

“Não estou a ser reservada Blaine. Não estou mesmo. Prometo que quando resolver este caso vamos logo jantar ao teu restaurante. E retribuímos o convite. A Gabriela fará um jantar maravilhoso para ti e para a Crystal.”

Agora conseguia ouvir um sorrido na voz de Blaine.

“Ótimo. Deixo-te então trabalhar.”

Terminaram a chamada. O sorriso de Bill alargou-se e o embaraço de Riley aprofundou-se.

“Então quem era?” Perguntou Bill.

“Não te metas onde não és chamado,” Disse Riley com um risinho.

Bill largou uma gargalhada.

“Não, acho que me vou meter Riley. Penso que ainda sou teu amigo. É suposto meter-me. Era o Blaine, não era? O teu encantador vizinho.”

Riley anuiu silenciosamente.

Bill disse, “Então vais-me dizer o que é que se passa ou quê? Pensava que o Blaine se tinha mudado para o outro lado da cidade e que estavas a tentar resolver as coisas com o Ryan.”

Riley lembrou-se da discordância de Bill quando ela lhe dissera que ela e o Ryan estavam outra vez juntos.

“Preciso lembrar-te de tudo o que ele fez para te magoar?” Dissera Bill. “Porque eu me lembro de cada pormenor.”

“Faças o que fizeres, não me digas ‘bem te disse.’”

“Porque não?” Perguntou Bill.

Riley suspirou audivelmente agora.

Não vale a pena contrariar, Pensou ela.

Nada mais podia fazer a não ser engolir o seu orgulho.

“Porque tu me alertaste. E tinhas razão. O Ryan continua a ser o mesmo insuportável e não confiável velho Ryan.”

“Passou-te outra vez a perna, huh? Lamento ouvi-lo.” Parecia estar mesmo com pena. “Deve ser duro para as miúdas.”

Riley nem lhe conseguiu dizer como aquilo era verdade.

“De qualquer das formas,” Disse Bill. “Fico feliz por estares a dar finalmente uma oportunidade ao ‘Sr. Certo’.”

Riley resfolegou exasperada. Queria atirar-lhe alguma coisa. Em vez disso, riu-se com ele.

O telefone de Riley vibrou novamente. Era uma mensagem de Sam flores.

Riley estava contente por poder concentrar novamente a sua atenção no trabalho que tinham em mãos. Antes de deixarem Quantico, ela e Bill tinham conversado com Sam Flores, o chefe da equipa laboratorial. Pediram-lhe para começar de imediato a procurar ADN no copo e a envelhecer o velho esboço do homem que procuravam.

Riley pegou no seu tablet. Sam tinha-lhe enviado alguns novos esboços do suspeito.

“Ele enviou as novas imagens,” Disse Riley.

“Como estão?”

“Não estão grande coisa, mas vão ter que servir,” Disse Riley.

Riley comparou os esboços que Sam e a sua equipa tinham conseguido com o velho esboço. O original não era muito realista. O artista tinha sido demasiado cuidadoso. Pela experiência de Riley, alguma imaginação e criatividade por vezes ajudava a captar a personalidade de um suspeito.

Ainda assim, Riley podia ver que Sam e o seu pessoal tinham feito um bom trabalho com base no que tinham. Tinham tentado cobrir uma ampla gama de possibilidades. Num dos esboços, o homem era parecido com aquele que estava representado no velho esboço, mas com mais linhas e rugas e cabelo grisalho. Noutro, tinha mais peso e uma papada descaía. Um terceiro mostrava-o com uma barba e bigode.

Riley sabia que não devia mostrar os três esboços a potenciais testemunhas ao mesmo tempo. Só ficariam confusas. Tinha que escolher apenas um.

Riley tinha um palpite de que o esboço que mais parecenças tivesse com o original, deveria ser o escolhido. Não sabia exatamente porquê. Algo na expressão do original sugeria alguém que não alteraria de forma deliberada a sua aparência ao longo dos anos. E também porque o homem parecia ter um corpo distintamente magro. Riley calculou que ele não devia ter ganho muito peso.

É claro que poderia estar completamente errada. Mas ela sabia que o melhor era confiar no seu instinto.

Nesse momento, entraram na pequena e adormecida cidade de Greybull. Riley calculou que tivesse uma população inferior a mil pessoas.

“Qual é a nossa primeira paragem?” Perguntou Bill.

“O cemitério,” Disse Riley.

Deu indicações a Bill e chegaram ao cemitério dentro de poucos minutos. Riley espreitou um mapa do cemitério no tablet. Ela e Bill saíram do carro e começaram a caminhar entre os túmulos.

Rapidamente encontraram a campa que procuravam. Estava marcada com uma pedra modesta de tamanho médio com a inscrição…

TILDA ANN STEEN

Amada amiga e filha

1972 – 1992

As datas alarmaram Riley. É claro que ela sabia que Tilda tinha vinte anos quando fora morta, mas Riley não tinha parado para pensar que Tilda teria quarenta e cinco anos se fosse viva. Como seria a sua vida? Teria permanecido nesta pequena cidade e formado família, ou teria ido para longe em busca de uma vida diferente? Riley não fazia ideia. E a verdade era que ninguém jamais saberia.

Subitamente, Riley sentiu-se mais determinada do que nunca.

Tenho que resolver este caso.

Riley viu que dois conjuntos de flores decoravam a campa. Um era um pequeno vaso de narcisos amarelos, cor de laranja e brancos.

“Estes são bonitos,” Disse Bill, apontando para os narcisos. “Achas que são aquilo de que estamos à procura?”

Riley pensava que não. As flores não pareciam compradas em loja.

Inclinou-se e abriu uma pequena nota que estava atada à pega do vaso. A mensagem era curta, simples e sentida.

Querida Tilda,

Amor, ainda tenho saudades tuas. Vou ter sempre saudades tuas. Vou amar-te sempre.

Mãe

“São da mãe de Tilda,” Disse Riley a Bill. “Tenho a certeza que as flores são do jardim da Paula.” Ela podia imaginar Paula a cultivar cuidadosamente os bolbos que plantara numa área ensolarada.

“Paula vive aqui em Greybull?” Perguntou Bill.

“Não. Os pais de Tilda mudaram-se pouco depois do crime. Mas Paula ainda vive na Virginia, do outro lado de Richmond. O marido morreu o ano passado.”

Riley sentiu uma pontada de compreensão ao lembrar-se de Paula a dizer-lhe ao telefone…

“O que seria de nós se eu esquecesse o Justin ou você a sua mãe? Nunca vou querer endurecer a tal ponto.”

Paula sempre parecera a Riley uma pessoa corajosa. Mas ela sabia que Paula também era intensamente privada.

Como se deve sentir sozinha! Pensou Riley.

As outras flores eram um bouquet mais formal de gladíolos e cravos – um arranjo que podia ser proveniente de uma florista. Estavam colocados num cone de plástico que tinha sido espetado no chão.

Obviamente a pensar em impressões digitais, Bill calçou luvas de plástico e pegou no cone de flores, esvaziando a água. Colocou o arranjo num saco de plástico que trouxera para este propósito.

Quando uma voz ecoou. “O que é que estão aqui a fazer?”

Riley e Bill voltaram-se e viram um homem com aspeto ansioso vestido com um uniforme de segurança que caminhava na sua direção. Parecia ter cinquenta e muitos anos.

Riley e Bill mostraram os seus distintivos e apresentaram-se. OS olhos do guarda dilataram-se com interesse.

“Isto tem alguma coisa a ver com o que aconteceu a Tilda?” Perguntou o guarda. “Isso já foi há muito tempo.”

“Estamos a reabrir o caso,” Disse Bill.

“Viu quem trouxe estas flores?” Perguntou Riley

O guarda abanou a cabeça.

“Foram aqui colocadas a noite passada. Não sei por quem. As outras são de Paula Steen – conheço-a há muito tempo. Ela vem todos os anos e conversamos um pouco. Quando as flores dela murcham, retiro-as.”

Apontando para o bouquet que Bill tinha nas mãos, Riley perguntou, “Mais alguém traz flores todos os anos?”

“Sim,” Disse o guarda. “Sempre à noite. Vi-o algumas vezes.”

Riley mostrou ao guarda o esboço.

“É parecido?” Perguntou Riley.

O guarda encolheu os ombros.

“Não sei dizer. Nunca o vejo bem à noite e ele usa sempre um chapéu de abas largas que esconde o rosto. Mas é bastante alto. E magro.”

Riley captou mentalmente aqueles detalhes. Encaixavam no seu palpite de que o assassino ainda seria magro.

“O que é que ele conduzia?” Perguntou Bill.

O guarda pensou durante alguns instantes. “Um sedan normal. De cor clara, penso eu. Mas não tenho a certeza.”

“Consegue lembrar-se de mais alguma coisa a respeito dele?” Perguntou Riley.

O guarda negou, abanando lentamente a cabeça.

Bill perguntou, “Faz ideia do local onde ele pode ter comprado este arranjo?”

“Provavelmente na Corley’s Flowers,” Disse o guarda. “É a única florista da cidade.” Apontou para lá do cemitério e acrescentou, “É acolá, apenas a um quarteirão de distância de Bowers Street. Não há que falhar.”

Riley e Bill agradeceram ao guarda e saíram do cemitério. Não valia a pena em percorrerem de carro uma distância tão curta por isso foram a pé. Riley observou a cidade que parecia estranhamente pacífica. Ela e Bill passaram por transeuntes que os cumprimentaram e sorriram.

É claro que as pessoas não faziam ideia de quem eram Bill e Riley, ou sequer porque é que ali se encontravam.

Alguns nem deviam ainda ter nascido quando Tilda Steen morrera.

Fê-la sentir-se estranha, saber que ela e o seu parceiro estavam ali para agitar fantasmas que as pessoas da cidade com toda a certeza preferiam esquecer.

Ela e Bill chegaram à florista situada num antigo edifício de tijolo com um letreiro ligeiramente apagado que parecia desgastado pela idade. Riley conseguiu perceber de imediato que a Corley’s Flowers estava ali há muito tempo – provavelmente décadas antes do crime.

Riley e Bill entraram. O interior tinha um aspeto antiquado com balcões e paredes de madeira. Havia imensas flores e posters a anunciar vários tipos de arranjos. Também havia um par de fotografias emolduradas da loja de há muitos anos – uma do exterior e outra tirada naquele mesmo compartimento.

Riley percebeu que o dono se dera a muito trabalho para manter o aspeto antigo da loja. Pouco tinha mudado, exceto os arranjos nos balcões que agora eram todos artificiais. As flores reais estavam armazenadas numa arca que ocupava grande parte de uma parede.

Uma mulher sorridente aproximou-se de Bill e Riley. Disse-lhes que se chamava Loretta e perguntou se os podia ajudar.

Bill e Riley mostraram os seus distintivos e apresentaram-se.

Riley disse, “Estamos a investigar três homicídios que ocorreram nesta região há vinte e cinco anos.”

Loretta parecia intrigada.

“Lamento mas isso foi antes do meu tempo,” Disse ela.

Uma mulher idosa de aspeto bondoso saiu de um compartimento interior.

 

“Isto tem alguma coisa a ver com o que aconteceu a Tilda Steen?” Perguntou.

Quando Riley disse que sim, a mulher apresentou-se

“Sou Gloria Corley e esta loja está na minha família há muitos anos. Lembro-me desse horrível crime como se fosse ontem. Pobre Tilda, era tão querida por todos. E porque não seria numa cidade destas? E houve mais duas vítimas, não é verdade? Uma em Brinkley e outra em Denison. Terrível.”

Um olhar preocupado atravessou o rosto de Gloria.

“Mas ocorreu outro crime? Depois de todo este tempo, nem dá para imaginar.”

“Não,” Disse Riley. “Estamos a reabrir o caso antigo.”

Gloria pareceu algo intrigada. Riley percebeu porquê. Após vinte e cinco anos, reabrir o caso devia parecer estranho. E a verdade era que Riley sabia que era bastante estranho. Nada no caso se alterara. Não tinham surgido novas provas.

Então como é que Riley podia explicar o porquê da reabertura do caso – a esta mulher ou a qualquer outra pessoa?

Porque tive um pesadelo?

Isso soaria absurdo.

Riley considerou estranho não se lembrar de uma razão racional. Isso fê-la sentir-se mais grata por Meredith lhe ter permitido avançar.

Bill pegou no arranjo de flores do saco e mostrou-o a ambas as mulheres.

“Gostaríamos de saber se este bouquet veio da vossa loja,” Disse ele.

Gloria colocou os óculos que tinha pendurados no pescoço e observou as flores de perto.

“É um arranjo bastante normal,” Disse ela. “Não tinha um autocolante ou um cartão?”

“Não,” Respondeu Bill.

“Onde o encontraram?” Perguntou Gloria.

“Na campa de Tilda,” Disse Riley.

Os olhos da mulher abriram-se muito. Riley viu que ela percebeu que quem deixara as flores na campa podia ser o assassino.

Também Loretta examinou as flores.

“Apenas vendemos um parecido há uma ou duas semanas,” Disse ela.

Riley pegou no novo esboço que tinha no tablet e mostrou-o a Loretta.

“O comprador podia ter este aspeto,” Disse ela.

Loretta encolheu os ombros.

“Lamento mas não sou muito observadora,” Disse ela. “E não pensei que fosse importante para estar atenta – não naquele momento.”

Ela tentou recordar-se.

“Lembro-me de ele usar um sobretudo bonito,” Disse ela. “E um chapéu. Um borsalino, talvez.”

Riley entusiasmou-se ao lembrar-se – o guarda do cemitério tinha falado num homem com um chapéu de abas largas.

“Algo mais lhe chamou a atenção?” Perguntou Bill.

“Penso que era alto. Sim, lembro-me de olhar para cima.”

Riley e Bill olharam um para o outro.

“Como é que ele pagou as flores?” Perguntou Bill.

“Penso que com um cartão de crédito,” Disse Loretta. “Vou confirmar.”

Riley e Bill seguiram Loretta até ao balcão da frente. Ela percorreu os registos de computador.

Acenou quando encontrou aquilo que procurava.

“Sim, penso que é ele,” Disse ela. “Ele esteve cá anteontem. Chama-se Lemuel Cort.”

“Tem uma morada?” Perguntou Bill.

“Lamento mas não.”

Riley e Bill agradeceram a ambas as mulheres e saíram da loja.

“Temos um nome!” Disse Riley.

“E Lemuel Cort é um nome bem distinto,” Acrescentou Bill. “Se for o seu nome verdadeiro, não deverá ser muito difícil localizá-lo.”

Riley concordou. Pegou no telemóvel e ligou a Sam Flores na UAC.

“Sam, podemos ter um suspeito,” Disse-lhe. “Chama-se Lemuel Cort e contamos que viva na região onde os crimes ocorreram.”

“Vou verificar,” Disse Sam.

Riley conseguia ouvir os dedos de Sam a dançarem no teclado.

“E vive mesmo,” Disse Sam. “Vive em Glidden.”

Riley lembrava-se de ver sinais na estrada a indicar Glidden. Tinha a certeza de que era próximo.

“Consegues verificar se tem registo criminal?” Perguntou Riley.

“Feito,” Disse Flores. “Sim, cumpriu pena por violência doméstica. Isso foi há dez anos.”

Riley sentiu uma ponta de excitação.

“Obrigada Sam,” Disse ela. “Envia-me o que tiveres sobre ele, OK?”

“Claro.”

Riley terminou a chamada quando ela e Bill entravam no carro.

Bill disse, “Parece que temos um suspeito.”

“Pode ser,” Disse Riley. “Vamos.”

Bill ligou a ignição e Riley começou a dar-lhe indicações para Glidden.

Riley sentia-se ansiosa. Talvez estivessem mesmo a avançar neste caso antigo.

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