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Из серии: Um Mistério de Riley Paige #11
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CAPÍTULO TRÊS

Depois do treino, Riley ainda estava preocupada com Bill. É verdade que tinha recuperado rapidamente da inação. E até parecia ter-se divertido quando iniciaram o tiro de aproximação.

Ele até parecia contente quando deixara Quantico para regressar ao seu apartamento. Ainda assim, aquele não era o velho Bill que fora seu parceiro durante tantos anos – e que se tornara no seu melhor amigo.

Ela sabia o que o preocupava mais.

Bill receava não conseguir regressar ao trabalho.

Ela queria poder consolá-lo com palavras simples – qualquer coisa como…

“Estás só a passar por uma fase menos boa. Acontece a todos. Vais ultrapassar isso mais rapidamente do que pensas.

Mas consolos loquazes não eram aquilo de que Bill precisava naquele momento. E a verdade era que Riley nem sabia se aquilo era verdade.

Ela própria sofrera de SPT e sabia quão difícil era a recuperação. Teria apenas que ajudar Bill naquele terrível processo.

Apesar de Riley ter voltado para o seu gabinete, não tinha muito mais a fazer na UAC naquele dia. Não tinha nenhum caso com que se ocupar e aqueles dias mais calmos eram bem-vindos depois da intensidade do último caso no Iowa. Terminou o que tinha a terminar e foi-se embora.

Ao dirigir-se para casa, sentia-se satisfeita ao pensar em jantar com a família. Estava especialmente agradada com o facto de ter convidado Blaine Hildreth e a a filha para jantarem com eles naquela noite.

Riley estava feliz por Blaine fazer parte da sua vida. Ele era um homem bonito e encantador. E tal como ela, tinha-se divorciado há relativamente pouco tempo.

Também constatara que era incrivelmente corajoso.

Fora Blaine quem atingira e ferira Shane Hatcher quando ele ameaçara a família de Riley.

Riley ficar-lhe-ia eternamente grata por isso.

Até àquele momento, passara uma noite com Blaine em sua casa. Tinham sido bastante discretos quanto a isso – a sua filha, Crystal, estava fora a visitar os primos nas férias. Riley sorriu ao lembrar-se daquela noite.

Iria esta noite terminar da mesma forma?

*

A empregada de Riley, Gabriela, tinha cozinhado uma deliciosa refeição de chiles rellenos a partir de uma receita de família que trouxera da Guatemala. Toda a gente estava a adorar os pimentos recheados.

Riley sentia-se satisfeita com o maravilhoso jantar e magnífica companhia.

“Não está demasiado picante?” Perguntou Gabriela.

Não estava demasiado condimentado e picante para as papilas gustativas Americanas e Riley tinha a certeza de que Gabriela o sabia. Gabriela sempre tinha cuidado ao preparar aquelas receitas originais. Era óbvio que procurava elogios, e não demoraram muito a surgir.

“Não, está perfeito,” Disse April, a filha de quinze anos de Riley.

“O melhor de sempre,” Disse Jilly, a menina de treze anos que Riley estava a tentar adotar.

“Simplesmente maravilhoso,” Disse Crystal, a melhor amiga de April.

O pai de Crystal, Blaine Hildreth, não disse nada de imediato. Mas Riley percebeu pela sua expressão que estava encantando com o prato. Ela também sabia que a opinião de Blaine era em parte profissional. Blaine era dono de um restaurante ali em Fredericksburg.

“Como é que o faz Gabriela?” Perguntou Blaine depois de algumas dentadas.

“Es un secreto,” Disse Gabriela com um sorriso malicioso.

“Com que então um segredo?” Disse Blaine. “Que tipo de queijo utiliza? Não consigo perceber. Sei que não é Monterey Jack ou Chihuahua. Talvez Manchego?”

Gabriela abanou a cabeça.

“Nunca o direi,” Disse ela com uma risada.

Enquanto Blaine e Gabriela continuaram a discutir sobre a receita, parte em Inglês e parte em Espanhol, Riley deu por si a pensar se ela e Blaine poderiam…

Corou ao ocorrer-lhe a ideia.

Não, não vai acontecer esta noite.

Não poderia haver escapatória graciosa ou discreta com toda a gente ali.

Não que as coisas não estivessem bem como estavam.

Estar rodeada de gente que amava era um enorme prazer. Mas ao observar a sua família e amigos a divertirem-se, uma nova preocupação começou a surgir na mente de Riley.

Havia uma pessoa que mal tinha dito uma palavra à mesa. Era Liam, o mais recente hóspede na casa de Riley. Liam tinha a idade de April e os dois adolescentes tinham namorado a dada altura. Riley tinha salvo o miúdo de um pai agressivo e bêbedo. Ele precisava de um lugar para viver e naquele momento dormia num sofá-cama em casa de Riley.

Geralmente, Liam era falador e sociável. Mas algo parecia estar a incomodá-lo naquela noite.

Riley perguntou, “Passa-se alguma coisa, Liam?”

O rapaz parecia nem sequer a ouvir.

Riley falou um pouco mais alto.

“Liam.”

Liam levantou os olhos da refeição em que mal tinha tocado até ao momento.

“Huh?” Disse ele.

“Passa-se alguma coisa?”

“Não. Porquê?”

Riley não tinha dúvida de que algo estava errado. Liam nunca era parco em palavras como estava a ser.

“Ocorreu-me que se poderia passar algo,” Disse ela.

Tentou não se esquecer que teria que falar com Liam mais tarde.

*

Gabriela terminou a refeição com um delicioso pudim flan. Riley e Blaine tomaram bebidas enquanto os quatro miúdos se entretinham na sala. Por fim, Blaine e a filha foram embora.

Riley esperou até April e Jilly irem dormir. Depois foi sozinha até à sala familiar onde Liam estava sentado no sofá ainda fechado a olhar para o vazio.

“Liam, eu sei que se passa alguma coisa. Gostava que me dissesses o que é.”

“Não se passa nada,” Disse Liam.

Riley cruzou os braços e não disse nada. Ela sabia por experiência própria que às vezes o melhor era esperar.

Então Liam disse, “Não quero falar sobre o assunto.”

Riley ficou alarmada. Estava habituada a alterações de humor adolescente da April e da Jilly, pelo menos de vez em quando. Mas aquilo não era típico de Liam. Ele era sempre agradável e afetuoso. Também era um estudante dedicado e Riley apreciava a influência que ele exercia em April.

Riley continuou à espera em silêncio.

Por fim, Liam disse, “Recebi hoje uma chamada do meu pai.”

Riley sentiu um buraco no estômago.

Não conseguia evitar lembrar-se daquele dia terrível quando fora a casa de Liam para o salvar de ser espancado pelo pai.

Ela sabia que não devia estar surpreendida, mas não sabia o que dizer.

Liam disse, “Ele diz que está arrependido de tudo. Diz que tem saudades minhas.”

A preocupação de Riley aumentou. Ela não tinha qualquer custódia legal sobre Liam. Naquele momento, ela era uma espécie de mãe adotiva improvisada e não fazia ideia de qual seria o seu papel na sua vida futura.

“Ele quer que voltes para casa?” Perguntou Riley.

Liam anuiu.

Riley não conseguia colocar a pergunta mais óbvia…

“O que é que tu queres?”

O que é que ela faria – o que poderia ela fazer – se Liam dissesse que queria regressar a casa?

Riley sabia que Liam era um rapaz carinhoso e com capacidade de perdoar. Tal como muitas vítimas de abusos, também era propenso à negação.

Riley sentou-se a seu lado.

Perguntou, “Tens sido feliz aqui?”

Liam emitiu um som sufocado. Pela primeira vez, Riley apercebeu-se de que ele estava à beira de chorar.

“Oh, sim,” Disse ele. “Tem sido… Eu tenho estado… tão feliz.”

Riley sentiu um nó na garganta. Ela queria dizer-lhe que ele podia ficar o tempo que quisesse. Mas o que poderia ela fazer se o pai exigisse o seu regresso? Ela nada poderia fazer para o impedir.

Uma lágrima correu pelo rosto de Liam.

“É só que… desde que a mãe se foi embora… sou tudo o que o pai tem. Ou pelo menos era até me ir embora. Agora está completamente sozinho. Ele diz que parou de beber. Diz que não me vai magoar nunca mais.”

Riley quase disse…

“Não acredites nele. Nunca acredites nele quando disser isso.”

Mas em vez disso, Riley disse, “Liam, o teu pai está muito doente.”

“Eu sei,” Disse Liam.

“Depende dele obter a ajuda de que precisa. Mas até a obter… bem, será muito difícil ele mudar.”

Riley não disse mais nada durante alguns momentos.

Depois acrescentou, “Lembra-te sempre que a culpa não é tua. Sabes disso, não sabes?”

Liam engoliu um soluço e anuiu.

“Voltaste a vê-lo?” Perguntou Riley.

Liam abanou a cabeça em silêncio.

Riley deu-lhe uma palmadinha na mão.

“Só quero que me prometas uma coisa. Se fores vê-lo. Não vás sozinho. Quero estar lá contigo. Prometes?”

“Prometo,” Disse Liam.

Riley pegou numa caixa de lenços e deu um a Liam que limpou os olhos e assoou o nariz. Depois os dois ficaram sentados em silêncio durante algum tempo.

Por fim, Riley disse, “Precisas de mim para mais alguma coisa?”

“Não. Agora estou bem. Obrigado por… bem, você sabe.”

E sorriu-lhe muito ligeiramente.

“Por tudo,” Acrescentou ele.

“Não tens de quê,” Disse Riley, devolvendo-lhe o sorriso.

Ela saiu da sala familiar, caminhou até à sala de estar e sentou-se sozinha no sofá.

De repente, foi acometida por uma emoção tão grande que não conseguiu evitar chorar. Ficou alarmada por perceber como ficara abalada com a conversa que acabara de ter com Liam.

Mas quando pensou nisso, foi fácil perceber porquê.

 

Estou tão desnorteada, Pensou.

No final de contas, ainda estava a tratar da adoção de Jilly. Salvara a pobre rapariga de horrores inomináveis. Quando Riley a encontrou, Jilly estava a tentar vender o corpo por puro desespero.

Então em que é que Riley estava a pensar ao trazer outro adolescente para casa?

De repente desejou que Blaine ainda ali estivesse para conversarem.

O Blaine parecia sempre saber o que dizer.

Ela apreciara a calmaria entre casos durante algum tempo, mas aos poucos, as preocupações começavam a insinuar-se – preocupações relacionadas com a sua família e hoje com Bill.

Não pareciam umas férias.

Riley não conseguia evitar pensar…

Passa-se algo de errado comigo?

Seria ela simplesmente incapaz de gozar uma vida pacífica?

De qualquer das formas, podia ter a certeza de uma coisa.

Aquela trégua não duraria. Algures, algum monstro estava a cometer algum feito hediondo – e teria que ser ela a pará-lo.

CAPÍTULO QUATRO

Riley foi acordada na manhã seguinte pelo som do seu telemóvel a vibrar.

A trégua terminou, Pensou.

Olhou para o telemóvel e viu que tinha razão. Era um SMS do seu chefe de equipa na UAC, Brent Meredith. Deveria encontrar-se com ele e a mensagem estava escrita no seu típico estilo conciso…

UAC 8:00

Riley olhou para as horas e apercebeu-se que tinha que se despachar para chegar a tempo à reunião tão apressadamente marcada. Quantico ficava apenas a meia-hora de carro de casa, mas ela precisava de se apressar.

Riley demorou apenas alguns minutos a escovar os dentes, pentear o cabelo, vestir-se e descer as escadas.

Gabriela já fazia o pequeno-almoço na cozinha.

“O café está pronto?” Perguntou-lhe Riley.

“Sí,” Disse Gabriela e serviu-a.

Riley bebeu um gole de café sofregamente.

“Vai-se embora sem tomar o pequeno-almoço? Perguntou-lhe Gabriela.

“Temo que sim.”

Gabriela deu-lhe uma bagel.

“Então leve isto consigo. Tem que ter alguma coisa no estômago.”

Riley agradeceu a Gabriela, bebeu um pouco mais de café e correu para o carro.

Durante a curta viagem até Quantico, foi arrebatada por uma sensação peculiar.

Começou realmente a sentir-se melhor do que nos últimos dias, até ligeiramente eufórica.

Era em parte um aumento de adrenalina, é claro, já que a sua mente e corpo se preparavam para mergulhar num novo caso.

Mas era também algo perturbador – uma sensação de que as coisas estavam de alguma forma a voltar ao normal.

Riley suspirou perante essa tomada de consciência.

Interrogou-se – perseguir monstros era algo mais normal do que passar tempo com aqueles que amava?

Não pode ser… bem, normal, Pensou.

Pior, lembrava-lhe de algo que o pai, um Marine aposentado amargo e brutal, lhe tinha dito antes de morrer.

“És uma caçadora. Aquilo que é normal para as pessoas – para ti seria o fim.”

Riley queria muito que tal não fosse verdade.

Mas em momentos como aquele, não podia deixar de se preocupar – seriam os papéis de esposa, mãe e amiga impossíveis de alcançar?

Seria inútil sequer tentar?

Seria “a caça” a única coisa que ela realmente tinha na vida?

Não, não era a única coisa.

Claramente nem sequer era a coisa mais importante na sua vida.

Firmemente, colocou aquela pergunta desagradável de lado.

Quando chegou ao edifício da UAC, estacionou e apressou-se diretamente para o gabinete de Brent Meredith.

Viu que Jenn já lá se encontrava, parecendo mais desperta do que Riley. Ela sabia que Jenn, tal como Bill, tinha um apartamento da cidade de Quantico, por isso levara menos tempo a ali chegar. Mas Riley também atribuía alguma daquela frescura matinal de Jenn à sua juventude.

Riley já fora como Jenn quando era mais nova – pronta e ansiosa para entrar em ação a qualquer momento do dia ou da noite, e capaz de se privar de descanso por longos períodos quando o trabalho assim o exigia.

Estariam esses dias a desaparecer?

Não era um pensamento agradável e não ajudava a melhorar a disposição já sorumbática de Riley.

Sentado na sua secretária, Brent Meredith estava formidável como sempre, com os seus traços negros angulares e a sua permanente atitude de frontalidade.

Riley sentou-se e Meredith não perdeu tempo a ir direto ao assunto.

“Ocorreu um homicídio esta manhã. Sucedeu numa praia pública na Belle Terre Nature Preserve. Conhecem este lugar?”

Jenn disse, “Estive lá algumas vezes. É um local fantástico para caminhar.”

“Eu também já lá estive,” Disse Riley.

Riley lembrava-se da reserva natural muito bem. Ficava na Baía de Chesapeake, a apenas duas horas de distância de Quantico. Tinha uma zona densamente arborizada e uma ampla praia pública na baía. Era uma área popular para pessoas que gostavam de atividades ao ar livre.

Meredith tamborilou os dedos na secretária.

“A vítima era Todd Brier, um pastor Luterano em Sattler. Foi enterrado vivo na praia.”

Riley estremeceu.

Enterrado vivo!

Já tivera pesadelos com aquilo, mas nunca trabalhara num caso que envolvesse este tipo particular de crime.

Meredith continuou, “Brier foi encontrado às sete desta manhã e parece que estava morto há apenas uma hora.”

Jenn perguntou, “O que faz disto um caso para nós?”

Meredith disse, “Brier não é a primeira vítima. Ontem foi encontrado outro corpo não muito longe – uma jovem chamada Courtney Wallace.”

Riley conteve um suspiro.

“Não me diga nada,” Disse ela. “Também foi enterrada viva.”

“Sim,” Disse Meredith. “Foi morta num dos trilhos de caminhada na mesma reserva natural, aparentemente também de manhã. Foi descoberta mais tarde nesse mesmo dia quando uma pessoa que caminhava encontrou a terra remexida e ligou para os serviços do parque.”

Meredith reclinou-se na sua cadeira e girou-a para trás e para a frente.

Disse, “Até agora, a polícia local não tem quaisquer suspeitos ou testemunhas. Para além dos locais e do MO, não têm muito mais. Ambas as vítimas eram jovens e saudáveis. Ainda não houve tempo para estabelecer qualquer relação entre eles, a não ser que ambos ali estavam de manhã cedo.”

Riley tentou compreender o que acabara de ouvir. Até ao momento, era muito pouco o que tinha para chegar a conclusões.

Perguntou, “A polícia local delimitou a área?”

Meredith anuiu.

“Delimitaram a área arborizada junto ao trilho e metade da praia. Disse-lhes para não mexerem no corpo até ao meu pessoal lá chegar.”

“E o corpo da mulher?” Perguntou Jenn.

“Está na morgue em Sattler, a cidade mais próxima. O Médico-legista do Tidewater District está na praia neste momento. Quero que vocês as duas vão para lá o mais rapidamente possível. Levem um carro do FBI, qualquer coisa que vos dê visibilidade. Tenho a esperança de que se o FBI estiver visível na cena, pode dissuadir o assassino. Acredito que ainda não tenha terminado a sua missão.”

Meredith olhou para Riley e Jenn.

“Alguma pergunta?” Questionou.

Riley tinha uma pergunta, mas não sabia se a devia colocar.

Por fim disse, “Senhor, gostava de fazer um pedido.”

“Então?” Disse Meredith, recostando-se novamente na sua cadeira.

“Queria que o Agente Especial Jeffreys fosse designado para este caso.”

Os olhos de Meredith estreitaram-se.

“O Jeffreys está de licença,” Disse ele. “Tenho a certeza de que você e a Agente Roston conseguem lidar com este caso.”

“Eu sei que conseguimos,” Disse Riley. “Mas… “

Ela hesitou.

“Mas o quê?” Perguntou Meredith.

Riley engoliu em seco. Ela sabia que Meredith não gostava quando lhe pediam favores pessoais.

Ela disse, “Penso que ele precisa de voltar ao trabalho. Penso que lhe faria bem.”

Meredith olhou com desconfiança e não disse nada durante alguns instantes.

Depois disse, “Não o vou convocar oficialmente para o caso. Mas se quer que ele trabalhe consigo numa base informal, não tenho qualquer objeção.”

Riley agradeceu-lhe, tentando não ser demasiado efusiva com receio que mudasse de ideias. Então ela e Jenn requisitaram um SUV oficial do FBI.

Quando Jenn começou a conduzir para sul, Riley pegou no telemóvel e enviou uma mensagem a Bill.

Estou a trabalhar num novo caso com a Roston. O chefe diz que te podes juntar a nós. Eu quero que estejas connosco.

Riley esperou alguns instantes. O seu coração bateu descompassadamente quando viu que a mensagem tinha sido lida.

Então escreveu…

Podemos contar contigo?

Mais uma vez, a mensagem havia sido lida, mas não surgiu uma resposta.

Riley ficou desanimada.

Talvez não seja uma boa ideia, Pensou. Talvez ainda seja demasiado cedo.

Gostava que Bill respondesse, mesmo que para lhe dar uma resposta negativa.

CAPÍTULO CINCO

Jenn conduzia o SUV para sul rumo ao seu destino e Riley continuava a olhar para as mensagens que enviara.

Os minutos passavam e Bill teimava em não responder.

Por fim, Riley decidiu ligar-lhe.

Para sua frustração, a chamada foi para o voice mail.

Ao som do beep, Riley limitou-se a dizer, “Bill, liga-me. Agora.”

Quando Riley pousou o telemóvel no colo, Jenn olhou para ela.

“Passa-se alguma coisa?” Perguntou Jenn.

“Não sei,” Disse Riley. “Espero que não.”

Durante a viagem, a sua preocupação foi crescendo. Ela lembrava-se de uma mensagem que recebera de Bill quando estava a trabalhar no último caso no Iowa…

Só para saberes. Estou aqui sentado com uma arma apontada à boca.

Riley estremeceu perante a memória do telefonema desesperado que se seguiu quando conseguiu convencê-lo a não se suicidar.

Estaria a acontecer novamente?

Se fosse esse o caso, o que poderia fazer Riley para ajudar?

Um súbito ruído estridente sobrepôs-se a estes pensamentos. Demorou alguns segundos a perceber que Jenn ligara a sirene devido a um troço de trânsito lento com que se haviam deparado.

Para Riley, a sirene era uma forma de se lembrar…

Tenho que limpar a minha cabeça.

*

Eram dez e meia quando Riley e Jenn chegaram à Belle Terre Nature Preserve. Seguiram uma estrada para a praia até encontrarem alguns carros de polícia estacionados e a carrinha do médico-legista. Atrás dos veículos encontrava-se a barreira policial delimitada por fitas para manter o público afastado da praia.

Quando Riley e Jenn saíram da carrinha, não vislumbraram a praia de imediato. Mas Riley viu gaivotas a sobrevoarem a zona, sentiu a brisa no rosto e o odor do sal no ar, e ouviu o som do surf.

Riley estava desapontada, mas não surpreendida com o facto de um pequeno grupo de jornalistas já se começar a juntar na área de estacionamento atrás da cena do crime. Rodearam Riley e Jenn, fazendo perguntas.

“Ocorreram dois homicídios em dois dias. É obra de um assassino em série?”

“Anunciaram o nome da vítima de ontem. Já identificaram esta nova vítima?”

“Já entraram em contacto com a família da vítima?”

“É verdade que ambas as vítimas foram enterradas vivas?”

Riley ficou irritada com aquela última pergunta. É claro que não estava surpreendida que se tivesse sabido como as vítimas tinham morrido. Os jornalistas podiam ter sabido através da polícia local. Mas não tinha dúvidas de que a comunicação social iria empolar ao máximo aqueles homicídios.

Riley e Jenn passaram pelos jornalistas sem emitir qualquer comentário. Depois foram cumprimentadas por dois polícias locais que as conduziram para lá da fita delimitadora até à praia. Riley sentiu a areia a entrar nos sapatos enquanto caminhava.

Dali a nada, a cena do crime tornou-se visível.

Vários homens rodeavam um buraco escavado na areia onde o corpo ainda permanecia. Dois deles dirigiram-se a Riley e a Jenn quando elas se aproximaram. Um dos homens era robusto, ruivo e vestia uniforme. O outro, era um homem esguio com cabelo negro encaracolado e vestia uma camisa branca.

 

“Ainda bem que chegaram tão cedo,” Disse o homem ruivo quando Riley e Jenn se apresentaram. “Eu chamo-me Parker Belt e sou o chefe da polícia de Sattler. Este é Zane Terzis, o médico-legista do Tidewater District.”

O chefe Belt conduziu Riley e Jenn até ao buraco e elas observaram o corpo meio coberto.

Riley estava mais do que habituada a ver cadáveres em vários estados de mutilação e decomposição. Ainda assim, este impactou-a co um tipo de horror diferente.

Tratava-se de um homem louro com cerca de trinta anos, usava um fato de corrida adequado para uma corrida de verão matinal fresca pela praia. Os seus braços estavam numa posição de estátua em rigor mortis devido às tentativas desesperadas de se desenterrar. Os seus olhos estavam fechados e a boca aberta estava coberta de areia.

O chefe Belt estava ao lado de Riley e Jenn.

Belt disse, “Tinha uma carteira com a sua identificação – não que precisássemos. Reconheci-o mal o Terzis e a sua equipa lhe descobriram o rosto. Chamava-se Todd Brier e era pastor Luterano em Sattler. Eu não frequentava a sua igreja – sou Metodista. Mas conhecia-o. Éramos bons amigos. De vez em quando íamos pescar juntos.”

A voz de Belt estava embargada pela dor e pelo choque.

“Como é que o corpo foi encontrado?” Perguntou Riley.

“Um homem a passear um cão passou por aqui,” Disse Belt. “O cão parou aqui, cheirando e ladrando, depois começou a escavar e de imediato apareceu uma mão.”

“A pessoa que encontrou o corpo ainda está por aqui?” Perguntou Riley.

Belt abanou a cabeça.

“Mandámo-lo para casa. Estava muito abalado. Mas dissemos-lhe que deveria estar disponível para perguntas. Posso dar-lhe o contacto.”

Riley olhou do corpo para a água que se encontrava a cerca de quinze metros de distância. As águas da Baía de Chesapeake eram de um azul profundo que formavam pequenas ondas de espuma branca que vinham morrer na areia molhada da praia. Riley apercebeu-se que a maré estava a vazar.

Riley perguntou, “Este foi o segundo homicídio?”

“Foi,” Respondeu Belt sombriamente.

“Alguma coisa semelhante aconteceu por aqui antes destas duas ocorrências?”

“Aqui em Belle Terre?” Perguntou Belt. “Não, nada do género. Isto é uma reserva pacífica de pássaros e vida selvagem. Os locais usufruem da praia, sobretudo famílias. De tempos a tempos temos que prender algum potencial caçador furtivo e pouco mais. De vez em quando também temos que afastar algumas pessoas. Mas nunca passa disto.”

Riley rodeou o buraco para observar o cadáver de um ângulo diferente. Ela viu uma mancha de sangue atrás da cabeça da vítima.

“O que lhe parece esta ferida?” Perguntou a Terzis.

“Parece que foi atingido por algum objeto pesado,” Disse o médico-legista. “Vou observá-lo melhor quando levarmos o corpo para a morgue. Mas pelo aspeto, diria que foi suficiente para o atordoar, o suficiente para não resistir enquanto o assassino o enterrava. Duvido que tenha estado completamente inconsciente. É bastante óbvio que resistiu até ao limite.”

Riley estremeceu.

Sim, isso era óbvio.

Disse a Jenn, “Tira algumas fotos e envia-as para mim.”

Jenn pegou de imediato no telemóvel e começou a tirar fotos ao buraco e ao corpo. Entretanto, Riley caminhou lentamente à volta do buraco, observando a praia em todas as direções. O assassino não deixara muitas pistas. A areia em torno do buraco fora obviamente remexida pelo assassino quando escavara, e havia um ligeiro trilho de pegadas por onde a vítima se tinha aproximado.

Ligeiras eram também quaisquer pegadas deixadas pelo assassino. A terra seca não permitia discernir a forma de um sapato. Mas Riley conseguia ver onde é que a erva por onde viera fora pisada por alguém que não fazia parte da equipa de investigação.

Apontou e disse a Belt, “Os seus homens esquadrinharam aquela erva cuidadosamente para ver se encontravam fibras?”

O chefe anuiu.

E então uma sensação começou a insinuar-se em Riley – uma sensação familiar que ela às vezes tinha em cenas de crime.

Não a sentira com frequência nos seus casos mais recentes, mas era uma sensação bem-vinda porque a ajudaria.

Era um sentido estranho do próprio assassino.

Se ela permitisse que aquela sensação se apoderasse dela, era provável obter algumas luzes quanto ao que ali tinha sucedido.

Riley afastou-se alguns passos do grupo reunido na cena. Olhou para Jenn e viu que a sua parceira a observava. Riley sabia que Jenn conhecia a sua reputação de entrar nas mentes dos assassinos. Riley assentiu e viu Jenn entrar em ação, fazendo perguntas, distraindo os outros na cena e dando a Riley alguns instantes para se concentrar nas suas habilidades.

Riley fechou os olhos e tentou imaginar a cena no momento do crime.

Imagens e sons sobrevieram-lhe com extrema facilidade.

Estava escuro lá fora e a praia era um aglomerado de sombras, mas havia traços de luz no céu que se refletiam na água, no ponto em que o sol mais tarde nasceria, e não era demasiado escuro para ver.

A maré estava alta e a água não estaria longe porque o som era forte.

Tão forte que ele mal se conseguia ouvir a escavar, Percebeu Riley.

Naquele momento, Riley não teve qualquer dificuldade em entrar numa mente estranha…

Sim, ele estava a escavar e ela conseguia sentir os seus músculos retesarem-se ao atirar areia para longe, sentir a mistura do suor e da brisa marítima no seu rosto.

Escavar não fora fácil. Na verdade, fora algo frustrante.

Não era fácil escavar um buraco em areia de praia como aquela.

A areia parecia preencher o espaço onde ele tinha escavado.

Ele pensava…

Não será muito fundo. Mas não tem que ser fundo.

Todo aquele tempo não parava de olhar para a praia, à procura da sua presa. E pouco depois apareceu a correr.

E no momento ideal também – o buraco já estava suficientemente fundo.

O assassino atirou a pá para a areia, ergueu as mãos e acenou.

“Venha cá!” Gritou ao homem que corria.

Não que importasse o que tinha gritado – com o som das ondas, o homem não conseguiria perceber as palavras exatas, apenas um grito abafado.

O homem parou de correr e olhou na sua direção.

Então encaminhou-se para o assassino.

O homem sorria ao aproximar-se e o assassino retribuía-lhe o sorriso.

Dali a nada estavam perto um do outro.

“O que é que se passa?” Perguntou o homem.

“Venha até aqui e eu mostro-lhe,” Disse o assassino.

O homem caminhou para o local onde se encontrava o assassino.

“Olhe ali para baixo,” Disse o assassino. “Olhe com muita atenção.”

O homem debruçou-se e com um movimento rápido e hábil, o assassino pegou na pá e atingiu-o na cabeça, empurrando-o para o buraco…

Riley despertou da sua divagação com o som da voz do chefe Belt.

“Agente Paige?”

Riley abriu os olhos e viu que Belt olhava para ela com uma expressão curiosa. Jenn não o conseguira distrair por muito tempo.

Ele disse, “Pareceu ter-nos deixado durante alguns instantes.”

Riley ouviu Jenn a dar uma risada.

“Às vezes ela faz isso,” Disse Jenn ao chefe. “Não se preocupe, é muito séria a trabalhar.”

Riley rapidamente reviu as impressões que acabara de receber – tudo muito hipotético, é claro, e não uma sensação concreta do que tinha realmente acontecido.

Mas teve a certeza de um pormenor – que o homem que corria se tinha aproximado a convite do assassino – e tinha-se abeirado dele sem medo.

Isto dava-lhe uma perspetiva crucial.

Riley disse ao chefe da polícia, “O assassino é encantador, simpático. As pessoas confiam nele.”

Os olhos do chefe arregalaram-se.

“Como sabe isso?” Perguntou.

Riley ouviu um riso vindo de alguém que se aproximava atrás de si.

“Acredite em mim, ela sabe o que está a fazer.”

Riley virou-se ao som da voz.

E ficou muito mais animada com aquilo que viu.

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