Arena Dois

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Из серии: Trilogia Da Sobrevivência #2
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Sobre Morgan Rice

Morgan Rice é a autora do best-seller #1 DIÁRIOS DE VAMPIROS, uma série destinada a jovens adultos composta por onze livros (mais em progresso); da série de Best-seller #1 – TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA, um thriller pós-apocalíptico que compreende dois livros (outro será adicionado); a série número um de vendas, O ANEL DO FEITICEIRO, composta por treze livros de fantasia épica (outros serão acrescentados).

Os livros de Morgan estão disponíveis em áudio e página impressa e suas traduções estão disponíveis em: alemão, francês, italiano, espanhol, português, japonês, chinês, sueco, holandês, turco, húngaro, checo e eslovaco (em breve estarão disponíveis em mais idiomas).

Morgan apreciará muitíssimo seus comentários, por favor, fique à vontade para visitar www.morganricebooks.com faça parte de nosso newsletter, receba um livro gratuito, ganhe brindes, baixe nosso aplicativo gratuito, obtenha as novidades exclusivas em primeira mão, conecte-se ao Facebook e Twitter, permaneça em contato!

Elogios selecionados para Morgan Rice

"Eu vou admitir, antes de ARENA UM, eu nunca havia lido alguma coisa pós-apocalíptica antes. Eu nunca imaginei que seria algo que fosse me agradar… Porém, fiquei positivamente surpresa de como este livro é viciante. ARENA UM é um desses livros que você lê noite adentro até seus olhos ficarem cansados porque você não quer parar… Não é nenhum segredo que eu adoro heroínas fortes nos livros que leio… Brooke é valente, destemida, implacável e, apesar de haver romance no livro, Brooke não se deixa levar por isso… Eu recomendo muito ARENA UM.”

--Dallas Examiner

“Rice faz um ótimo trabalho de trazer o leitor para dentro da história desde o início, usando uma incrível qualidade descritiva que transcende a mera pintura do cenário… Bem escrito e extremamente rápido de ler.”

--Black Lagoon Reviews (sobre Transformada)

“Um história ideal para jovens leitores. Morgan Rice fez um ótimo trabalho tramando uma inesperada reviravolta… Inovador e único. A série acontece em torno de uma garota… uma incrível garota!… Fácil de ler mas de ritmo extremamente acelerado. Apropriado para maiores de 12 anos.”

--The Romance Reviews (sobre Transformada)

“Prendeu minha atenção desde o início e não deixou mais escapar… Esta história é uma aventura incrível, de ritmo intenso e cheia de ação desde o início. Não há um momento entediante sequer.”

–-Paranormal Romance Guild  (sobre Transformada)

“Cheio de ação, romance, aventura e suspense. Ponha as suas mãos nesse e se apaixone mais uma vez.”

--vampirebooksite.com (sobre Transformada)

“Uma trama incrível e é especialmente o tipo de livro difícil de parar de ler à noite. O suspense do final é tão espetacular que imediatamente você vai querer comprar o livro seguinte, só para ver o que acontece.”

--The Dallas Examiner {sobre Loved}

“TRANSFORMADA é um livro que pode competir com CREPÚSCULO e DIÁRIOS DO VAMPIRO, e fará com que você queira continuar lendo até a última página! Se você gosta de aventura, amor e vampiros, este é o livro para você!”

--Vampirebooksite.com (sobre Transformada)

“Morgan Rice prova mais uma vez que é uma talentosa contadora de histórias… Agradará uma grande variedade de público, incluindo jovens fãs do gênero vampiro/fantasia. Termina em um surpreendente suspense que o deixará impressionado.”

--The Romance Reviews (sobre  Amada)

“O ANEL DO FEITICEIRO reúne todos os ingredientes para um sucesso instantâneo: tramas, intrigas, mistério, bravos cavaleiros e florescentes relacionamentos repletos de corações partidos, decepções e traições. O livro manterá o leitor entretido por horas e agradará a pessoas de todas as idades. Recomendado para fazer parte da biblioteca permanente de todos os leitores do gênero de fantasia.”

--Books and Movie Reviews, Roberto Mattos
Livros de Morgan Rice

O ANEL DO FEITICEIRO

EM BUSCA DE HERÓIS (Livro #1)

UMA MARCHA DE REIS (Livro #2)

UM DESTINO DE DRAGÕES (Livro #3)

UM GRITO DE HONRA (Livro #4)

UM VOTO DE GLÓRIA (Livro #5)

UMA CARGA DE VALOR (Livro #6)

UM RITO DE ESPADAS (Livro #7)

UM ESCUDO DE ARMAS (Livro #8)

UM CÉU DE FEITIÇOS (Livro #9)

UM MAR DE ESCUDOS (Livro #10)

UM REINADO DE AÇO (Livro #11)

UMA TERRA DE FOGO (Livro #12)

UM GOVERNO DE RAINHAS (Livro #13)

TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA

ARENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro #1)

ARENA DOIS (Livro #2)

DIÁRIOS DE UM VAMPIRO

TRANSFORMADA (Livro #1)

AMADA (Livro #2)

TRAÍDA (Livro #3)

DESTINADA (Livro #4)

DESEJADA (Livro #5)

PROMETIDA EM CASAMENTO (Livro #6)

JURADA (Livro #7)

ENCONTRADA (Livro #8)

RESSUSCITADA (Livro #9)

SUPLICADA (Livro #10)

DESTINADA (Livro #11)

Ouça a TRILOGIA DA SOBREVIVÊNCIA no formato de audio book!
Disponível em:
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Direitos reservados© 2012 por Morgan Rice

Todos os direitos reservados. Exceto como permitido pela lei de Direitos Autorais dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida por nenhuma forma ou meio, ou armazenada em banco de dados ou em sistemas de recuperação, sem a permissão prévia do autor.

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Este é um trabalho fictício. Nomes, personagens, empresas, organizações, locais e incidentes são frutos da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência. A ilustração da capa é um direito reservado da f9photos, utilizada sob licença da Shutterstock.com.

 
“Muito antes de morrer, morre o covarde;
Só uma vez o homem forte prova a morte.
Das coisas raras de que tenho ciência,
Sempre me pareceu a mais estranha terem os homens medo,
Embora saibam que a morte, um fim a todos necessário,
“Vem quando vem.”
 
--Shakespeare, Júlio César


U M

Há alguns dias na vida que simplesmente parecem perfeitos. Alguns dias em que uma certa tranquilidade toma conta do mundo, quando uma calmaria o envolve de tal maneira que você sente que poderia simplesmente desaparecer, que você tem uma sensação de paz imune a qualquer preocupação. Imune ao medo. Ao amanhã. Posso contar momentos como esse nos dedos de uma mão.

E um desses momentos está acontecendo exatamente agora.

Estou com treze anos de idade e Bree, seis; e estamos diante de uma praia de área fina e fofa. Papai segura minha mão e mamãe segura a de Bree, nós quatro andamos pela areia quente, em direção ao oceano. Os pingos frios das ondas refrescam meu rosto, aliviando esse abafado dia de Agosto. As ondas se quebram ao nosso redor e papai e mamãe riem, despreocupados. Eu nunca os vi tão relaxados. Eu os vejo trocando olhares com tanto amor, quero guardar essa imagem em minha memória para sempre. É um dos poucos momentos que eu os vejo tão felizes juntos e não quero esquecê-lo. Bree grita, eufórica, empolgada com a quebra das ondas que batem seu peito e com a força da ressaca, que volta na altura de suas coxas. Mamãe a segura com firmeza e papai aperta mais minha mão, nos segurando contra a correnteza do oceano.

“UM! DOIS! TRÊS!” papai grita.

Meu pai me levanta no ar puxando minhas mãos e as mãos de Bree. Eu subo, mais alto que a onda e grito quando ela passa e se quebra atrás de mim. Fico impressionada que papai consegue fica para ali, tão forte, como se fosse uma pedra, aparentemente alheio às forças da natureza.

Quando mergulho no oceano, sinto um choque com a água gelada que toca em meu peito. Aperto a mão de papai com mais força quando a correnteza puxa e, novamente, ele me segura com firmeza no lugar. Sinto que, neste momento, ele vai me proteger de tudo, para sempre.

 

Onda após onda se quebra na praia e, pela primeira vez em muito tempo, mamãe e papai não estão com pressa. Eles nos levantam de novo e de novo, Bree grita de alegria. Eu não sei quanto tempo passou desde este maravilhoso verão, neste dia pacífico na praia, sob um céu cem nuvens, a água do mar espirrando em meu rosto. Não quero nunca que o sol se ponha, nem que isto mude. Quero ficar aqui, deste jeito, para sempre. E, neste momento, parece que assim será.

Abro meus olhos lentamente, confusa com o que vejo diante de mim. Não estou no oceano, mas, sim, sentada no banco de passageiro de um barco a motor, que acelera rio acima. Não é verão, mas inverno, os bancos estão cobertos de neve. Blocos ocasionais de gelo passam flutuando ao meu lado. Meu rosto está respingado de água, mas não da fresca bruma das ondas do oceano no calor, e sim de respingos gelados do Hudson no inverno. Pisco várias vezes até entender que não é uma manhã clara de verão e sim uma tarde nublada de inverno. Tento entender o que aconteceu, como tudo mudou.

Sinto um calafrio ao me sentar e olho a minha volta, repentinamente alerta. Não durmo à luz do dia há muito tempo e isso me surpreende. Rapidamente, tento me orientar e vejo Logan, estoicamente parado atrás do timão, seus olhos fixos no rio, navegando pelo Hudson. Olho pra trás e vejo Ben, com a cabeça entre as mãos e os olhos no rio, perdido em seus próprios pensamentos. Do outro lado do barco, está Bree, de olhos fechados, inclinada em seu banco, sua nova amiga Rose está abraçada a ela, dormindo em seu ombro e, sentado em seu colo, está nosso novo mascote, uma Chihuahua de um olho só, que também dorme.

Estou impressionada por ter conseguido dormir, mas, quando olho para baixo e vejo a garrafa de champagne pela metade, percebo que o álcool, que eu não tomava há anos, deve ter me deixado sonolenta – isso combinado com as inúmeras noites sem dormir e tantos dias de adrenalina. Meu corpo está tão ferido, tão dolorido e machucado, que eu devo ter dormido sozinha. Sinto-me culpada. Eu nunca deixei Bree fora de vista antes. Mas, quando olho para Logan, com sua imponente presença, creio que devo ter me sentido segura o suficiente para adormecer desse jeito. De certa forma, é como ter meu pai de volta. Será por isso que sonhei com ele?

“Bom ter você de volta,” ouço a voz grave de Logan. Ele olha na minha direção, com um pequeno sorriso no canto de seus lábios.

Inclino-me para frente, contemplando o rio diante de nós, o qual estamos cortando como se fosse manteiga. O ronco do motor é ensurdecedor e o barco percorre a correnteza subindo e descendo em movimentos sutis, balançando um pouquinho. O respingo gelado atinge diretamente o meu rosto, olho para baixo e vejo que ainda estou vestindo as mesmas roupas há dias. Elas praticamente estão grudadas na minha pele, coberta de suor, sangue e sujeira – e, agora, umidade dos respingos. Estou molhada, com frio e faminta. Faria qualquer coisa por um banho quente, um chocolate quente, uma fogueira e uma muda de roupas.

Olho para o horizonte: o Hudson parece um vasto e enorme mar. Estamos no meio da imensidão, distantes de qualquer margem, Logan sabiamente nos mantém longe de qualquer predador. Ao pensar nisso, eu imediatamente olho para trás, à procura de comerciantes de escravos. Não vejo nenhum.

Procuro por qualquer sinal de barcos no horizonte a nossa frente. Nada. Examino as linhas das margens em busca de algum sinal de atividade. Nada. É como se tivéssemos o mundo somente para nós. É confortante e desolador ao mesmo tempo.

Aos poucos, vou baixando minha guarda; Sinto como se tivesse dormido por muito tempo, mas pela posição do sol no céu, ainda estamos no meio da tarde. Eu não devo ter dormido por mais de uma hora, no máximo. Olho a minha volta procurando por algum ponto de referência. Afinal, estamos perto de voltar para casa. Mas não encontro nada.

“Por quanto tempo eu dormi?” pergunto a Logan.

Ele dá de ombros. “Talvez uma hora.”

Uma hora, eu penso. Parece que foi uma eternidade.

Verifico o ponteiro da gasolina, ele mostra que já está meio vazio. Isso não é um bom sinal.

“Algum sinal de combustível em algum lugar?” eu pergunto.

E, no momento em que o faço, percebo como é uma pergunta estúpida.

Logan olha pra mim, como se dissesse sério mesmo? Mas, é claro, se ele tivesse visto algum posto, ele teria parado.

“Onde estamos?” eu indago.

“Essa é sua região,” ele diz, “Eu ia perguntar a mesma coisa pra você.”

Examino o rio novamente, mas ainda não reconheço nada. Isso é coisa do Hudson – tão vasto, de extensão infinita, é tão fácil desnortear-se nele.

“Por que você não me acordou?” eu pergunto.

“Por que eu deveria? Você precisava descansar.”

Não sei mais o que falar para ele. É isso que acontece com Logan: eu gosto dele, e acho que ele gosta de mim, mas não sei se temos muito que falar um para o outro. E o fato de ele ser introvertido, e eu também, não ajuda.

Continuamos em silêncio, água branca vai se formando abaixo de nós, me pergunto quanto mais poderemos aguentar. O que faremos quando o combustível acabar?

Ao longe, detecto alguma coisa no horizonte. Parece algum tipo de estrutura na água. A princípio, pergunto-me se estou vendo coisas, mas então Logan estica seu pescoço, atento, e eu percebo que ele também deve ter visto.

“Acho que é uma ponte,” ele diz. “Uma ponte demolida.”

Vejo que ele está certo. Cada vez mais perto, está um altíssimo pedaço de metal retorcido, sobressaindo da água como se fosse algum tipo de monumento do inferno. Eu me lembro dessa ponte: ela costumava atravessar lindamente o rio; agora, é um monte de sucata, que mergulha na água fazendo ângulos irregulares.

Logan desacelera o barco, o motor vai silenciando à medida que nos aproximamos. Nossa velocidade cai e o barco se mexe violentamente. Os metais retorcidos aparecem em todas as direções, Logan navega, virando para a esquerda e para a direita, criando seu próprio caminho. Olho pra cima conforme avançamos sobre os escombros da ponte, que se emerge sobre nós. Parece que tem centenas de metros de altura, um testamento do que o homem, um dia, foi capaz de fazer antes de começar a matar uns aos outros.

“A Ponte Tappan Zee,” eu comento. “Estamos à uma hora do norte da cidade. Temos uma boa vantagem, se eles vierem atrás de nós.”

“Eles virão atrás de nós,” ele diz. “Pode apostar que sim.”

Olho para ele. “Como você tem tanta certeza?”

“Eu os conheço. Eles não esquecem, jamais.”

Quando passamos pelo último resto de metal, Logan ganha velocidade e eu inclino para trás enquanto aceleramos.

“Quão longe atrás de nós você acha que eles estão?” pergunto.

Ele olha para o horizonte, sério. Finalmente, dá de ombros.

“Difícil dizer. Depende do tempo que levaram para reunir as tropas. A neve está pesada, o que é bom para nós. Talvez três horas? Seis, se tivermos sorte? Uma coisa boa é que essa belezinha aqui é rápida. Acho que podemos continuar na frente enquanto tivermos combustível.

“Mas não teremos,” eu falo, ressaltando o óbvio. “Nós saímos com um tanque cheio – agora ele está na metade. Ficaremos vazios em algumas horas. O Canadá está bem distante. Como acha que podemos encontrar combustível?”

Logan olha para a água, pensativo.

“Não temos escolha.” ele diz. “Precisamos encontrar. Não há alternativa. Não podemos parar.”

“Precisaremos descansar em algum momento,” eu falo. “Precisaremos de comida e de algum tipo de abrigo. Não podemos ficar a essa temperatura dia e noite.”

“Melhor passar fome e frio do que ser pego por comerciantes de escravos,” ele fala.

Penso na casa de meu pai, rio acima. Vamos passar bem ao lado dela. Lembro-me da minha promessa à minha cachorra, Sasha, de enterrá-la. Também penso em toda a comida que havia lá, na casinha de pedra – poderíamos pegá-la, iria nos sustentar por dia. Penso nas ferramentas na garagem de papai, em todas as coisas que seriam úteis. Sem falar das roupas extras, lençóis e fósforos.

“Quero fazer uma parada.”

Logan se vira e olha para mim como se eu fosse louca. Posso ver que ele desaprova minha ideia.

“Do que você está falando?”

“Sobre a casa de meu pai. Em Catskill. Cerca de uma hora ao norte daqui. Quero passar por lá. Há muitas coisas que podemos resgatar. Coisas que iremos precisar. Como comida. E…” eu pauso, “eu quero enterrar minha cachorra.”

“Enterrar sua cachorra?” ele pergunta, sua voz ficando mais alta. “Você enlouqueceu? Você quer que todos nós sejamos mortos por isso?”

“Eu lhe prometi,” eu digo.

“Prometeu?” ele retruca. “A sua cachorra? Morta? Você está brincando.”

Eu o encaro e ele percebe rapidamente que não estou.

“Se eu prometo algo, eu cumpro. Eu enterraria você se eu prometesse.”

Ele balança a cabeça.

“Ouça,” eu falo seriamente. “Você queria ir para o Canadá. Poderíamos ter ido para qualquer lugar. Esse era o seu sonho. Não meu. Quem sabe se essa cidade realmente existe? Estou seguindo você por um capricho seu. E este barco não é só seu. Eu só quero passar na casa de meu pai. Pegar algumas coisas que precisamos e enterrar minha cachorra. Não vai demorar muito. Estamos bem à frente dos comerciantes de escravos. Sem mencionar que temos uma pequena vasilha de combustível lá. Não é muito, mas vai ajudar.”

Logan lentamente balança sua cabeça.

“Prefiro não pegar esse combustível e não correr tanto risco. Você está falando das montanhas. Está falando de uns trinta quilômetros terra adentro, não é? Como acha que chegaremos lá após pararmos nas docas? Escalando?”

“Eu sei que tem um caminhão velho. Uma picape surrada. É só uma carcaça enferrujada, mas anda e tem combustível suficiente para nos levar e nos trazer de volta. Está escondida próxima à beira do rio. O rio nos levará até lá. O caminhão nos levará e nos trará de volta. Será rápido. E então continuaremos nossa longa jornada para o Canadá. Será o melhor para nós.”

Logan observa a água silenciosamente por um longo tempo, seus punhos fechados firmemente em volta do timão.

Por fim, ele diz, “Tanto faz. É a sua vida em risco. Mas eu vou ficar no barco. Você terá duas horas. Se não voltar a tempo, irei embora.”

Eu lhe dou as costas e olho para a água, furiosa. Queria que ele fosse comigo. Sinto que ele só pensa nele mesmo e isso me deixa desapontada. Pensei que ele fosse melhor que isso.

“Então, você só se importa consigo mesmo, é isso?” eu pergunto.

Também me preocupa que ele não queira me acompanhar até a casa de meu pai; Não havia pensado nisso. Sei que Ben não vai querer ir eu gostaria de ter um pouco de proteção. Que seja. Eu ainda estou determinada. Fiz uma promessa e irei cumpri-la. Com ou sem ele.

Ele não responde e posso ver que está aborrecido.

Contemplo a água, evitando olhá-lo.  À medida que a água se agita em meio ao constante barulho do motor, percebo que estou brava não somente porque estou decepcionada com ele, mas também porque eu comecei a gostar dele, a contar com ele. Eu não dependia de ninguém havia muito tempo. É um sentimento assustador depender de alguém de novo, me sinto traída.

“Brooke?”

Meu coração se alivia com o som de uma voz familiar e eu me viro para ver minha irmãzinha acordar. E Rose também. As duas são como ervilhas de uma vagem, extensões de uma única pessoa.

Eu ainda mal consigo acreditar que Bree está aqui, novamente comigo. É como um sonho. Quando ela foi sequestrada, uma parte de mim estava certa de que eu jamais a veria de novo. Cada momento em que estou com ele, sinto como se tivesse recebido uma segunda chance, estou mais determinada do que nunca a cuidar dela.

“Estou com fome,” Bree fala, esfregando seus olhos com a parte de trás de suas mãos.

Penélope senta-se no coo de Bree. Ela não pára de tremer e então levanta seu olho bom em minha direção, como se dissesse que também está faminta.

“Estou congelando,” Rose ecoa, esfregando seus ombros. Ela veste apenas uma fina camiseta e eu me sinto muito mal por ela.

Eu compreendo. Estou com fome e com frio também. Meu nariz está vermelho e eu mal posso senti-lo. Essas guloseimas que encontramos eram deliciosas, mas pouco nutritivas – especialmente em um estômago vazio. E isso aconteceu horas atrás. Penso de novo no baú de comidas, no pouco que restou e me pergunto em quanto tempo ele ficará vazio. Sei que deveria racionar a comida. Por outro lado, estamos todos passando fome e não suporto ver Bree desse jeito.

“Não sobrou muita comida,” eu digo a ela, “mas posso dar a vocês um pouquinho agora. Temos alguns biscoitos e biscoitos água e sal.”

 

“Biscoitos!” elas gritam em uníssono. Penélope late.

“Eu não faria isso,” ouço a voz de Logan ao meu lado.

Olho para o lado e o vejo com um olhar de desaprovação.

“Precisamos racionar.”

“Por favor!” Bree grita. “Preciso de alguma coisa. Estou com fome.”

“Eu preciso dar a ela alguma coisa,” digo firmemente a Logan, entendo sua opinião, mas fico aborrecida com sua falta de compaixão. “Eu vou dar apenas um biscoito para cada um de nós.”

“E quanto à Penélope?” Rose pergunta.

“O cachorro não vai pegar nenhuma comida nossa,” Logan retruca. “Ela tem que se virar sozinha.”

Sinto-me, mais uma vez, aborrecida com Logan, apesar de entender que ele está sendo racional. Mesmo assim, quando vejo o olhar cabisbaixo em Rose e em Bree e ouço o latido de Penélope mais uma vez, não conseguirei o deixá-la passando fome. Eu disfarçadamente lhe darei um pouco de comida da minha própria parte.

Abro o baú e dou uma olhada em nosso estoque de comida. Vejo duas caixas de biscoitos, três pacotes de biscoitos água e sal, vários sacos de ursinhos de gelatina e meia dúzia de barras de chocolate. Gostaria que houvesse alguma comida mais nutritiva, não sei como faremos para isso durar, como isso será suficiente para três refeições por dia para cinco pessoas.

Eu tiro os biscoitos e dou um para cada um. Ben finalmente sai do seu lugar ao ver comida e aceita a sua porção. Ele tem círculos escuros abaixo dos olhos, como se não tivesse dormido. É penoso ver sua expressão, tão devastada pela perda de seu irmão, desvio meu olhar ao lhe entregar seu biscoito.

Vou para a frente do barco e dou a Logan a sua parte. Ele pega o biscoito e, silenciosamente, o coloca em seu bolso, claro, vai guardá-lo para mais tarde. Não sei de onde ele tira tanta força. Eu enfraqueço só de sentir o cheiro de biscoitos de chocolate. Sei que eu deveria racionar comida também, mas não consigo. Mordo um pedaço pequeno, decidida a guardá-lo para mais tarde – mas é tão delicioso que não consigo me conter – eu o devoro inteiro, deixo apenas um pedacinho, o qual reservo para Penélope.

A comida me faz sentir tão bem. O açúcar sobe a minha cabeça e atravessa meu corpo, gostaria de poder comer mais uma dúzia. Respiro fundo quando meu estômago reclama, tentando me controlar.

O rio começa a se estreitar, as margens se aproximam uma da outra à medida que rio serpenteia. Estamos perto de terra firme e fico bem atenta, analisando a margem, à procura de qualquer sinal de perigo. Quando fazemos uma curva, olho para minha esquerda e vejo, no alto de um penhasco, as ruínas de uma antiga fortificação, agora bombardeada. Fico chocada quanto percebo o que era antes.

“A Academia Militar,” Logan fala. Ele deve ter notado ao mesmo tempo que eu.

É impactante ver que este bastião da força americana é agora apenas uma pilha de destroços, seu mastro da bandeira está retorcido, pendurado sobre o Hudson. Quase nada é igual ao que já foi antes.

“O que é isso?” Bree pergunta com os dentes batendo. Ela e Rose vieram para a frente do barco, ao meu lado, Bree observa a fortificação, seguindo meu olhar. Não quero falar para ela.

“Não é nada, querida,” eu respondo. “Só uma ruína.”

Coloco meu braço em volta dela e a aproximo de mim, envolvo Rose com meu outro braço e também a deixo mais perto. Tento esquentá-las, esfregando seus ombros o melhor que posso.

“Quando nós iremos para casa?” Rose pergunta.

Logan e eu trocamos olhares. Eu não tenho ideia de como responder.

“Não iremos para casa,” eu digo a Rose, o mais gentilmente que consigo, “mas estamos à procura de um novo lar.”

“Nós vamos passar por nossa antiga casa?” Bree pergunta.

Eu hesito. “Sim,” eu respondo.

“Mas não vamos ficar por lá de novo, certo?” ela indaga.

“Certo,” eu falo. “É muito perigoso morar lá agora.”

“Não quero morar outra vez naquele lugar,” ela fala. “Odiava este lugar. Mas não podemos simplesmente deixar Sasha lá. Vamos passar por lá e enterrá-la? Você prometeu.”

Penso na minha discussão com Logan.

“Você está certa,” eu digo gentilmente. “Eu prometi mesmo e sim, iremos parar.”

Logan se afasta, claramente irritado.

“E depois?” Rose pergunta. “Para onde iremos depois?”

“Continuaremos rio acima,” eu explico. “Até onde ele nos levar.”

“E onde o rio termina?” ela questiona.

É uma boa pergunta e eu a interpreto como uma questão mais profunda. Como terminará tudo isso? Com nossa morte? Com nossa sobrevivência? Será que terá fim? Existe algum fim à vista?

Não tenho a resposta.

Eu me viro, me ajoelho e olho nos seus olhos. Preciso dar esperança a ela. Algum incentivo para viver.

“Termina em um lindo lugar,” eu falo. “No lugar para onde vamos, tudo está bem de novo. As ruas são tão limpas que chegam a brilhar e tudo é perfeito e seguro. Há mais gente lá, pessoas amáveis que irão nos acolher e nos proteger. Há comida também, comida de verdade, e você pode comer o tempo inteiro. É o lugar mais lindo que você pode imaginar.”

Os olhos de Rose se arregalam.

“É verdade?” ela pergunta.

Eu aceno que sim com a cabeça. Aos poucos, ela abre um enorme sorriso.

“Quanto tempo vamos demorar a chegar lá?”

Eu sorrio. “Não sei, querida.”

Mas Bree é mais cética que Rose.

“É verdade mesmo?” ela pergunta, baixinho. “Existe mesmo um lugar assim?”

“Existe,” eu falo, tentando parecer convincente. “Não é mesmo, Logan?”

Logan olha para nós, diz que sim a cabeça e logo desvia o olhar. No final das contas, é ele quem acredita no Canadá, acredita que há uma terra prometida. Como ele poderia negar agora?

O Hudson faz curvas e vai ficando estreito e depois largo de novo. Finalmente, entramos em um território familiar. Passamos por locais que eu conheço, estamos cada vez mais próximos da casa de papai.

Viramos uma curva e avistamos uma pequena ilha desabitada, apenas um pedaço de rochas sobressalente. Nela, há um farol, sua lâmpada foi estilhaçada há muito tempo, sua estrutura agora não passa de uma fachada.

Passamos por outra curva e, ao longe, avisto uma ponte que cruzei apenas alguns dias atrás, enquanto perseguia os comerciantes de escravos. Ali, no meio da ponte, posso ver o local da explosão, a enorme cratera, como se uma bola de demolição tivesse sido jogada bem no centro. Lembro-me de quando Ben e eu estávamos de moto, correndo, e quase caímos da ponte. Mal posso acreditar. Estamos quase chegando.

Isto me faz pensar em Ben, me faz lembrar em como ele salvou minha vida naquele dia. Eu me viro para olhar para ele, que está encarando a água, melancólico.

“Ben?” Eu chamo.

Ele olha em minha direção.

“Lembra-se dessa ponte?”

Ele se vira para olhar e vejo medo em seus olhos. Ele se lembra.

Bree me cutuca. “Tudo bem se eu der a Penélope um pouco do meu biscoito?” ela pergunta.

“Eu também posso?” Rose ecoa.

“Mas é claro que sim,” eu respondo em voz alta para que Logan ouvir. Ele não é o único que pode mandar aqui e iremos fazer o que quisermos com nossa comida.

A cachorra, no colo de Rose, se anima, como se entendesse. É incrível. Nunca vi um animalzinho tão esperto.

Bree se inclina para lhe dar um pedacinho de biscoito, mas eu encosto em sua mão, impedindo-a.

“Espere,” eu falo. “Se você vai alimentá-la, ela devia ter um nome, não acha?”

“Mas ela não tem coleira,” Rose diz. “O nome dela pode ser qualquer um.”

“Ela é nossa cachorrinha agora,” eu falo. “Dê a ela um novo nome.”

Rose e Bree trocam olhares, animadas.

“Como deveríamos chamá-la?” Bree pergunta.

“Que tal Penélope?” Rose sugere.

“Penélope!” Bree grita. “Adorei.”

“Eu também gostei,”eu concordo.

“Penélope!” Rose chama a cachorrinha com um berro.

Surpreendentemente, a cachorrinha se vira para Rose quando é chamada, como se seu nome fosse Penélope desde o sempre.

Bree sorri ao dar-lhe um pedaço de seu biscoito. Penélope o pega e o engole de uma só vez. Bree e Rose riem histericamente quando Rose dá o resto de seu biscoito. Ela também o morde e então eu lhe entrego o último pedacinho do meu. Penélope olha para nós, entusiasmada, trêmula, e late três vezes.

Todas nós rimos. Por um momento, eu quase me esqueço de nossos problemas.

Mas, então, ao longe, por cima do ombro de Ben, eu avisto alguma coisa.

“Ali,” eu falo para Logan, me elevando e apontando para nossa esquerda. “É para lá que precisamos ir. Vire aqui.”

Eu vejo a península onde Ben e eu passamos de moto, sobre o gelo do Hudson. Fico com aflição ao pensar nisso, penso em quão louca aquele perseguição fora. É inacreditável que eu ainda esteja viva.

Logan olha por cima de seu ombro para checar se há alguém nos seguindo e então, relutantemente, ele vai desacelerando aos poucos, fazendo a curva para nos levar à margem.

Inquieta, eu olho ao meu redor com cautela quando alcançamos a orla da península. Nós deslizamos junto a ela, fazendo uma curvatura para dentro da ilha. Estamos perto da margem agora, após passarmos por uma torre de água desmoronada. Continuamos em frente e logo passamos perto das ruínas de uma cidade, em direção ao seu centro. Catskill. Há prédios queimados em ambos os lados, parece que foram atingidos por um bombardeio.

Estamos todos atentos à medida que abrimos nosso caminho lentamente pela enseada, indo terra adentro, a costa está a poucos metros de distância, cada vez mais estreita. Estamos expostos a uma emboscada e eu percebo que, inconscientemente, estou com minha mão sobre meu quadril, segurando minha faca. Percebo que Logan faz o mesmo.

Olho por cima de meu ombro para ver Ben; mas ele ainda se encontra em estado catatônico.

“Onde está o caminhão?” Logan pergunta, há nervosismo em sua voz. “Eu não irei terra adentro, digo-lhe isso desde já. Se qualquer coisa acontecer, precisaremos voltar ao Hudson, e rápido. É uma armadilha mortal,” ele fala, olhando com receio para as margens.

Eu faço o mesmo. Mas a orla está vazia, desolado, congelada, sem ninguém à vista, até onde consigo enxergar.

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