Atropos

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IX

O agente Finocchi cuidou em falar com os parentes de Lucia Mistroni.

A mãe tinha indicado só o irmão Atos, um tio e uma prima.

Verificou que todos já tinham sido informados da desgraça pela senhora Balzani e, quando o agente conseguiu falar com o irmão, este começou a chorar dizendo que não tinha parado do momento em que soube da notícia.

Morava sozinho na rua San Felice, em um apartamento pequeno mas funcional.

“Posso falar com o senhor sobre sua irmã Lucia?”, perguntou Marco Finocchi depois de se apresentar.

“Claro, fique a vontade.”

Sentaram-se na sala, com a luz da manhã que iluminava o local através dos vidros da janela.

“Como eram as relações entre vocês dois?”, quis saber o agente.

“Diria ótimas, mesmo se ultimamente não nos víamos sempre porque eu estive muito ocupado com o trabalho.”

“Entendo. Trabalha com que, se posso perguntar-lhe?”

“Instalo máquinas automáticas. Estou sempre me movimentando e toda vez fico fora de casa por pelo menos uma semana.”

“Deve ser um trabalho interessante, pelo menos pelo fato de viajar e ver sempre lugares novos.”

“Seria se eu pudesse ter um pouco mais de tempo para poder andar por aí um pouco, em vez de ficar fechados dentro de uma empresa montando uma máquina automática de manhã à noite. O único divertimento que temos é à noite, quando vamos jantar e provamos a gastronomia local.”

“Com certeza, um trabalho desafiador”, disse Finocchi, “Quando se viram pela última vez, o senhor e a sua irmã?”

“Há aproximadamente duas semanas atrás.”

“Em uma ocasião especial?”

“Não. Eu tinha acabado de chegar de uma viagem e no domingo decidimos jantar juntos. Uma pizza para nos contar um pouco as novidades.”

“E como lhe pareceu, naquele dia? Tranquila, ou tinha algo que não ia bem? Estava, por acaso, preocupada com alguma coisa?”

“Ela me contou dos telefonemas que recebia. Eles lhe davam medo, também porque não entendia de quem poderiam vir.”

“Não tinha a mínima ideia de quem pudesse ser?”

“Não.”

“Não apresentou a denúncia à polícia?”

“Não sei lhe responder.”

“Entendo.”

“Posso lhe perguntar por que está em casa a essa hora? Geralmente, neste horário trabalha-se.”

“Esta é uma semana, digamos assim, tranquila, sem viagens e quando trabalho aqui faço turnos. Até sexta-feira, vou trabalhar das duas da tarde às dez da noite.”

“Certo. Peço que fique à disposição no caso de precisarmos ainda da sua ajuda.”

“Farei qualquer coisa que possa ajudá-los a encontrar o culpado.”

“Eu lhe agradeço.”

O agente Finocchi se despediu do irmão de Lucia Mistroni e saiu de volta para a rua.

À noite, iria encontrar o tio e a prima da garota.

Marcaram se encontrar no Comando da polícia. Luigi Mistroni, a filha Laura e a esposa Antonia Cipolla foram encaminhadas para uma sala de espera e, assim que o agente Finocchi voltou, começaram a falar.

“Desculpem eu ter incomodado vocês na hora do jantar. Em todo caso, não iremos demorar”, disse o agente.

“Sem problemas”, disse o tio de Lucia.

“Estamos falando um pouco com todas as pessoas mais próximas, com maior contato de sua sobrinha”, explicou Marco Finocchi dirigindo-se ao casal. “Pretendemos reunir o maior número de informações possíveis porque poderiam nos ajudar a resolver o caso.”

“Nós estamos à disposição para lhe ajudar, pelo pouco que poderemos fazer.”

“Muito obrigado”, disse Finocchi, depois fez uma pausa perguntando a todos três se gostariam de beber algo, água, um café, mas recusaram dizendo que depois de ter terminado com a polícia, iriam jantar.

“Certo. Em primeiro lugar, poderiam me dizer como eram as relações de vocês com Lucia?”

Foi a tia responder por todos: “Boas, mesmo se não nos víssemos todas as semanas. Sabe... cada um tem seus próprios compromissos. Lucia era muito ocupada por causa do trabalho, por isso acontecia mais do que outra coisa de nos ouvir quem sabe ao telefone ou ver-nos no fim de semana.”

O marido e a filha concordaram, confirmando ao agente que o que a senhora Antonia era verdade. A outra hipótese era que, no caso em que um dos três fosse o culpado, estavam todos de acordo para se proteger um ao outro.

“Há quanto tempo não viam Lucia?”

“Eu... a algumas semanas”, disse a prima Laura. “Tínhamos ido dar uma volta no centro, em Bolonha, um sábado à tarde, para nos distrair um pouco e porque nos tinha dito sobre os telefonemas que recebia e sentia a necessidade de ficar com alguém de quem confiava.”

“Então, tinha contado também a vocês sobre os telefonemas.”

“Ela nos falou durante um almoço de família, há duas ou três semanas atrás”, explicou o tio.

“Entendo”, disse Finocchi. “Sabem se havia alguém, que vocês conheciam, que pudesse ter tido algum desentendimento com Lucia? Ou com quem tivesse pelo menos brigado?”

“Não conseguimos lembrar de ninguém”, disse a senhora Cipolla depois que tinham se consultado em voz baixa por alguns instantes.

“Obrigado. Por enquanto, diria que possa ser suficiente. Peço que fiquem à disposição. Agora, podem ir jantar.”

Saudaram-se. Pouco depois que os tios e a prima de Lucia Mistroni saíram do Comando de polícia, o agente Finocchi se preparou para voltar para casa.

X

Na manhã seguinte, o capitão Luzzi pediu à Zamagni e Finocchi uma atualização em relação ao caso de Lucia Mistroni.

“Estamos interrogando amigos e parentes”, explicou o inspetor, “depois teremos que ouvir também o empregador da garota. Não deve se excluir que o culpado pode ser um colega dela.”

“Os pais que eu ouvi”, acrescentou o agente Finocchi, “insistiram sempre na questão dos telefonemas ameaçadores que a garota parece estava recebendo. Parece que tinha muito medo, pelo menos do quanto me fez entender a prima.”

“Bom, vamos continuar a procurar e vão logo encontrar as pessoas que ainda devem ouvir.” concluiu Luzzi.

Zamagni e Finocchi concordaram, depois saíram pela rua para ir falar com o empregador e os dois amigos que ainda estavam na lista que a mãe de Lucia Mistroni lhes tinha dado.

O inspetor começou com Beatrice Santini, que cuidava de uma mercearia na rua San Felice.

Quando chegou no estabelecimento comercial não havia ninguém.

“Incomodo?”

“O que deseja?”, perguntou a senhora.

Zamagni lhe mostrou a carteira de identificação, depois acrescentou que gostaria de falar com ela sobre Lucia Mistroni.

“Foi um grande golpe para mim. A notícia me foi dada pela mãe dela”, disse Beatrice Santini, que não parecia surpresa com a visita de um inspetor de polícia.

“Entendo. Poderia me explicar como soube exatamente?”

“Soube por acaso. Tinha ido na casa de sua filha porque queria conversar um pouco. Não a encontrei e, fiquei um pouco no portão de entrada, porque não sabia se realmente fosse a casa dela ou se, quem sabe, estava demorando a atender, vi sua mãe passando. Perguntou-me porque estava ali, se estava procurando por Lucia e se não sabia ainda o que tinha lhe acontecido. Cai das nuvens, não sabia de nada. Fiquei muito mal e quando me disse que a polícia estava fazendo investigações a esse respeito, acrescentou também que lhe tinha dado uma lista de pessoas que conheciam Lucia, parentes e amigos mais próximos, por isso eu estava esperando uma sua visita.”

“Entendo. Como eram o seu relacionamento com Lucia?”

“A gente concordava em muitas coisas. Geralmente, Lucia nunca brigava com ninguém, era uma pessoa com um caráter excepcional.”

Zamagni acenou com a cabeça.

“Por acaso sabe se tinha acontecido alguma coisa com ela ultimamente que poderia ter influído na sua vida privada?”

“Não. Nada que eu saiba.”

Um cliente entrou, pediu uma carteira de cigarros e quando saiu, Zamagni também se despediu dela.

“Por enquanto, diria que é suficiente. Peço que fique à disposição e, no caso de lembrar de algum detalhe que considere importante, entre em contato conosco.”

Enquanto ela concordava, ele deixou o número de telefone do Comando.

“Pode perguntar por mim. Sou o inspetor Zamagni.”

“Certo.”

O último contato deixado pela mãe de Lucia Mistroni era o de Fulvio Costello, um empregado dos correios na rua Emilia, no bairro Mazzini.

 

Quando o inspetor Zamagni chegou no destino, havia pouca gente, assim pode perguntar sem problemas quem era o responsável do escritório e, sucessivamente, poder falar um pouco com o seu empregado.

O responsável falou por alguns instantes com o homem para lhe explicar a situação, depois Fulvio Costello se ausentou do guichê e saiu para falar com Zamagni.

“Desculpe-me pelo incômodo. Sou o inspetor Zamagni. Gostaria de trocar algumas palavras com o senhor, sobre Lucia Mistroni.”

“Meu Deus, o que aconteceu com ela?”, perguntou o homem, sem saber dos últimos acontecimentos.

“Passou dessa para uma vida melhor. Desculpe-me ter que dizer isso neste contexto. Supomos que não tenha sido uma morte natural.”

O empregado do correio ficou alguns segundos em silêncio, depois perguntou se tinham ideia sobre o culpado.

“Infelizmente ainda não, mas estamos trabalhando duro para encontrá-lo o mais rápido possível.”

“Entendo. Espero que aconteça logo.”

“Nós também o esperamos”, disse Zamagni, “Agora, gostaria de lhe fazer algumas perguntas, se não for incomodá-lo.”

“Faça, por favor.”

“Obrigado. Antes de tudo, gostaria de saber como se conheceram, o senhor e Lucia.”

“Durante uma viagem ao Canadá, por acaso.”

“Compreendo. E mantiveram contato.”

Costello concordou.

“Ouviam-se sempre?”, perguntou o inspetor.

“Não todas as semanas, mas nos ouvíamos frequentemente.”

“Há quanto tempo se conheceram?”

“Dois anos.”

“E posso lhe perguntar se por acaso aconteceu alguma vez algo diferente da amizade, entre vocês dois?”

“Por que me pergunta isso?”

“Precisamos de informações para resolver um caso como esse e as procuramos por toda parte.”

“Entendo. Mas, de qualquer forma, não.”

“Certo. E tem por acaso alguma ideia em relação a alguém que pudesse ter algum motivo para matá-la? Ou algum acontecimento que ocorreu que pudesse ter levado a um desfecho deste tipo?”

“Não”, respondeu o homem, depois de ter pensado um minuto. “Infelizmente, sobre isso não lhe posso ser de grande ajuda. No caso de me lembrar de alguma coisa, eu lhe contarei.”

“Muito obrigado.”

O responsável pelo correio se dirigiu para a porta. “Fulvio?”

O homem se voltou e disse: “Acho que agora eu tenho que voltar ao trabalho.”

“Certo.”, disse Zamagni, compreendendo a situação, “Peço apenas que permaneça à disposição e não hesitar em nos contatar caso se lembrasse de algo que poderia nos ser útil.”

“Sem problemas”, disse o empregado.

O inspetor concordou, depois se despediu e saiu novamente para a rua.

Agora, faltava só ouvir o que teria contado o empregador da senhorita Mistroni, depois talvez teria conseguido bastante material com o qual poderia começar a preparar alguma hipótese e raciocínio.

XI

Davide Pagliarini lutava para tirar da cabeça aquele incidente. Sonhava com ele à noite, como um pesadelo recorrente e, com certeza, não gostaria que acontecesse.

Idiota, repetia para si mesmo, eu sou um idiota, eu matei um jovem rapaz!

Estava no aguardo de julgamento, esperando através de um bom advogado, conseguir pelo menos reduzir a pena. Enquanto isso, vivia mergulhado no remorso.

No meio da manhã daquele dia a campainha de casa tocou.

“Quem é?”, perguntou ao interfone.

“Uma carta registrada. Tem que assinar.”

O carteiro.

Pagliarini desceu para a entrada do prédio, assinou, pegou o envelope e voltou para o seu apartamento.

O emitente era o Tribunal de Bolonha.

Assunto: aviso de comparecimento.

Abriu o envelope e descobriu que deveria se apresentar depois de duas semanas exatas às dez e que, se não tiver encontrado pessoalmente um advogado para a defesa, lhe seria dado um de ofício.

Apoiou o envelope na mesinha da sala, depois ligou para o seu advogado de confiança.

“Estamos no epílogo”, disse Pagliarini, depois que a funcionária encaminhou a chamada para o escritório do advogado.

“Basta permanecer calmos e você vai ver que saltaremos fora.”

O advogado já sabia de todo o caso, pois a tinha contado telefonicamente o próprio Pagliarini no dia antes quando tinha acontecido o incidente.

Vão me condenar, tinha dito, não tenho nenhuma carta para jogar, em minha defesa.

O advogado tinha tentado, também aquela vez, tranquilizar o seu cliente dizendo-lhe que teria encontrado algo que o teria ajudado pelo menos a chegar a uma pena reduzida, se não até mesmo só ao pagamento de uma multa. Mesmo se percebia que teria sido uma coisa pouco agradável de contar aos parentes da vítima.

Vamos conseguir, repetiu o advogado, vai ver que conseguiremos.

Logo o teria descoberto: aquele dia estava para chegar e Davide Pagliarini estava muito preocupado, apesar das palavras do seu advogado.

Concordaram para se encontrar no dia seguinte e falar melhor pessoalmente.

Quando Pagliarini e o advogado se encontraram no escritório deste último, em primeiro lugar fizeram um resumo do caso.

“Tinha saído da discoteca. Quando me encontrava nas avenidas do anel viário de Bolonha estava eufórico, pressionei o pedal do acelerador até o fim, sem perceber a velocidade que estava indo. Quando cheguei no cruzamento, onde o semáforo estava verde, atingi um rapaz que estava atravessando a rua na faixa de pedestres.”

“Aquela pessoa estava atravessando a rua, mesmo sabendo que naquele momento não deveria ter feito isso. O semáforo para pedestres devia estar vermelho, imagino.”

Pagliarini acena com a cabeça, esperando que a sua lembrança fosse real e não ofuscada pelas drogas.

“Então, viu, já encontramos um ponto à nossa vantagem.”

“Certo”, disse Pagliarini, “mas como faremos com o fato que eu dirigisse depois de tomar um daqueles malditos comprimidos? Maldição, eu nunca tomei elas, cai na conversa daquele fulano lá dentro, aquele que me deu ela. Ele me disse 'Você vai ver que se sentirá melhor' e eu me deixei convencer.”

O advogado meditou por alguns instantes.

“A questão do comprimido não depõe a seu favor”, disse, por fim, “mas de qualquer modo conseguiremos sair disso. Tem que confiar em mim.”

“Esperamos. E o que deverei fazer nestes dias? Alguma coisa em particular? Serve uma minha declaração?”

“Por enquanto não. Você dirá tudo no tribunal. Tente permanecer tranquilo e verá que tudo vai se resolver.”

“Conto com a sua experiência.”

“Muito bem. Agora, volte para casa e relaxe. Eu o contatarei de algum modo.”

“Agradeço muito.”

“De nada. É o meu trabalho.”

Depois de se despedirem, o advogado começou a pensar em como levaria adiante aquele caso no tribunal e Davide Pagliarini voltou para casa. Iria seguir o conselho que lhe tinha sido dado: relaxamento absoluto até o dia da audiência.

XII

De manhã cedo, naquele mesmo dia, Mariolina Spaggesi ouviu a campainha tocar, foi para o interfone e perguntou quem era.

“Flores para a senhora”, foi a resposta.

“Suba”, disse a mulher, começando a fazer suposições sobre o possível remetente daquele agradável presente.

Quando viu o florista com o maço de flores na mão, mudou de expressão.

“E..e..entre por favor”, disse, balbuciando, ao homem que estava à sua frente. Parecia que já o tinha visto, talvez era o florista que ficava um pouco afastado da sua casa, ao longo da mesma rua.

“Apóie ali em cima.”

O homem ultrapassou a entrada do apartamento, seguiu as indicações que acabara de receber, depois cumprimentou rapidamente dizendo que deveria voltar correndo para a loja porque estava sozinho e tinha deixado só um aviso na porta de entrada para informar aos clientes que iria voltar em poucos minutos.

Mariolina Spaggesi voltou a fechar a porta e foi rapidamente na direção do maço de flores que acabou de lhe ser entregue.

Um maço de crisântemos?, pensou.

Viu que sobre a película que envolvia as flores tinha sido colado um envelope de papel com os dizeres PARA MARIOLINA.

Abriu o envelope e dentro encontrou apenas um cartão de visita.

MASSIMO TROVAIOLI

Diretor de Marketing

Tecno Italia S.r.l.

A mulher sentiu um princípio de desmaio e teve que se sentar para evitar cair realmente.

Virou o bilhete e viu que no verso estava escrito ATÉ LOGO! com uma esferográfica.

Depois de alguns minutos se levantou da cadeira, pegou um copo e o encheu de água duas vezes. Precisava beber.

Enxaguou o copo, depois foi ao banheiro, refrescar o rosto.

Como podia ser?

Por uma crença popular que lhe tinha sido passada de alguma forma, ela havia sempre associado os crisântemos aos defuntos, e Massimo Trovaioli...

Pegou o telefone e discou 113.

“Estou sendo... perseguida...”, conseguiu dizer, quando alguém do outro lado da linha, lhe respondeu.

“Fique calma, senhora”, disse o agente ao telefone. “e se explique melhor.”

“Eu... estou sendo perseguida... por um morto!”

“É impossível. Tem certeza que está bem?”

“Sim. Sim, eu estou bem”, disse ela. “Estou sendo perseguida... por um morto!”, gritou.

“Onde mora?”, perguntou finalmente o agente, tentando ser rápida, “Vou mandar alguém.”

A mulher deu o próprio endereço e concluiu o telefonema implorando que fossem rápidos.

Quando chegaram dois agentes de patrulha, encontraram Mariolina Spaggesi em pânico.

“Tente tranquilizar-se, senhora. Gostaríamos que nos contasse tudo que está acontecendo”, explicou um dos dois agentes.

A mulher contou a eles do envelope recebido alguns dias antes e as flores recebidos aquela manhã.

“Quem é Massimo Trovaioli?”, perguntou um agente.

“O meu último ex.”

“E ele poderia ter alguma coisa contra você? Quando se deixaram, isso aconteceu de uma forma ruim?”

 

“Ele está... morto!”, gritou a mulher. “Ele é o... morto... que me persegue!”

Spaggesi continuava gritando, enfatizando sempre a palavra morto toda vez que a pronunciava.

“Desculpe-nos”, disse o outro agente, “Não nos está claro ainda este detalhe. Deve nos desculpar. Sentimos muito.”

“Não faz mal”, responde a mulher, depois de um momento de silêncio no qual tentou relaxar os nervos.

“Viu quem lhe trouxe estas flores?”, lhe foi perguntado, quando os dois agentes ficaram certos de ter passado o momento de impasse.

“Pareceu-me... o florista... aquele aqui em baixo, ao longo da rua San Vitale, mas não tenho certeza. Quando estou na rua, ando sempre tão rápido e não olho muito para as lojas.”

“Iremos verificar”, lhe garantiu um dos dois agentes de patrulha, voltando-se depois para o colega com um olhar de acordo. “Você, no entanto, deve permanecer calma. Vai nos prometer isso?”

“Vou tentar”, respondeu a mulher. “Vou tentar.”

“Bom. Nós nos empenharemos logo para esclarecer esta questão. Provavelmente foi um mal entendido.”

“Estou com medo”, disse a Spaggesi, “Façam alguma coisa, por favor”, implorou, como se não tivesse escutado as últimas palavras dos dois agentes.

“Tente se tranquilizar e beba um copo de água.”

O agente mais próximo da torneira da água, pegou o copo que encontrou ali ao lado, o encheu e o ofereceu à mulher.

“Beba em pequenos goles e vai ver que a ajudará a melhorar.”

A mulher bebeu seguindo o conselho e, permanecendo sentada, perguntou se seria um problema para os dois agentes, se ela não os tivesse acompanhado até a porta para saírem.

“Não há problemas, senhora.”

Mariolina Spaggesi ficou sozinha, sentada imóvel repensando o que acontecera, tranquilizada pelas palavras dos dois agentes: eles iriam se ocupar do problema, na esperança de resolvê-lo.

Quando os dois agentes, seguindo as indicações da Spaggesi, chegaram na floricultura, encontraram um aviso na porta: VOLTO LOGO.

Aquilo que deveria ser presumidamente o titular chegou com passo rápido, acelerando nos últimos metros vendo os dois agentes esperando.

“Estão me procurando?”, perguntou, “Aconteceu alguma coisa pela qual eu poderia lhes ser de ajuda?”

“Podemos entrar?”, disse um dos dois agentes.

“Por favor, por favor, claro.”

O homem abriu a porta de vidro e pediu que os dois agentes entrassem.

“Digam-me, por favor. O que aconteceu? Eu não os chamei. Não me roubaram nada.”

“Não estamos aqui por isso”, falou diretamente um agente.

“Então me expliquem.”

“Uma pessoa diz ter recebido um maço de flores de um morto”, começou a contar o agente com mais anos de carreira na polícia.

“Impossível”, disse o florista, “Os mortos não mandam flores para ninguém.”

“Diz também que lhes foram entregues pelo senhor ou por uma pessoa que trabalho com você.”

O olhar do homem ficou mais sombrio.

“Não entendo onde querem chegar.”

“Queremos apenas entender o que aconteceu”, explicou o agente mais jovem. “Esta pessoa está um tanto aterrorizada.”

“Quando isso teria acontecido?”

“Pouco tempo atrás... digamos umas duas horas?”

“Deixem-me pensar um instante.”

O florista fez uma breve pausa, depois voltou a falar.

“Eu trabalho sozinho, não existem ajudantes nem nada semelhante aqui. Não posso me permitir. Faço tudo eu: recebo os clientes, os sirvo e, se necessário, faço também as entregas à domicílio.”

“Quando chegamos aqui, o senhor não estava. Estava fazendo uma entrega?”

“Obviamente.”

“Nada é óbvio na nossa profissão”, disse um agente, como para dar a entender que não estavam fazendo exatamente uma visita de cortesia.

“Desculpem”, disse o homem, “Então sim, me ausentei dez, quinze minutos talvez, para fazer uma entrega.”

“Certo. Agora, pode nos dizer se fez uma entrega há mais ou menos duas horas atrás?”

Depois de uma breve pausa, o florista respondeu: “Acho que sim. Era uma senhora, talvez uma senhorita. Não sei dizer com certeza: não faço perguntas sobre a vida privada dos meus clientes. Em todo caso, era uma mulher.”

“Lembra-se do nome?”

“Não, sinto muito.”

“Pense bem. Reflita ainda um pouco. Estas informações nos poderiam ser úteis.”

“Confirmo que não lembro”, disse depois de um minuto, “Infelizmente, vejo muitas pessoas durante o dia e geralmente não lembro dos nomes.”

“Está bem, da mesma forma”, confirmou um agente. “Lembra-se pelo menos quem lhe solicitou a entrega?”

“Um homem. Sim, era um homem.”

“Saberia nos dar algum detalhe a mais?”

“Mmm... distinto. Era um homem distinto.”

“Outros detalhes?”

“Teria que pensar. Sabem, esta pessoa chegou aqui ontem à noite, enquanto estava fechando a loja, por isso, se passou um pouco de tempo.”

“Não se preocupe, tem todo o tempo que precisa. Se lembrar de alguma coisa, não hesite em nos informar.”

“Podem ficar certos”, disse o homem, com postura de despedida. “Agora, se não se incomodarem, teria o que fazer”, adicionou, vendo um mulher entrar na floricultura.

“Por favor, fique à vontade: os clientes têm a prioridade. Desculpe-nos pelo incômodo.”

Os dois agentes deixaram a floricultura e se encaminharam sob o pórtico na direção das Duas Torres.

“Este homem não nos contou tudo”, disse o agente mais idoso, “Na minha opinião, ele está escondendo alguma coisa.”

“Eu também acho”, concordou o outro, “mas não saberia dizer o que.”

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