Visão Do Amor

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Visão Do Amor
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Visão do Amor

Contents

Agradecimentos

1. CAPÍTULO UM

2. CAPÍTULO DOIS

3. CAPÍTULO TRÊS

4. CAPÍTULO QUATRO

5. CAPÍTULO CINCO

6. CAPÍTULO SEIS

7. CAPÍTULO SETE

8. CAPÍTULO OITO

9. CAPÍTULO NOVE

10. CAPÍTULO DEZ

11. CAPÍTULO ONZE

12. CAPÍTULO DOZE

13. CAPÍTULO TREZE

EPÍLOGO

Sobre A Autora

Livros de Dawn Brower

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são o produto da imaginação da autora ou são usados de forma fictícia e não devem ser interpretados como real. Qualquer semelhança com eventos, locais ou pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência.

Visão do Amor – Direitos Autorais © 2020 Dawn Brower

Arte da capa e edição por Victoria Miller

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser usada ou reproduzida eletronicamente ou impressa sem permissão por escrito, exceto no caso de citações breves incorporadas em resenhas.

Para minha família, sem vocês, eu provavelmente teria ficado sem ideias há muito tempo. Eu posso ficar… ranzinza de vez em quando, mas eu amo vocês. Obrigada por me apoiarem. Não há palavras para dizer o quanto eu aprecio tudo o que vocês fazem por mim.

Agradecimentos

É aqui que agradeço de todo o coração à minha editora e artista de capa, Victoria Miller. Ela me ajuda mais do que eu posso expressar. Eu aprecio tudo o que ela faz, ela me incentiva a ser melhor… fazer melhor. Te agradeço imensamente.

Obrigada também a Elizabeth Evans. Por sempre estar lá por mim e ser minha amiga. Você significa muito para mim. Agradecer não é o suficiente, mas é tudo o que tenho, então obrigada minha amiga por existir.

CAPÍTULO UM

4 de maio de 1951

O clima estava bem melhor do que Lady Anya Montgomery poderia imaginar. Em poucas horas o Festival Britânico começaria e ela tinha que garantir que tudo sairia bem. Seu próprio sustento poderia depender disso. Tudo bem, talvez ela estivesse exagerando. Graças ao seu pai, o Conde de Parkdale, ela era financeiramente independente, mas isso não significa que ela não tinha objetivos ou ambições. Ela trabalhava no Instituto Britânico de Cinema há quase um ano como assistente de uma das mulheres no comando. Anya também fez vários cursos na Academia do Instituto Britânico de Cinema. Um dia, ela esperava dirigir e produzir seus próprios filmes…

Ela correu para o escritório com uma xícara de café para sua chefe. Lady Vivian Kendall estava ao telefone, sentada em um canto de sua mesa. Ela olhou para Anya e acenou para que entrasse. Ela tinha o cabelo escuro trançado e enrolado em um coque na altura da nuca. Seu vestido jacquard cobalto de cetim era requintado, uma saia perfeitamente rodada com anáguas pretas por baixo dava-lhe um belo caimento. Ela também usava um cinto preto, sapatos de salto com tiras, e luvas. Anya sentiu-se desleixada em comparação, com sua saia vermelha simples, blusa branca e sapatos simples de salto baixo estilo Mary Jane. Ela queria estar o mais confortável possível para o longo dia à frente dela. Claramente, Lady Vivian não sabia o significado de conforto. Não no sentido prático de qualquer maneira.

— Certifique-se que seja feito — disse Lady Vivian ao telefone. — Eu não aceitarei desculpas. Você sabe como este festival é importante, e não podemos nos dar ao luxo de que algo saia errado. Já foi politizado mais do que deveria ser. Isso deveria ser uma celebração de todas as coisas britânicas. — Ela suspirou. — Isso é necessário. A guerra foi longa e brutal e algo bom, como este evento, será divertido e beneficiará a todos.

Anya nem queria saber com quem ela estava falando. A pessoa deve ter dado notícias horríveis, e ela esperava que aquilo não acabasse atrasando o festival. Todos trabalharam tanto para que aquilo acontecesse. Ela olhou para sua mão e para o anel de opala que sua avó lhe tinha dado. Detalhes de folhas e flores tinham sido desenhados nas laterais do metal prateado que cercavam a opala redonda no topo. Quando sua avó lhe deu aquele anel, disse-lhe para seguir seu coração. Ela tinha mantido esse conselho em mente quando ela assumiu a posição no Instituto Britânico de Cinema.

— Certo — disse Lady Vivian. Sua voz cheia de frustração. — Mantenha-me atualizada. Eu estarei no espaço de South Bank em breve. — Ela colocou o telefone no gancho e voltou sua atenção para Anya. — Por favor, me diga que isso é café — disse ela.

— É sim — respondeu Anya e entregou-lhe a xícara. — Eu achei que você poderia precisar de um pouco. Eu posso providenciar um chá…

Vivian balançou a cabeça. — Não, café está perfeito. Minha mãe é americana e ela sempre preferiu café, então eu desenvolvi uma apreciação tanto pelo café quanto pelo chá. — Ela sorriu. — Você está preparada para um dia cansativo, mas emocionante?

— Estou. — Anya sorriu para ela. — Irei para o Telekinema em breve. Já terminei tudo por aqui. Há alguma coisa que a senhora precisa que eu faça antes de ir?

Ela balançou a cabeça. — Não. Também irei assim que terminar este café. Vejo você lá, e por favor, peça para o Ben me procurar imediatamente. Quero discutir o primeiro conjunto de filmes que vamos exibir no cinema. Há algumas pequenas mudanças que precisam ser feitas.

— Certo — assentiu Anya. Mas quais mudanças? Eles vinham discutindo tudo nos mínimos detalhes há meses, e os edifícios não foram exatamente erguidos da noite para o dia. — Avisarei assim que chegar ao Telekinema. Porém ele provavelmente já posicionou o primeiro filme. Creio que este primeiro não será alterado?

— Não será — confirmou Lady Vivian. — Alguns dos últimos trocarão de lugar. Ainda teremos os mesmos filmes, mas eles serão exibidos em uma ordem diferente e em dias diferentes. Infelizmente, os programas já impressos não podem ser alterados. Mas faremos questão de postá-los na marquise para que o público esteja ciente das modificações.

Anya não tinha muito a acrescentar, então ela assentiu e virou-se para sair. Quando ela chegou à porta, Lady Vivian chamou-a. — Espere.

— Sim? — perguntou Anya.

— Você terminou o memorando que pedi para você escrever?

— É claro. A senhora quer revisá-lo antes que eu o envie? — Ela deveria ter considerado que Lady Vivian poderia querer fazer isso. A chefe dela podia ser um pouco controladora às vezes. Ela sempre queria examinar tudo que levava o seu nome ou que ela teve participação na execução.

— Sim — respondeu ela enquanto olhava para um documento em sua mesa. — Traga-o para mim antes de sair. Caso precise de alguma mudança, farei anotações. De qualquer forma, eu gostaria que ele fosse enviado amanhã logo cedo para todos os departamentos.

Anya foi até sua mesa e tirou o memorando de uma pilha de páginas datilografadas. A maioria dos documentos já tinham sido colocados em envelopes e enviados, mas as cartas ainda precisavam da assinatura de Lady Vivian, e ela não quereria lidar com isso até ter certeza que o festival estava acontecendo sem problemas. As cartas não eram de alta prioridade, independentemente disso. Com o memorando em mãos, ela voltou para o escritório.

— Aqui está — disse ela a Lady Vivian.

— Fabuloso — respondeu ela. — Coloque-o lá na minha mesa.

— Precisa de mais alguma coisa?

— Não. — Lady Vivian olhou para cima e sorriu para ela. — Vá, tente se divertir um pouco e me ajude a fazer deste dia o melhor para toda a Grã-Bretanha.

— Farei o meu melhor — disse Anya a ela. Ela saiu do escritório de Lady Vivian apressadamente e caminhou para a saída do prédio. O coração dela batia rápido dentro do peito. Ela não sabia por que, mas parecia que algo importante poderia acontecer com ela. Provavelmente não passava de um pressentimento bobo, mas a incomodou um pouco.

Ela colocou o aquela sensação de lado e tentou ignorá-la da melhor maneira que conseguiu e saiu do prédio. Se ela se apressasse conseguiria pegar o próximo ônibus para South Bank. Anya desceu a rua o mais rápido que possível e parou ao lado de uma parada de ônibus. Ela não teve que esperar muito e um ônibus vermelho de dois andares parou em sua frente. Assim que as portas se abriram, ela entrou e escolheu um assento. Não demoraria muito e ela chegaria ao Telekinema e aprenderia em primeira mão todo o processo de exibir filmes para centenas de pessoas de uma única vez.


Anya olhava pela janela enquanto o ônibus passava por algumas das ruas mais famosas de Londres. O trajeto do prédio da Lady Vivian até South Bank, no rio Thames, era curto. O prédio de Anya ficava localizado no meio desse trajeto. Seus pais preferiam que ela tivesse permanecido em casa, mas viajar de Mayfair poderia ser tedioso às vezes, e ela particularmente não tinha vontade de adquirir um automóvel. Não quando poderia ir a pé para a maioria dos lugares ou pegar o ônibus para trajetos mais longos. Talvez ela fosse uma dama da alta sociedade estranha por não ostentar sua riqueza. Ela evitava usar o seu título sempre que possível. Lady Vivian estava ciente de quem os pais de Anya eram, mas respeitava os desejos dela e deixava de lado a parte Lady do seu título. Ela só o usava quando se encontravam em algum evento da alta sociedade e era esperado tal tratamento.

 

O ônibus parou próximo do rio. Ela se preparou para sair, junto com várias outras pessoas. Já havia filas no portão. Pelo menos não seria um fracasso total como algumas pessoas esperavam. Lady Vivian ficaria feliz em ver a multidão. O festival seria celebrado em todo o país, mas as principais festividades seriam realizadas no espaço de South Bank. Diferentes áreas teriam exibições de arte, música, ciência e filmes. Até a arquitetura foi projetada especificamente para o evento. Nenhuma despesa foi poupada.

Anya foi até a entrada dos fundos destinada à aqueles que trabalhavam no festival. Ela mostrou suas credenciais para o guarda, e ele a deixou passar direto para o orgulho e alegria do Festival do Instituto Britânico de Cinema. O Telekinema era um cinema de última geração com 400 lugares e totalmente operado pelo Instituto Britânico de Cinema. Eles tinham planos de exibir películas, programas de televisão e até filmes tridimensionais. Esta era a primeira vez que muitos dos visitantes veriam qualquer imagem sendo televisionado, e Anya estava animada em poder trazer isso para as massas. Um dia aquilo poderia se tornar regra para um evento em grande escala, como o Festival da Grã-Bretanha.

Ela vagou até a área onde o projetor estava sendo montado para exibir alguns dos filmes. Ben estava por perto, conversando com um dos porteiros que trabalharia durante a exibição. — Diga ao resto dos homens para se posicionarem na parte de trás do teatro assim que o filme começar. Ninguém gosta quando sua visão é interrompida desnecessariamente. Seu trabalho é vigiar o público e garantir que ninguém cause problemas. Qualquer tumulto e eles devem ser expulsos do teatro sem discussões. Entendido?

O jovem assentiu. — Eu transmitirei a mensagem.

— Bom — disse Ben. — Abrimos em uma hora. Vá e prepare todo mundo.

O festival em si abriria ao público em meros minutos. O Telekinema ficaria trancado até que houvesse a abertura oficial. Lady Vivian teria que estar lá para fazer seus discursos na abertura do festival e na cerimônia de corte de fita pouco depois disso. Em seguida, o público poderia comprar a entrada para o teatro e ver a lista dos filmes programados para o dia.

Quando o jovem porteiro se afastou, Anya foi até Ben e colocou a mão em seu ombro. Ele deu um pulo. — Cristo, Anya, você está tentando me fazer morrer jovem de um ataque cardíaco?

— Desculpe — respondeu ela. — Eu não quis assustá-lo. Lady Vivian me pediu para lhe dar um recado.

— Está tudo bem — disse ele. — Só estou um pouco nervoso hoje. O que a chefe disse?

Anya repassou a mensagem e ele fez anotações em sua caderneta. — Tudo bem, eu cuidarei disso. Mas ela não já não deveria estar aqui?

— Havia alguns itens de última hora que ela tinha que ver antes de sair. Ela estará aqui a tempo para o grande evento.

Ele não parecia feliz. Talvez tudo aquilo o estivesse envelhecendo prematuramente. Ben não era muito mais velho que ela. Ele tinha, pelo menos, cinco anos para os 21 dela, mas ele parecia ainda mais velho do que Lady Vivian que comemoraria seu 34º aniversário em poucos meses. Ben tinha manchas escuras sob os olhos e sua pele parecia que estava mais pálida do que o normal. O cabelo loiro dele provavelmente não ajudava, era tão claro que quase parecia branco. Ele passou a mão pelas madeixas claras, deixando uma bagunça em seu rastro. — Isso aqui está um caos completo.

Anya olhou em volta dela, mas não viu da mesma maneira que ele. — Parece uma máquina bem lubrificada para mim. Todo mundo está fazendo suas tarefas atribuídas, e quando for a hora de abrir as portas, tudo correrá bem.

— De seus lábios para… — disse ele, e olhou para cima

— … os ouvidos dele.

— Duvido que precisemos da aprovação dele hoje. — Ela não era particularmente religiosa. Anya preferia não acreditar em um poder superior ou destino. Ela queria traçar o seu próprio caminho no mundo e gostava de pensar que ela tomava as suas decisões, não uma entidade todo-poderosa.

— Eu vou aceitar qualquer apoio — disse ele simplesmente. — Precisamos que isso dê certo.

Ele não estava errado. — Dará tudo certo. — Seu tom não era muito entusiasmado, mas ela não sabia mais o que dizer a ele. Ela queria andar por aí e explorar tudo. A última coisa que ela precisava era ter que ser o sistema de apoio dele.

— Eu… — A voz dele falhou quando algo chamou sua atenção. — Pare! — gritou ele. — O que você pensa que está fazendo? — Seu tom ficou frenético e ele começou a acenar com as mãos. Ele deu um passo à frente, provavelmente para impedir a pessoa com quem ele estava gritando de fazer o que ele achava que estava errado.

Anya normalmente não se importaria, mas aquilo a interessou de uma maneira estranha. Ela suspirou e começou a ir embora, mas no último minuto ela virou-se para olhar atrás dela. Alguém estava carregando uma caixa de projeção muito grande e sua visão parecia ser prejudicada por ela. Ben continuou a acenar com as mãos freneticamente. A pessoa que carregava a caixa tropeçou em um fio e a caixa saiu voando para a frente. Anya tentou desviar do caminho, mas não adiantou. A caixa caiu em cima dela, derrubando-a. Sua cabeça quicou várias vezes contra o chão, e tudo ao redor começou a girar, então ficou completamente escuro, e qualquer pensamento que ela poderia ter foi tragado para aquele vazio.

CAPÍTULO DOIS

A cabeça de Anya doeu. Pequenos martelos batiam alegremente contra seu crânio em milhares de lugares diferentes, mas pareciam particularmente focados em sua testa, bem acima dos olhos. Ela estava com medo de abrir as pálpebras, temendo piorar a dor de alguma forma. O que lhe aconteceu? Ela não conseguia se lembrar de como ela se machucou, e ela não tinha certeza se queria.

Uma luz brilhante flutuou acima, forçando-a a bloqueá-la com o braço. Ela virou a cabeça até que seus olhos, ainda fechados, estivessem contra a junção de seu braço dobrado. — Quem acendeu as malditas luzes? — resmungou ela.

— É hora de acordar, Srta. Ana — disse uma mulher. — O duque e a duquesa descerão para o café da manhã em breve, e seu pai espera que você aja como uma verdadeira dama.

— Eu sou uma verdadeira dama — corrigiu ela. Afinal, ela até tinha isso como parte de seu título formal, se decidisse usá-lo. — Não sinto-me muito bem. Por favor, dê-lhes minhas desculpas. — Anya se aninhou nos cobertores e conseguiu se enterrar embaixo deles. Uma vez lá, as palavras que a mulher havia dito penetraram em seu cérebro confuso. Que duque e duquesa? Mas o mais importante: quem diabos era essa mulher, e por que ela se sentiu confortável invadindo o quarto de Anya? Algo não estava certo.

Com cuidado, ela puxou o cobertor e abriu um olho com cautela. A mulher usava um vestido cinza fosco que cobria cada centímetro dela. Era… arcaico. Anya não conseguia pensar em uma palavra melhor para descrevê-la. — Quem é você?

— Ora, vamos, Srta. Ana — disse a senhora, repreendendo-a enquanto balançava um dedo. — Fingir que está doente não vai te ajudar a sair dessa situação. Você conhece suas responsabilidades. — Ela ergueu um vestido azul-marinho, um pouco mais chique do que o cinza fosco que ela usava, contudo, ainda antiquado. — Aqui está o seu vestido de dia. Após o café da manhã, você deve se preparar para a viagem ao estaleiro. Terá uma longa jornada pela frente e demorará um pouco até chegar à Alemanha.

Ela a chamou de Ana? De alguma forma, ela não notou isso da primeira vez. Ela achava que Anya era outra pessoa? Ela mordiscou o lábio inferior, confusa com tudo. Sua cabeça ainda latejava forte. Havia apenas uma maneira de lidar com a situação: deixar-se levar por enquanto. Lentamente, ela conseguiu sentar-se. Até sua camisola era estranha. Ela teria que ligar para seus pais e descobrir por que eles queriam que ela visitasse este tal duque e duquesa. Anya não conhecia essa mulher e não podia deixar de desconfiar dela. Ela torceu o nariz para o vestido. — Eu realmente tenho que usar isso?

— O que há de errado com o vestido? — A mulher olhou para ele e franziu a testa. Seu cabelo era de um castanho opaco com mechas brancas, e seus olhos eram de um cinza metálico que enervava Anya. — É feito da melhor seda. Você mesma escolheu o padrão.

Ela não tinha feito tal coisa, mas não valia a pena discutir com a mulher. Em vez disso, ela suspirou e estendeu a mão. — Tudo bem. Dê para mim e eu o vestirei.

— Você não requer o meu auxílio?

— Eu posso fazer isso sozinha. Eu tenho me vestido há anos. — Esta mulher era claramente da velha escola. As pessoas não tinham mais criadas pessoais.

— Talvez você esteja mesmo se sentindo mal — disse a mulher e aproximou-se dela. Ela colocou uma das mãos na cabeça de Anya. — Você não está quente.

— Por favor, não me toque — pediu Anya com os dentes cerrados. Ela arrancou o vestido das mãos da mulher e se levantou. — Agora, por favor, saia para que eu possa me vestir.

— Aff — disse a velha descontente. — Você está com um excelente humor hoje. Talvez se você não ficasse acordada metade da noite fazendo Deus sabe o quê você estaria bem descansada, em vez de agir como uma harpia pela manhã. Não demore. O duque e a duquesa não vão esperar que alguém como você apareça. — Com essas palavras, ela saiu apressada do quarto.

O que ela quis dizer com aquilo? Ela era Lady Anya Montgomery, e ninguém nunca tinha falado com ela assim. Ela tirou a camisola e procurou um sutiã na cômoda, mas não encontrou nada além de uma camiseta de seda. Isso teria de ser o bastante. O vestido não era tão apertado, e, por enquanto, a camiseta bastaria. Anya a vestiu e olhou para o vestido azul. Tinha botões nas costas. Ela gemeu. Ela desfez dois deles e o deslizou pela cabeça. Felizmente, sua cabeça passou pela abertura do vestido, e então ela lutou para abotoar novamente. Se ela descesse, mesmo que remotamente meio vestida, aquela mulher horrível teria um motivo para reprimi-la.

Ela inspirou fundo e suspirou. Anya ainda não tinha ideia de onde ela estava, mas descobriria em breve. Ela se sentou na penteadeira e pegou uma escova. Quando ela começou a passar pelo cabelo emaranhado, ela quase gritou. Não pela dor que ainda permeava seu crânio, mas pelo reflexo no espelho. Aquela não era ela. Lentamente, ela ergueu a mão e tocou seu rosto. Ela apertou os dedos nas maçãs do rosto várias vezes. Suas unhas deixando pequenas marcas em forma de meia-lua em sua pele. Ainda assim, ela continuou pressionando… Esperando… rezando para que seus medos não fossem verdades. Isso não poderia ser real. Aquilo era um pesadelo… um que ela não conseguiu acordar totalmente.

Aquela mulher a chamou de Ana, não Anya. O nome era parecido o suficiente para ela ter descartado o erro, mas e se ela não fosse mais Anya, mas essa tal pessoa Ana. Isso explicaria toda aquela confusão. No entanto, não explicava como ela acordou no corpo de outra mulher. Aquele era um enredo de um péssimo filme, e ela não gostou nem um pouco disso. Ela queria fechar os olhos e começar o dia inteiro de novo. Mas isso não era possível.

Talvez fosse… Ela poderia deitar-se de volta e fechar os olhos; então quando ela abrisse novamente, tudo estaria acabado. Chega de troca de corpo e criadas arcaicas para atormentá-la. Ela não deveria ao menos tentar? Anya correu para a cama e se jogou nela. Ela cobriu sua cabeça com as cobertas e apertou os olhos.

Nada.

O cérebro dela não parava de pensar, e o sono provou ser impossível. Ela tinha que enfrentar a realidade: este pesadelo era real. Ela ficou deitada lá por vários segundos em descrença, mas os fatos permaneceram os mesmos. De alguma forma, ela teria que sair tropeçando na vida dessa tal Ana e tentar não estragar tudo. O que seria tão impossível quanto a situação em que ela se encontra atualmente…

 

Este duque e duquesa, quem quer que fossem, esperavam que alguém chamada Ana descesse. E se ela falhasse ao tentar se passar por outra mulher, o que fariam com ela? Ela tinha que descobrir o máximo de informações possível sem se entregar. Ela já tinha se chateado e expulsado a criada para fora do quarto

Anya respirou fundo e escovou o cabelo. Em seguida, torceu-o em uma trança e o prendeu em um coque na nuca. Não era um penteado elegante, mas, pelo menos, combinava com o estilo do vestido: antiquado, e bastante desatualizado, pelo menos para Anya… Feito aquilo, ela encontrou os sapatos e saiu do quarto, rezando a cada passo para que conseguisse encontrar a copa sem nenhum problema.


A sorte estava do seu lado… Ela estava familiarizada com aquele estilo de casa e localizar a copa foi fácil. Anya entrou no local e encontrou, o que ela presumiu ser, uma família de quatro pessoas. Um homem, provavelmente o duque, estava sentado à cabeceira da mesa, com a esposa ao lado de uma jovem de cerca de dezesseis anos e do outro lado um menino com a metade de sua idade.

A senhora, provavelmente a duquesa, olhou para ela e disse: — Srta. Ana. — Ela tinha cabelos castanhos dourados e olhos azuis impressionantes. — Por favor, junte-se a nós. Ela gesticulou em direção a uma cadeira ao lado do menino. — Mathias — repreendeu ela. — Pare de brincar com o seu mingau de aveia e coma-o.

Anya conteve um sorriso e se sentou ao lado do menino. Ela se inclinou e sussurrou: — Eu também não gosto muito de mingau de aveia.

Ele franziu a testa e olhou para ela. Ele tinha olhos azuis prateados de tirar o fôlego. O menino inclinou a cabeça para o lado enquanto a estudava e disse: — Quem é você?

Ela engoliu em seco, nervosa com sua pergunta. Como ela responderia a isso? Ele quis dizer isso literalmente, e se fosse, isso significava que ele percebeu que ela não era realmente quem todos eles acreditavam que ela fosse. Ela não teve a chance de responder quando um criado colocou um prato diante dela com ovos mexidos, bacon e torradas. — Obrigada — respondeu ela. Ela conteve um gemido. Sua cabeça ainda doía e agora seu estômago estava enjoando também. Ela olhou para cima e engasgou ao encontrar o olhar da jovem. Do outro lado da sala, ela não tinha percebido… — Lady Vivian — disse ela cuidadosamente. Não podia ser…

— Sim — respondeu Lady Vivian, perplexa. — O que foi?

A última vez que Anya se lembrou de tê-la visto foi no escritório do Instituto Britânico de Cinema. Ela era muito mais velha do que essa garota desolada na frente dela. Ela não estava apenas no corpo de outra pessoa, ela de alguma forma tinha voltado no tempo. O que ela poderia dizer? Ela não poderia dizer simplesmente: “Ah, você não é a Lady Vivian que eu conheço.” Tecnicamente, era a mesma pessoa, apenas uma versão mais jovem. Uma que ela nunca deveria ter conhecido… Inferno, Anya nem havia nascido ainda. Pelo menos ela achava que não… Ela não tinha certeza de que ano era, e ela tinha apenas uma pequena noção de tempo dada a aparência de Lady Vivian. Ela franziu a testa.

— Nada — murmurou ela. — Minhas desculpas, estou com uma terrível dor de cabeça e é difícil manter um pensamento.

— Pobrezinha — disse a duquesa. — Por que você não contou antes? Vou pedir a alguém para trazer algo para você. — Ela estalou os dedos para um criado próximo e ele se afastou. Ele voltou alguns momentos depois com duas aspirinas e Anya tirou-as do prato. Ela engoliu sem pensar, feliz por ter algo para aliviar sua dor de cabeça.

O duque pegou um jornal e o abriu. Anya queria ofegar de novo, mas se segurou por pura força de vontade. As manchetes a preocuparam e lhe deram muito a considerar. A Alemanha estava na frente e no centro da primeira página. Era setembro de 1933 e a perseguição à comunidade judaica já havia começado. Ela engoliu em seco. Isso respondia a algumas de suas perguntas… Como a de que ela já havia nascido, mas não tinha mais do que três anos. Ela não sabia o que fazer ou como agir. Nada disso fazia sentido.

— Ida disse que ela já aprontou todas as suas malas — começou a duquesa. Anya tentou se lembrar do nome dela. Ela sabia… Se ao menos sua cabeça não doesse tanto. — Você está preparada para a longa jornada?

Mais importante, quem era Ida? A resposta veio… a mulher mais velha… a criada pessoal. — Eu acredito que sim. — Anya não tinha outra resposta para… Brianne! O nome da mãe de Vivian era Brianne! Embora não fosse certo usá-lo. Ela deveria dizer Sua Graça e seguir a etiqueta apropriada. — Ela me informou quando me acordou… — Espere… ela também disse que viajariam para a Alemanha. Anya xingou interiormente. Esse era o último lugar que ela queria estar em 1933. A guerra tinha sido terrível e ela não desejava experimentar o pior dela em primeira mão e em um dos lugares mais horrendos de seu ponto culminante.

— Ela é eficiente — disse a duquesa e sorriu. — Foi um prazer ter você aqui. Seu pai foi gentil em nos ajudar quando viajamos para Nova York alguns anos atrás. Como você sabe, minha família mora na Carolina do Sul e tem uma casa em Nova York. — Ela sabia disso… embora tivesse esquecido. — Vivian… — Ela deu a sua filha um olhar cauteloso. — … Perdeu-se no Central Park. Sem a ajuda de seu pai, talvez nunca a tivéssemos localizado.

Hum… Aquilo era interessante. Então a Lady Vivian era um pequeno diabrete. Não se parecia em nada com a mulher que Anya havia conhecido. Se ela algum dia voltasse ao seu próprio corpo e tempo, ela poderia ter que perguntar a Lady Vivian o que ela fez sozinha no Central Park aos quatorze anos de idade. — Meu pai ficou feliz em ajudar. — Ela esperava que isso fosse verdade. Anya não tinha ideia de quem era o seu “pai”.

— Edward Wegner é um bom homem. Espero que ele goste de seu novo cargo com o Embaixador na Alemanha. — O duque dobrou o jornal e colocou-o de lado. — No entanto, não tenho certeza de que ele ficará lá por muito tempo se o clima atual continuar como está. — O duque suspirou. — A Grande Guerra foi horrível e ninguém quer revivê-la, mas temo que possamos caminhar para outra guerra em breve.

O duque não sabia o quanto estava certo. Anya engoliu em seco e tentou comer. Ela espetou os ovos com um garfo e enfiou um pedaço na boca. Afinal, ninguém esperava que ela falasse muito enquanto mastigava.

— Não a assuste, Julian — disse a duquesa. — Ela já está lidando com muita coisa. — A duquesa sorriu para ela. — Mas você já esteve na Alemanha antes. Não é adorável… ao menos as partes que você visitou? Havia algo não identificável na voz da duquesa. Ela tinha estado na Alemanha? Se Anya se lembrava corretamente, o duque fora um espião durante a Primeira Guerra Mundial. Ele provavelmente tinha estado na Alemanha, mas a duquesa era americana. Ela, sem dúvida, ficou segura em casa.

Anya engoliu os ovos, que doeu enquanto desciam por sua garganta. Ela assentiu. — Sim. — Respostas de uma palavra eram boas, não é?

— Eu soube que você está noiva — disse o duque.

— Estou? — Isso não deveria ter saído como uma pergunta. Por que ela estava indo para a Alemanha então?

A duquesa riu. — Você pode querer considerar repensar seu relacionamento se não tiver certeza. Seu pai disse que ele é do Exército Alemão… um oficial de alta patente.

O que essa Ana estava pensando? Ela acreditava na causa nazista? — Tenho certeza de que é a decisão certa a se tomar. — Pelo menos, ela esperava que sim. Talvez Ana amasse o homem. Ela odiaria arruinar seu relacionamento.

— Bem — disse a duquesa. — De qualquer forma, você tem toda a sua vida pela frente. Algumas decisões não podem ser desfeitas tão facilmente, e amar o homem com quem você se casa não deve ser uma decisão difícil.

— Eu concordo — disse Anya, e ela realmente concordava. Se e quando ela se casasse, ela planejava amar o homem de corpo e alma. — Se me derem licença, eu gostaria de me ajeitar antes de ter que sair.

— Claro — respondeu a duquesa. — Caso não te veja mais antes de partir, faça uma boa viagem.

Com essas palavras, Anya saiu da copa. Ela ainda não tinha muitas informações, mas ela descobriu o suficiente para fazê-la hesitar. Isso não era bom… não era nada bom…

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