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O Napoleão de Notting Hill

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– Explicar isso, Señor – respondeu o outro, com um certo orgulho triste – , envolve meramente dizer quem eu sou. Eu sou Juan del Fuego, o presidente da Nicarágua.

A forma com que o presidente da Nicarágua inclinou-se para trás e bebeu xerez mostrou que para ele essa explicação cobria todos os fatos observados e muito mais. No entanto, a testa de Barker ainda estava um pouco cerrada.

– E o papel amarelo – começou, com ansiosa simpatia – e o pano vermelho …

– O papel amarelo e o pano vermelho – disse Fuego, com grandeza indescritível – são as cores da Nicarágua.

– Mas a Nicarágua… – começou Barker, com grande hesitação – A Nicarágua não é mais um…

– A Nicarágua foi conquistada como Atenas. A Nicarágua foi anexada como Jerusalém – exclamou o velho, com um fogo incrível. – O Yankee, o alemão e os poderes brutos da modernidade pisaram nela com cascos de boi. Mas a Nicarágua não está morta. A Nicarágua é uma ideia.

Auberon Quin sugeriu timidamente:

– Uma ideia brilhante.

– Sim – disse o estrangeiro, pegando a palavra. – Você está certo, generoso inglês. Uma ideia brilhante, um pensamento que queima. Señor, perguntou-me por que, no meu desejo de ver as cores do meu país, arranquei papel e sangue. Não consegue entender a santidade antiga das cores? A Igreja tem as suas cores simbólicas. E pensar o que essas cores significam para nós.. Pense da posição de alguém como eu, que não pode ver nada mas essas duas cores, nada mas o vermelho e o amarelo. Para mim todas as formas são iguais, todas as coisas comuns e nobres estão em uma democracia de combinação. Onde quer que haja um campo de calêndulas e o manto vermelho de uma velha, ali está a Nicarágua. Onde quer que haja um campo de papoulas e uma mancha amarela de areia, ali está a Nicarágua. Onde quer que haja um limão e pôr do sol vermelho, ali está o meu país. Sempre que vejo uma caixa de correio vermelha e um por do sol amarelo, há batidas do meu coração. Sangue e um pouco de mostarda podem ser minha heráldica. Se há lama amarela e lama vermelha na mesma vala, é melhor para mim do que estrelas brancas.

– E se – afirmou Quin, com igual entusiasmo – há vinho amarelo e vinho tinto no mesmo almoço, você não pode se limitar ao xerez. Deixe-me pedir algum borgonha, e completar, por assim dizer, uma espécie de heráldica da Nicarágua no seu interior.

Barker estava brincando com sua faca, e estava, evidentemente, decidindo se iria dizer algo, com o intenso nervosismo de um inglês que quer ser amável.

– Devo entender, então – disse enfim, com uma tosse – que você, ahem, era o presidente da Nicarágua quando fez sua – er- deve-se, é claro, concordar, heroica resistência a – er..

O ex-presidente da Nicarágua acenou com a mão.

– Não precisa hesitar ao falar comigo. Estou completamente ciente de que a tendência geral do mundo de hoje está contra mim e contra a Nicarágua. Não consideraria nenhuma descortesia se disser o que pensa dos infortúnios que puseram minha república em ruínas.

Barker pareceu imensamente aliviado e satisfeito.

– É generoso, presidente – disse, com alguma hesitação sobre o título – , e vou aproveitar a sua generosidade para expressar as dúvidas que, devo confessar, nós, modernos, possuímos sobre – er- a independência da Nicarágua.

– Assim, suas simpatias estão – disse Del Fuego, calmamente – com a grande nação que…

– Perdoe-me, perdoe-me, presidente – disse Barker, calorosamente – , minhas simpatias não estão com nação nenhuma. Acho que entende mal o intelecto moderno. Não desaprovamos o fogo e extravagância de repúblicas como a sua para que se tornem mais extravagantes em uma escala maior. Não condenamos a Nicarágua porque pensamos que a Grã-Bretanha deveria ser mais nicaraguense. Não desencorajamos nacionalidades pequenas porque queremos que as grandes nacionalidades tenham sua pequenez, a uniformidade de sua perspectiva, o exagero de seu espírito. Se diferimos com o maior respeito do seu entusiasmo da Nicarágua, não é porque uma nação ou dez nações estão contra você, contra vós está a civilização. Nós, modernos, acreditamos em uma grande civilização cosmopolita, uma que deve incluir todos os talentos de todos os povos…

– O Señor vai me perdoar – disse o presidente. – Posso perguntar ao Señor como, em circunstâncias normais, pega um cavalo selvagem?

– Nunca pego um cavalo selvagem – respondeu Barker, com dignidade.

– Exatamente – disse o outro – , e aqui termina a sua absorção dos talentos. É disto que me queixo do seu cosmopolitismo. Quando diz que quer todos os povos unidos, realmente quer dizer que deseja que todos os povos unam-se para aprender os truques do seu povo. Se beduínos árabes não sabem ler, algum missionário ou professor inglês deve ser enviado para ensiná-los a ler, mas ninguém diz: “Este professor não sabe como montar em um camelo, vamos pagar um beduíno para ensiná-lo.” Você diz que sua civilização irá incluir todos os talentos. Vai? Realmente quer dizer que no momento em que um esquimó aprender a votar em um Conselho Municipal, você aprenderá a caçar uma morsa? Recorrendo ao meu exemplo: na Nicarágua tínhamos uma maneira de capturar cavalos selvagens lançando as patas dianteiras, que era supostamente a melhor na América do Sul. Se você vai incluir todos os talentos, faça-o. Se não, permita-me dizer o que sempre disse, que algo do mundo se perdeu quando a Nicarágua foi civilizada.

– Alguma coisa, talvez – respondeu Barker – , mas algo que era uma mera destreza bárbara. Sei que não poderia lascar pedras como um homem primitivo, mas sei que a civilização pode fazer facas que são melhores, e confio na civilização.

– Está bem acompanhado – respondeu o ex-presidente da Nicarágua. – Muitos homens inteligentes confiaram na civilização. Muitos babilônios inteligentes, muitos egípcios inteligentes, muitos homens inteligentes no fim do Império Romano. Pode me dizer, num mundo onde é flagrante os fracassos das civilizações, o que torna a sua particularmente imortal?

– Acho que não entende muito bem, Presidente, o que é a nossa civilização – respondeu Barker. – Julga como se a Inglaterra ainda fosse uma ilha pobre e combativa; esteve fora da Europa faz muito tempo, muitas coisas aconteceram.

– E em que – perguntou o outro – se resume essas coisas?

– O resumo dessas coisas – respondeu Barker, com grande animação – é que nos livramos das superstições, e não somente das superstições que, com mais frequência e entusiasmo, são assim descritas. A superstição das grandes nacionalidades é ruim, mas a superstição das pequenas nacionalidades é pior. A superstição de reverenciar nosso próprio país é ruim, mas a superstição de reverenciar países de outras pessoas é pior. É assim em toda parte, e em uma centena de maneiras. A superstição da monarquia é ruim, a superstição da aristocracia é ruim, mas a superstição da democracia é a pior de todas.

O velho abriu os olhos com alguma surpresa:

– Então, a Inglaterra não é mais uma democracia?

Barker riu.

– A situação convida o paradoxo. Somos, em certo sentido, a mais pura democracia. Nós nos tornamos um despotismo. Não percebeu como continuamente na história a democracia torna-se despotismo? As pessoas chamam isso de decadência da democracia. É simplesmente o seu cumprimento. Por que ter o problema de numerar, registrar e emancipar todos os inúmeros John Robinsons, quando você pode lidar com somente um John Robinson com o mesmo intelecto ou a falta de intelecto de todo o resto? Os antigos republicanos idealistas fundaram a democracia baseado na ideia de que todos os homens são igualmente inteligentes. Acredite em mim, a democracia sã e duradoura é fundada no fato de que todos os homens são igualmente idiotas. Por que não devemos escolher um dentre eles como qualquer outro. Tudo o que queremos para o governo é um homem que não seja criminoso ou insano, que pode rapidamente olhar sobre algumas petições e assinar algumas declarações. Pense no tempo que foi desperdiçado discutindo a Câmara dos Lordes, os conservadores dizendo que deveria ser preservada porque era boa, e os radicais dizendo que deveria ser destruída porque era estúpida. Mas ninguém viu porque era estúpida, pois essa turba de homens comuns jogados lá por acidente de sangue era um grande protesto democrático contra a Câmara Baixa, contra a eterna insolência da aristocracia de talentos. Estabelecemos agora na Inglaterra, o que todos os sistemas têm tateado vagamente, o maçante despotismo popular sem ilusões. Queremos um homem à frente do nosso Estado, não porque ele é brilhante ou virtuoso, mas porque ele é um homem e não uma multidão vibrante. Para evitar a possibilidade de doenças hereditárias e coisas desse tipo, abandonamos a monarquia hereditária. O rei da Inglaterra é escolhido como um jurado em uma lista oficial de rotação. Além de que todo o sistema é tranquilamente despótico, e ninguém sequer levanta um murmúrio.

– Quer dizer – perguntou o Presidente, incrédulo – que vocês escolhem um homem comum que esteja a mão e fazem dele um déspota, que confiam nas chances de uma lista alfabética…

– E por que não? – gritou Barker. – Metade das nações históricas não confiaram nas chances dos filhos mais velhos de filhos mais velhos, e metade delas não obtiveram resultados razoáveis? Um sistema perfeito é impossível; mas ter um sistema é indispensável. Todas as monarquias hereditárias foram uma questão de sorte: assim são monarquias alfabéticas. Pode encontrar um profundo significado filosófico na diferença entre os Stuarts e os Hanoverians? Acredite em mim, me comprometo a encontrar um profundo significado filosófico no contraste entre a negra tragédia de A, e o sucesso contínuo de B.

– E vocês arriscam? Embora o homem pode ser um tirano, um cínico ou um criminoso.

– Corremos o risco – respondeu Barker, com perfeita placidez. – Suponha que ele é um tirano, ainda deve lidar com uma centena de tiranos. Suponha que ele é um cínico, é de seu interesse para governar bem. Suponha que ele é um criminoso, removendo pobreza e substituindo por poder, colocamos em cheque sua criminalidade. Em suma, através do despotismo substitutivo impusemos controle total num criminoso e controle parcial sobre todo o resto.

 

O velho cavalheiro da Nicarágua inclinou-se com uma expressão estranha nos olhos.

– Minha igreja, senhor, me ensinou a respeitar a fé. Não quero desrespeitar qualquer um de vocês, mas realmente quer dizer que confia num homem comum, o homem que pode estar ao seu lado, como um bom déspota?

– Confio – disse Barker, simplesmente. – Ele pode não ser um bom homem. Mas ele será um bom déspota. Pois, quando se trata de um simples negócio rotineiro de governo, ele vai se esforçar para fazer justiça ordinária. Não assumimos a mesma coisa em um júri?

O velho Presidente sorriu.

– Não sei se tenho qualquer objeção particular em detalhes para o seu excelente esquema de governo. Minha única objeção é bastante pessoal. É que se me perguntassem se gostaria de participar disto, perguntaria em primeiro lugar, se não seria permitido, como alternativa, ser um sapo em uma vala. Isso é tudo. Não se pode argumentar com a escolha da alma.

– Da alma – disse Barker, franzindo o sobrolho – não posso falar nada, mas atendendo-se ao interesse público..

De repente, o sr. Auberon Quin levantou-se.

– Se me dão licença, senhores, sairei por um momento para tomar ar.

– Sinto muito, Auberon – disse Lambert, gentilmente. – Sente-se mal?

– Não mal exatamente – disse Auberon, contido – , bem, na verdade. Estranha e ricamente bem. O fato é que quero refletir um pouco sobre essas belas palavras que acabam de ser proferidas. “Atendendo-se” … sim, era essa a frase, “atendendo-se ao interesse público.” Não se pode tirar o mel de tais coisas sem ficar um pouco só.

– Será que ele está realmente fora de si? – perguntou Lambert.

O velho Presidente cuidava dele com olhos estranhamente vigilantes.

– Acredito que é um homem que não deseja nada, exceto uma piada. É um homem perigoso.

Lambert riu no ato de levantar macarrão à boca.

– Perigoso! Não conhece Quin, senhor!

– Todo homem perigoso – disse o velho sem mover-se – é o que só se preocupa com uma coisa. Eu mesmo já fui perigoso.

E com um sorriso agradável, terminou o café e levantou-se, inclinando-se profundamente, e entrou na neblina, que havia crescido novamente densa e sombria. Três dias depois souberam que havia morrido calmamente num alojamentos no Soho.

Em outro lugar, em meio ao mar escuro da névoa estava uma pequena figura abalada e com tremores, com o que poderia ser à primeira vista terror ou malária: mas que na verdade sofria de uma estranha doença, o riso solitário. Ele estava repetindo novamente para si mesmo com um rico sotaque – Mas, atendendo-se ao interesse público…

A Colina de Humor

– Em um pequeno jardim quadrado de rosas amarelas, ao lado do mar – disse Auberon Quin – houve um ministro dissidente que nunca tinha ido a Wimbledon. Sua família não entendia a tristeza ou o olhar estranho em seus olhos. Mas um dia eles se arrependeram de sua negligência, pois ouviram que um corpo havia sido encontrado na costa, fustigado, mas usando botas de couro patente. Aconteceu dele não ser o tal ministro. Mas no bolso do homem morto havia um bilhete de volta para Maidstone.

Houve uma breve pausa enquanto Quin e seus amigos, Barker e Lambert, foram andando no meio da relva lamacenta dos jardins de Kensington. Então, Auberon retomou:

– Essa história – disse respeitosamente – é o teste de humor.

Eles caminharam cada vez mais rápido, atravessaram a grama alta quando começaram a subir uma ladeira.

– Percebo – continuou Auberon – que passaram no teste, e consideram a anedota dolorosamente engraçada, já que não dizem nada. Só o humor grosseiro é recebido com aplausos de taverna. A grande anedota é recebida em silêncio, como uma bênção. Sentiu-se muito abençoado, não é, Barker?

– Entendi – disse Barker, um tanto arrogantemente.

– Sabe – disse Quin, com uma espécie de alegria idiota – tenho muitas histórias tão boas quanto esta. Ouça isso.

E limpou um pouco a garganta:

– O dr. Policarpo era, como todos sabem, um bimetalista invulgarmente pálido. Pessoas de larga experiência diziam: “Lá vai o mais pálido bimetalista de Cheshire”. Uma vez isso foi dito de forma que ele ouviu: foi dito por atuário, sob um por do sol lilás e cinza. Policarpo se voltou para ele. “Pálido!”, gritou ferozmente, “Pálido! Quis tulerit Gracchos de seditione querentes”. Foi dito que nenhum atuário jamais se meteu com o dr. Policarpo novamente.

Barker concordou com uma sagacidade simples. Lambert só grunhiu.

– Aqui está outra – continuou Quin, insaciável. – Em um oco das colinas verde cinzentas da chuvosa Irlanda, viveu uma mulher muito velha, cujo tio sempre torcia para Cambridge na regata. Mas em seu oco verde cinzento, ela não sabia nada disto: não sabia que houve uma regata. Também não sabia que tinha um tio. Ela não sabia de nada, exceto de George I, de quem tinha ouvido falar (não sei porquê), e nessa memória histórica, ela confiava. Até que Deus quis que chegasse o dia quando descobriu-se que esse tio dela não era realmente seu tio, e vieram-lhe dizer isso. Ela sorriu em meio às lágrimas, e disse apenas: “A virtude é sua própria recompensa.”

Novamente houve um silêncio, e então Lambert disse:

– Parece um pouco misterioso.

– Misterioso! – exclamou o outro. – O verdadeiro humor é misterioso. Não percebe o principal incidente dos séculos XIX e XX?

– E qual é? – perguntou Lambert, breve.

– É muito simples – respondeu o outro. – Até então era a ruína de uma piada que as pessoas não a entendessem. Agora é a vitória sublime de uma piada que as pessoas não a entendam. Humor, meus amigos, é a santidade que restou para a humanidade. É a única coisa que causa medo. Olhe para a árvore.

Seus interlocutores olharam vagamente para uma faia que se inclinava em direção a eles a partir do cume da colina.

– Se – disse o Sr. Quin – eu dissesse que não viram as grandes verdades da ciência exibidas por aquela árvore, embora estejam escancaradas para um homem de intelecto, o que pensariam ou diriam? Simplesmente me considerariam como um pedante com uma teoria irrelevante sobre algumas células vegetais. Se dissesse que não veem naquela árvore a vil má gestão da política local, iriam me repudiar como um socialista maluco com alguma mania particular sobre parques públicos. Se dissesse que vocês são culpados da blasfêmia suprema de olhar para a árvore e não ver nela uma nova religião, uma revelação especial de Deus, poderiam simplesmente dizer que sou um místico, e não pensar mais em mim. Mas – e levantando uma mão pontifical – se digo que não podem ver o humor daquela árvore, e que eu vejo o humor dela, meu Deus! Poriam-se sob os meus pés.

Parou um momento, e depois retomou.

– Sim; um senso de humor, um estranho e delicado senso de humor, é a nova religião da humanidade! É para onde os homens vão se dirigir com o ascetismo dos santos. Farão exercícios, exercícios espirituais. Perguntarão: “Consegue ver o humor desta grade de ferro?” ou “Pode ver o humor deste campo de milho? Pode ver o humor das estrelas? Pode ver o humor dos pores do sol?” Quantas vezes ri sozinho até dormir por causa de um por do sol violeta.

– Isso mesmo – disse Barker, com um inteligente embaraço.

– Deixe-me contar uma outra história. Quantas vezes acontece que os deputado de Essex são menos pontuais do que se poderia supor. O deputado menos pontual de Essex foi, talvez, James Wilson, que disse, no instante de arrancar uma papoula…

De repente, Lambert se voltou e bateu sua bengala no chão numa atitude desafiadora.

– Auberon, pare. Não suporto isso. É tudo tolice.

Os dois homens olharam para ele, pois havia algo muito explosivo nas palavras, como se estivessem entaladas penosamente por um longo tempo.

– Você – começou Quin – não tem..

– Não me importo com uma maldição – disse Lambert, violentamente – se tenho “um senso de humor delicado” ou não. Não vou suportar isso. É tudo uma fraude para confundir-nos. Não há nenhuma piada naqueles contos infernais. Você sabe disso tão bem quanto eu.

– Bem – respondeu Quin, lentamente – , é verdade que eu, com meu processo mental gradual, não vi nenhuma piada neles. Mas, Barker, com seu sentido mais sutil, achou engraçado.

Baker ficou bem vermelho, mas continuou a olhar para o horizonte.

– Seu idiota – disse Lambert – por que você não pode ser como as outras pessoas? Por que não pode dizer algo realmente engraçado, ou segurar a sua língua? O homem que se senta em um chapéu em pantomina é uma visão muito mais engraçada do que você.

Quin o considerou firmemente. Eles haviam chegado ao topo da serra e o vento atingiu seus rostos.

– Lambert – disse Auberon – , você é um grande e bom homem, embora que eu seja enforcado se você aparenta isso. Mais ainda. É um grande revolucionário ou um salvador do mundo, e estou ansioso para vê-lo esculpido em mármore entre Lutero e Danton, se possível na sua atitude atual, o chapéu ligeiramente para o lado. Eu disse enquanto subia o morro que o novo humor era a última das religiões. Você fez do humor a última das superstições. Mas deixe-me dar-lhe um aviso muito sério. Tenha cuidado ao me pedir para fazer algo outré, como imitar o homem da pantomima, e me sentar no meu chapéu. Porque eu sou um homem cuja alma foi esvaziada de todos os prazeres, exceto a loucura. E por dois pence faria isso.

– Então faça – disse Lambert, balançando com impaciência sua bengala. – Seria mais engraçado do que a bobagem que conta.

Quin, de pé no alto do morro, estendeu a mão em direção à avenida principal do Jardim de Kensington.

– A duzentos metros de distância, estão todos os seus conhecidos elegantes com nada para fazer na terra exceto olhar para si mesmos e para nós. Estamos de pé sobre uma elevação sob o céu aberto, como se fosse um pico de fantasia, um Sinai de humor. Estamos num grande púlpito ou plataforma, iluminado com a luz solar, e metade de Londres pode nos ver. Tenha cuidado com o que sugerir para mim. Porque há em mim uma loucura que vai além do martírio, a loucura de um homem completamente ocioso.

– Não sei do que você está falando – disse Lambert, com desprezo. – Só sei que prefiro você preso na sua cabeça tola, do que falando tanto.

– Auberon! Pelo amor de Deus… – gritou Barker, saltando para a frente, mas foi muito tarde. Faces de todos os bancos e avenidas se viraram em sua direção. Grupos pararam e pequenas multidões se reuniram, e a luz do forte sol pegou a cena toda em azul, verde e preto, como uma imagem em uma livro infantil. E no topo da colina o pequeno Sr. Auberon Quin estava, com destreza atlética considerável, de ponta cabeça, e acenando com suas botas de couro no ar.

– Pelo amor de Deus, Quin, levante-se e não seja um idiota – gritou Barker, torcendo as mãos – teremos a cidade inteira aqui.

– Sim, levante, levante-se, homem – disse Lambert, divertido e irritado. – Eu só estava brincando, levante-se.

Auberon o fez com um salto, e atirando seu chapéu acima das árvores, começou a pular em uma perna com uma expressão séria. Barker passou a bater o pé no solo descontroladamente.

– Oh, vamos para casa, Barker, e deixá-lo – disse Lambert – , alguns policiais adequados e corretos vão cuidar dele. Aí vêm eles!

Dois homens de aparência séria com uniformes discretos vieram até o morro na direção deles. Um deles trazia um papel na mão.

– Lá está ele, oficial – disse Lambert, alegremente. – Não somos responsáveis por ele.

O oficial virou-se para o travesso sr. Quin com um olhar silencioso.

– Meus senhores, não viemos aqui por causa do que acredito estão aludindo. Nós viemos do quartel-general anunciar a seleção de Sua Majestade, o Rei. É a regra, herdada o antigo regime, que a notícia deve ser trazida para o novo soberano imediatamente, onde quer que esteja; então o seguimos até o jardim de Kensington.

Os olhos de Barker estavam em chamas no seu rosto pálido. Ele era consumido com a ambição por toda sua vida. Com a magnanimidade embrutecida do intelecto, realmente acreditava no método de seleção de déspotas pelo acaso. Mas esta sugestão súbita, que a seleção poderia ter caído em cima dele, o enervou com prazer.

– Qual de nós – começou, mas o respeitoso funcionário o interrompeu.

– Não o senhor, sinto informar. Se me é permitido dizê-lo, sabemos de seus serviços para o governo, e seriamos gratos se fosse. A escolha recaiu …

 

– Deus abençoe a minha alma! – disse Lambert, saltando dois passos para trás. – Não eu. Não diga que eu sou o autocrata de todas as Rússias.

– Não, senhor – disse o oficial, com uma leve tosse e um olhar para Auberon, que estava, naquele momento, colocando a cabeça entre as pernas e fazendo um barulho como uma vaca. – No momento, o cavalheiro a quem temos que parabenizar parece estar – er-er- ocupado.

– Quin? Não! – gritou Barker, correndo até ele – não pode ser. Auberon, pelo amor de Deus, componha-se. Você foi escolhido Rei!

Com a cabeça ainda de cabeça para baixo entre as pernas, o sr. Quin respondeu modestamente:

– Não sou digno. Não posso razoavelmente pretender me igualar aos grandes homens que já empunharam o cetro da Grã-Bretanha. Talvez a única peculiaridade que posso afirmar é que sou provavelmente o primeiro monarca que expressou sua alma ao povo de Inglaterra com a cabeça e corpo na presente posição. Isto pode dar-me, para citar um poema que escrevi na minha juventude: Um ofício mais nobre na terra

Do que por valor, poder cerebral, ou nascimento

Poderiam dar aos reis guerreiros antigos. Assim, com o intelecto esclarecido por essa postura…

Lambert e Barker foram encima dele.

– Não entende? – gritou Lambert. – Não é uma piada. Eles realmente te escolheram rei. Por Deus! Devem ter gostos extravagantes.

– Os grandes bispos da Idade Média – disse Quin, chutando as pernas no ar, enquanto era arrastado mais ou menos de cabeça para baixo – tinham o hábito de recusar a honra da eleição três vezes e depois aceitá-la. Uma mera questão de detalhes me separa desses grandes homens. Aceitarei o cargo três vezes e recusá-lo depois. Oh! vou trabalhar duro para vocês, meus fiéis! Terão um banquete de humor.

Por então, já havia sido aterrizado de cabeça para cima, e os dois homens ainda estavam tentando em vão impressioná-lo com a gravidade da situação.

– Não me disse, Wilfrid Lambert, que eu teria mais valor público se adotasse uma forma mais popular de humor? E quando uma forma popular de humor deveria ser mais firmemente pregada senão agora, quando me tornei o queridinho de todo um povo? Oficial, – continuou ele, dirigindo-se para o mensageiro assustado – não existem cerimônias para comemorar a minha entrada na cidade?

– Cerimônias – começou o oficial, com constrangimento – foram mais ou menos esquecidas por algum tempo, e…

Auberon Quin começou a gradualmente tirar o casaco.

– Toda cerimônia – disse ele – consiste na inversão do óbvio. Assim, os homens, quando desejam ser padres ou juízes, vestem-se como mulheres. Por favor, me ajude com este casaco – e o segurou.

– Mas, Majestade – disse o oficial, depois de um momento de confusão e manipulação – está colocando-o com as caudas na frente.

– A inversão do óbvio – disse o rei, com calma – é o mais próximo a que podemos chegar de um ritual com nosso imperfeito aparato. Pode continuar.

O resto da tarde e noite foi para Barker e Lambert um pesadelo, que não poderiam apropriadamente compreender ou recordar. O rei, com seu casaco invertido, foi para as ruas que estavam à espera dele, e para o antigo palácio de Kensington, que era a residência real. Enquanto passava pequenos grupos de homens, os grupos se transformou em multidões, e emitiam sons que pareciam estranhos para acolher um autocrata. Barker andou atrás, seu cérebro cambaleando, e, enquanto a multidão crescia mais espessa, os sons se tornaram ainda mais incomuns. E quando alcançou o grande mercado local em frente à igreja, Barker sabia que tinha chegado, embora estivesse bem atrás, porque subiu uma gritaria como nunca antes havia recebido nenhum dos reis da terra.

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