A Garota Que Se Permite

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5

CINCO

— EU DEVIA TER ADIVINHADO que vocês acabariam se esbarrando. — A voz de John cortou a música que eu coloquei para tocar no fone para abafar meus pensamentos. Não havia nada como um pouco de Jason Aldean para te animar quando você não queria pensar na vida. Eu estava ignorando que o nome dele era Jason e me concentrando na parte Deus do Country Rock da equação.

Puxei meus fones de ouvido e olhei para ele encostado na ponta do braço da cadeira de Jenna.

— Quem?

Se essa fosse outra tentativa de me dizer como conhecer homens, eu teria que reconsiderar vir para cá, mocha ou não.

— Você e Jenna. Jenna é justamente a pessoa que precisamos perguntar sobre o apartamento.

Eu me virei para a adorável elfa meio escondida atrás da tela de 17 polegadas de seu notebook.

— Você está se mudando?

Sua alegria pareceu diminuir um pouco quando ela balançou a cabeça.

— Não eu. Ben está indo para Londres por um ano e estava pensando em sublocar seu apartamento.

Uau! De certa forma, isso era pior do que levar um fora. Pelo menos eu poderia superar meu ex-idiota. Eu senti que já estava quase lá. Mas, se alguém que eu realmente amasse estivesse indo embora por doze meses… Sim, isso seria um tanto merda. Muita merda.

— Então, ele está apenas querendo sublocá-lo?

Jenna acenou com a cabeça. — Talvez. Ele não tem certeza. A empresa está pagando pela casa dele em Londres, então não é como se ele estivesse saindo no prejuízo. Mas faz sentido ter alguém lá.

Pensei no bairro excessivamente charmoso em que estávamos e em minha falta de dinheiro para bancar tal charme.

— Fica aqui perto? Provavelmente não posso pagar nada neste bairro. — Eu estava ficando cansada da minha própria história de desgraça neste momento. — Eu perdi meu emprego e deveria ir morar com meu namorado, agora ex-namorado, neste fim de semana, então, o aluguel vai ser apertado. Tenho cinco semanas de compensação do trabalho e algumas economias, mas não quero acabar em uma situação ruim em termos de dinheiro.

— Bem, ele vai passar aqui esta tarde. Podemos perguntar o que ele está pensando em cobrar quando ele chegar aqui. Você tem muitos móveis?

— A partir de amanhã? — Eu não conseguia acreditar na situação que fui parar. Que eu permiti que Jason me jogasse. — Basicamente nada.

Jenna e John olharam para mim como se eu tivesse acabado de dizer a eles que fui forçada a colocar meu cachorro para dormir… Você sabe, aquele que eu não tenho e que urinou no meu tapete que não é mais meu.

— É uma longa história — expliquei, esperando não ter que explicar. — Cheia de tristeza e muito site de vendas.

— Certo. — Jenna pegou o celular e estava enviando uma série de mensagens de texto antes mesmo de me responder.

— Então, Kasey. Qual é o plano? — perguntou John, se acomodando na cadeira ao lado de Jenna e tomando um gole de qualquer coisa que cheirava deliciosamente em sua xícara.

— O plano?

— O plano colocando-a-vida-de-volta-nos-trilhos.

Ah… esse plano.

Pensei em evitar a pergunta, mas como hoje era meu primeiro dia oficial como freelancer, provavelmente deveria compartilhar isso.

— Estou começando meu próprio negócio.

— Sério? — Ele pareceu um pouco preocupado. O que, sendo ele um empresário, achei irônico. E preocupante.

— Pois é. Sou designer gráfico. Eu já fiz uma tonelada de campanhas de marketing. Achei que a melhor opção era começar a fazer isso sozinha e trabalhar com uma base de clientes menor do que executar grandes projetos corporativos. Além da coisa toda de: perdi meu emprego.

Jenna olhou para cima, me estudando. Pela primeira vez, vi nela alguém que não era esquisita. Alguém que sabia o que estava fazendo.

— Você tem alguma amostra do seu trabalho?

Droga! Amostras. Eu não tinha chegado tão longe.

— Estou fazendo algumas análises de mercado primeiro para ver em que grupos e clientes avulsos provavelmente estão interessados e são capazes de pagar. Mas, se você estiver curiosa… — Eu rabisquei cinco dos últimos sites que fiz em conjunto com um plano de marketing. — Eu fiz o argumento de venda e acompanhei todos esses projetos.

Jenna pegou o papel e digitou o primeiro. Eu a observei, seu nariz franzido, olhos focados, enquanto ela rolava pela página do primeiro site.

— Quanta liberdade criativa eles lhe deram?

— Depende do cliente. Às vezes, eles não têm ideia do que querem. Às vezes, eles têm só uma visão. — Eu sorri, pensando em meu último trabalho com um advogado que pensava que era um artista desperdiçado. — Ocasionalmente, a visão que eles têm do projeto é possível de fazer. Sempre faço um questionário com os meus clientes de qualquer maneira, o que ajuda a esclarecer as coisas de ambos os lados.

Eu rabisquei questionário na minha lista de tarefas. Era melhor eu já tê-los prontos. E cartões de visita. E meu próprio site. E uma marca. Você sabe, nada que consome muito tempo.

Fiz mentalmente a matemática do quanto-dinheiro-tinha-em-minha-conta, feliz por poder fazer o trabalho sozinha agora.

Jenna assentiu novamente. — Deixe-me olhar. Posso ter mais algumas perguntas.

Olhei para John, sem saber o que estava acontecendo, mas muito feliz. Se eu estivesse interpretando bem a situação, talvez tivesse a minha primeira cliente.

— Vocês, senhoritas, aproveitem as bebidas. — Ele se levantou, balançando sua caneca vazia enquanto caminhava. — Eu tenho que ir tocar o barco.

Um olhar de volta para Jenna me mostrou que eu deveria deixá-la em paz. Uma coisa que aprendi trabalhando em um ambiente corporativo era quando deixar o cliente pensar.

E, se eu fosse ter um cliente, tinha algumas coisas para fazer antes. Olhei para minha lista de tarefas fingindo que tudo aquilo poderia ser feito em uma tarde. Afinal, a ignorância, mesmo no estilo negação, era uma bênção.

6

SEIS

— E AÍ, LINDA. Criando mundos para depois destruí-los?

Esse tinha que ser o Ben. Não apenas porque ele puxou uma cadeira e se sentou praticamente no colo de Jenna e beijou sua testa enquanto se sentava, mas porque eu poderia facilmente acreditar que ele era o segundo cara mais lindo da cidade.

E apaixonado. Ele estava totalmente apaixonado.

— Acabei de acrescentar um acidente de carro enquanto o motorista estava enviando uma mensagem de texto. Só não tenho certeza se é engraçado o suficiente.

Eu não tinha certeza se uma situação daquela tinha alguma maneira de ser algo engraçado, mas o que eu sabia?

— Quero dizer — continuou ela. — É um assunto sério, mas, ainda assim, tem que ser engraçado.

Ben assentiu como se esta fosse uma conversa normal.

— Ah.... Ben! — exclamou Jenna, fechando seu notebook e apontando para mim. — Esta é Kasey Lane. Não é um dos melhores nomes de todos os tempos?

Ben me ofereceu a mão e um sorriso que me disse que ele faria tudo para agradá-la, ou quase tudo. Eu não poderia imaginar encontrar um cara que visse o meu melhor no que os outros consideravam um pouco estranho.

— Ben Donahue.

— Kasey do nome incrível.

Ele deu aquele sorriso para mim e eu não culpei Jenna nem um pouco por estar caidinha por ele. Onde ela era a típica garota nerd de óculos, ele era o típico cara de óculos modelo de catálogo e gostosão. Eles teriam os filhos míopes mais adoráveis de todos os tempos.

— Então, Srta. do Nome Incrível, ouvi dizer que você está procurando um novo lugar para morar.

Aquilo era constrangedor. Mais do que constrangedor. Mas, o que eu poderia fazer? Era verdade, eu estava desesperada e ele poderia ser a resposta.

Eu contei a ele o básico: Emprego perdido, nova empresa, rompimento ruim, o fim.

— Caras podem ser a ruína de todas as coisas boas. Eu sou um cara, mas tento me encaixar em somente cinquenta por cento dos quesitos básicos.

— Cinquenta por cento?

— Meus dois melhores amigos. Um é mulherengo e o outro está tentando salvar o mundo.

— Eu não sabia que uma coisa excluía a outra. — Eu coloquei a mão sobre minha boca. Nada como insultar o amigo do cara de quem eu estava pedindo um favor.

Ben riu. — Certo. Até que faz sentido. Mas Max é um cara legal. Ele foi meu colega de quarto na faculdade. Dane, bem... As mulheres acham que ele é atraente. Vamos resumir assim. Acho que eles se cancelam.

Jenna fechou seu laptop e o colocou de lado. — Você vai gostar do Max. Você vai gostar do Dane também. É quase impossível não gostar, uma vez que você consiga ouvir o que ele diz através daquela beleza cegante que entorpece todos os seus sentidos.

Isso era tudo que eu precisava… mais homens mulherengos. Eles provavelmente tinham namoradas de conveniência que não os pressionavam por um compromisso mesmo estando juntos há anos… ou, você sabe, fossem morar juntos.

— Então, o negócio é o seguinte. Tenho uma casa a cerca de duas quadras daqui. Eu estarei fora por cerca de um ano. — Ele estendeu a mão e envolveu a mão de Jenna na sua. — Quando eu voltar para visitar, eu posso querer entrar no meu depósito, no mais, eu apenas ficaria com Jenna, se não acontecer mais nenhum desastre natural em sua casa. Eu me sentiria bem tendo alguém lá. Saber que não haverá problemas com canos congelados ou arrombamentos neste inverno. Eu estava pensando que isso seria um bom negócio para todos.

Dois quarteirões de distância ficava perto demais de uma região superbonita. Eu tinha certeza de que não seria capaz de pagar um preço que fosse vantajoso para as duas partes, até que ele disse o valor.

 

— Você não pode estar falando sério. Você pode conseguir o dobro disso.

Ben deu de ombros. — Não preciso do dinheiro por causa do trabalho que arrumei. Minha hipoteca é baixa e seremos nós dois dividindo-a meio a meio. Achei que você gostaria de ver o lugar hoje.

— Após o almoço. Você terá que sentar-se para uma refeição conosco enquanto isso, eu irei interrogá-la sobre sua nova empresa e o grande favor que você vai fazer por mim em troca de morar na casa do meu namorado.

Vou ser honesta, essa declaração, mesmo dita em sua vozinha alegre, me deixou um pouco nervosa.

Jenna voltou a digitar enquanto Ben e eu conversávamos. Me senti estranha batendo papo com o cara dela.

— Não ligue para ela. Ela vai ficar em seu próprio mundo até chegar a um bom ponto para parar.

Com um estalo, ela finalmente fechou o notebook. — Estou pronta para almoçar a hora que vocês quiserem.

De alguma forma, ela fez aquilo soar como se fosse ela quem estivesse nos fazendo esperar esse tempo todo.

— É claro que você está. Mas, Kasey estava tentando terminar algum trabalho. — Ben se inclinou e a beijou levemente antes de olhar para mim com um sorriso. — Estamos trabalhando na parte da conscientização.

— Estou perfeitamente ciente. Só estou com fome.

— Bem, podemos pegar um lanche para você, se isso for fazer você ser legal com a nossa companhia. — Ben se recostou na cadeira, observando Jenna guardar suas coisas.

Jenna parecia triste. Quem olhasse acharia que Ben a estava matando de fome. — Talvez apenas um pequeno lanche. Quer dizer, porque teremos que esperar, depois caminhar até o restaurante e depois esperar pela comida. Então faz sentido um lanche.

— É claro que faz. — Ben me deu um sorriso quando ele se levantou e foi em direção ao balcão. — Nunca fique entre Jenna e seu computador, ou sua comida. Tirando isso, ela é um amor.

Bom saber.

Eu estava prestes a comentar sobre a cintura minúscula de Jenna contrastando com o seu apetite não tão pequeno, mas em vez disso achei que era melhor terminar minha pesquisa para que pudéssemos levar a garota a um restaurante.

Se a comida fosse o caminho para o coração de Jenna, e Jenna fosse o caminho para o apartamento do Ben, eu poderia nos levar a um local de almoço mais rápido do que um bunda-mole mulherengo poderia dispensar uma garota que não enxergava em que tipo de relacionamento na verdade estava.

7

SETE

O APARTAMENTO DO BEN era tudo o que uma garota poderia sonhar. Instalado no último andar de um prédio estilo brownstone, o lugar tinha um pequeno “terraço” que era basicamente a cobertura do apartamento de baixo, um cantinho de café da manhã com uma grande janela, e uma pequena, mas confortavelmente mobiliada sala de estar. A cozinha era pequena, mas tinha um micro-ondas elevado para economizar espaço no balcão, e maximizar a minha capacidade de me alimentar. O quarto fazia divisa com a sala de estar e em um canto cercado por janelas ficava uma escrivaninha fofa.

Eu poderia viver aqui. Eu poderia até trabalhar aqui.

— Como você pode ver, a maior parte da minha hipoteca é localização. — Ben deu um pequeno sorriso autodepreciativo. — É tão pequeno que tive que aprender a mantê-lo limpo. Até uma meia no chão faz tudo parecer bagunçado. O prédio tem regras sobre tudo, então é melhor ter alguém sempre aqui. Mas, é um ótimo espaço e eu não quero ter que vendê-lo.

Se fosse meu, também nunca iria querer perdê-lo.

— Você está realmente disposto a sublocá-lo para mim a esse preço?

— Na verdade eu não ia sublocá-lo. A empresa que contratou meu grupo vai nos acomodar em Londres. Agora eu não vou ter que me preocupar se algo acontecer no prédio, e eu posso me dar ao luxo de voltar para casa com mais frequência. — Ben passou um braço em volta de Jenna. — Você pode ver como o acordo é vantajoso para nós dois.

Eu dei outra volta ao redor do lugar, como se tivesse uma decisão a tomar.

— Eu não posso agradecer o suficiente por isso. Jason me devolveu meu primeiro aluguel e metade da minha parte da fiança, então eu posso transferir o valor ainda hoje.

— Ele te devolveu metade do que você pagou pela fiança? — Jenna colocou as mãos nos quadris quando perguntou.

— Eu sei, mas não sabia o que dizer quando tudo aconteceu. Ele me deu junto com um cartão.

— Ah! O que o cartão dizia? — Jenna tinha aquele brilho nos olhos que estava se tornando familiar. Ela era provavelmente a pessoa mais curiosa que eu já conheci.

— Jenna, nem todos gostam de compartilhar cada detalhe de sua vida pessoal.

— Na verdade… — Eu cavei na minha bolsa procurando o envelope. — Eu nem abri ainda.

— Você não checou se o dinheiro estava todo aí?

— Bem, eu imaginei que quem mentiria sobre devolver apenas metade do seu dinheiro.

Todos nós olhamos para o envelope como se ele fosse começar a falar.

— Bom. — Jenna começou a se balançar. — Abra.

— Amor… — Ben obviamente passava muito tempo gentilmente alertando-a.

— Não. Vamos abri-lo. — Eu rasguei o canto e enfiei meu dedo, passando-o por cima até que eu pudesse puxar o dinheiro e o cartão de dentro. O dinheiro era exatamente a quantia que ele tinha me dito. — Tudo aqui.

— Leia o cartão.

— Jenna Jameson Drake. — Ben a pegou pelos ombros e a afastou de mim para que, com sorte, ela perdesse o foco. — Talvez ela queira ritualisticamente queimar o cartão sem nunca tê-lo lido.

— Uh, essa é boa. — Comecei a considerar os lugares onde poderia queimar a coisa sem ter que depois chamar os bombeiros. — Você é bom nisso… Você deve ter sido uma mulher na vida passada.

— Sou seguro o suficiente da minha masculinidade para aceitar isso como um elogio.

Certo, aqui vai. Tirei o cartão e examinei.

— Tem um gato na capa. Ele está usando uma cartola. — Eu segurei-o para que eles pudessem ver o desenho da capa. — E dentro…

Eu abri o cartão e vi… nada. Nadinha. Ele me deu um cartão em branco, nem sequer assinou.

— Uau. Isso é… eu nem sequer tenho palavras. — Jenna somente encarou o cartão. — E não é sempre que eu fico sem palavras. Mas este pode ser um desses momentos.

Nós três só ficamos lá, parados e encarando cartão.

Encarando como se quanto mais olhássemos, mais chance dele fazer algum sentido.

— Você acha que era só um cartão que ele tinha guardado em casa?

Ontem eu teria dito não. Mas hoje, eu estava percebendo que qualquer coisa relacionada ao Jason era possível.

— Talvez? — Quem sabe? Mas, naquele momento, eu nem me importei. Eu só ia ficar sem-teto por algumas semanas e eu tinha um grande plano de negócios se formando. Talvez levar um fora foi o universo me forçando a me livrar de todas as coisas ruins da minha vida. — Bem, eu adoraria sublocar este lugar.

— Maravilha! — Ben passou um braço em volta de Jenna novamente. — Parece que você vai ter que me aturar todas as noites pelas próximas três semanas.

— Ah.... Uau. Eu não quero forçá-lo a sair de sua casa.

— Não se preocupe com isso. Quer dizer, por que se mudar duas vezes? E de qualquer jeito, para onde você iria por três semanas? Contanto que não se importe que possamos separar um tempo nos fins de semana para que eu possa embalar as minhas coisas.

— Vamos dar um jeito.

— Ele não é o melhor? — disse Jenna, sorrindo para ele. Não admira que ela parecesse sempre tão feliz.

— Pessoal. Vocês são demais. Isso aqui é ótimo. — Lutei contra as lágrimas que não derramava desde que tudo começou dois dias antes. — Eu simplesmente não consigo acreditar nisso.

— Sem problemas. — Ben deslocou um pé atrás do outro, inquieto, obviamente desconfortável com a minha cara de choro. — Por que você não vai para casa e se prepara para se mudar amanhã? Vamos fazer uma troca de trabalho manual. Eu vou ajudá-la a mover as suas coisas para cá e você vai me ajudar a tirar as minhas coisas daqui.

E com isso, voltei para o meu apartamento vazio, frio e escuro para me preparar para me mudar para um paraíso aconchegante.

8

OITO

OITO CHAMADAS. Liguei para Micah oito vezes. Ele não tinha retornado as minhas chamadas quando reportei os meus problemas de água-quente-aquecedor-energia. Nem quando eu liguei para perguntar quando ele resolveria isso. Nem quando liguei para dizer que me mudaria na data acordada e que precisava de um passe de estacionamento para uma van de mudança. E nem quando liguei enquanto voltava.

Quando eu consegui resolver todas as minhas tarefas e decidi ir para casa já estava escuro e eu estava ficando frio e irritada. Além disso, eu realmente não estava muito animada em ter que dormir em um quarto frio e escuro novamente.

Subi os três lances de escada até o meu apartamento e enfiei a chave da casa na fechadura.

Nada.

Verifiquei o número na porta. Sim, eu morava lá. Eu puxei a chave e tentei de novo. Nadinha. Não girava.

Procurei meu celular e verifiquei minhas mensagens. Nada. Nadinha. Quem não liga de volta para um inquilino em uma emergência?

Considerei ligar para ele mais uma vez, mas imaginei que ele simplesmente me ignoraria novamente. Micah nunca foi o melhor zelador do mundo, mas eu nunca pensei que ele me trancaria fora do meu próprio apartamento.

Por outro lado, sempre deixei a janela do meu quarto entreaberta. Jason me disse várias vezes que era uma má ideia. Que eu deveria pelo menos conseguir uma barra para bloquear a janela de abrir mais, já que o acesso da escada de incêndio ficava do lado de fora.

Eu sempre dizia que colocaria a barra. Sempre esquecia.

Mas agora, isso significava que eu tinha outra maneira de entrar no meu apartamento.

Eu desci as escadas e saí pela porta da frente. Na calçada, olhei para o apartamento de Micah, mas a luz estava apagada. Sem qualquer outra opção, dei a volta para a lateral do prédio para começar minha entrada estilo MacGyver.

O primeiro passo era descer a escada de incêndio. Fiz várias tentativas para pular alto o suficiente e conseguir passar a alça da minha bolsa no primeiro degrau da escada e puxá-la para baixo. Quando consegui, ela subiu novamente, batendo contra o patamar acima dela quando tentei desenganchar minha bolsa. Eu estava fazendo tanto barulho que até os gatos de rua tinham fugido.

Depois de mais duas tentativas, a bolsa estava pendurada no meu ombro e a escada estava firmemente segura na minha mão. Eu escalei o metal frio e enferrujado, avançando por janelas escuras e esperando não assustar a pobre Sra. Windsor do segundo andar. Afinal, só faltava agora era ter que explicar mais tarde o porquê de seu ataque cardíaco aos filhos.

Quando cheguei ao patamar fora do meu quarto, tentei cravar as pontas dos dedos no pequeno espaço entre a janela e o peitoril externo. Como eu mal abria a janela, eles mal cabiam. Precisei de toda a minha força para abri-la de um ângulo estranho, trabalhando de um lado e depois do outro. E eu ainda não conseguia realmente encaixar meus dedos.

O que eu precisava era um pé-de-cabra ou algo que pudesse deslizar naquele minúsculo ponto.

E Jason estava convencido de que seria fácil arrombar aquela janela para me roubar.

Com um suspiro de alívio, a janela cedeu e se abriu apenas o suficiente para eu passar. Joguei a bolsa e me agachei para segui-la, inclinando-me e colocando minhas mãos no chão enquanto escorregava como um verme enorme.

Quando chegou na minha bunda, por um momento tive certeza de que não caberia. A essa altura, como eu poderia desistir da ideia? Assim que consegui passar o traseiro, senti um arranhão espetado na minha perna e um puxão na minha calça quando ela ficou presa em algo pontiagudo do lado de fora da escada de incêndio.

Depois de alguns puxões, e algumas sacudidas, ficou óbvio que eu não sairia daquela situação sem rasgar minhas calças de ioga favoritas.

Por outro lado, ninguém estava por perto para me ver sair dessa sem minha dignidade.

Virei de lado, apoiando a cabeça e o ombro no chão. Obviamente, eu teria uma forte dor no pescoço na manhã seguinte. Com minha mão livre, trabalhei em minhas calças de ioga até que pudesse empurrá-las para baixo com os pés. Quando tinha praticamente me despido delas, elas prenderam em meus sapatos, então eu resolvi tirá-los, trabalhando com um pé depois o outro e larguei os sapatos na escada de incêndio. Assim que fiquei livre, deslizei para dentro, abri a janela e estendi a mão para pegar meus sapatos, procurando por eles na escuridão.

 

Não foi até que eu os avistei que percebi que um feixe de luz estava vindo por trás de mim.

— Apenas se afaste da janela e vire-se lentamente — ordenou uma voz profunda.

Olhei por cima do ombro e pude ver a silhueta de dois homens pela luz do corredor do prédio, mas o resto estava ofuscado pela lanterna apontada para meu rosto.

Minha hesitação deve tê-los incomodado, porque a voz veio com um tom agudo dessa vez. — Senhora, você terá que voltar para dentro da casa. Vamos conversar sobre isso. Calmamente.

— Quem é você?

— Policial Darby. Vou ter que pedir que você erga as mãos e vire-se lentamente.

Oh meu Deus. Eu estava pendurada para fora da janela com minha bunda coberta apenas pela minha ainda-não-me-mudei calcinha. Sem mencionar que a polícia conseguiu entrar no meu apartamento, quando eu não pude. Como diabos isso aconteceu?

Eu deslizei de volta, desejando que eu pudesse derreter no chão, e me virei para encará-lo, minhas calças de ioga erguidas como um escudo na minha frente.

— Você terá que abaixar as calças e vir até aqui.

— Por que você está no meu apartamento? — Eu não abaixaria as calças nem mesmo para a polícia.

— Não é seu apartamento — choramingou uma segunda voz. — Você se mudou.

Eu ergui minha mão para proteger meus olhos da luz. — Micah?

— Ela se mudou.

— Senhor, não parece que a Sra. Lane tenha se mudado.

— Ela me deu o aviso.

— Para o final do mês. Que não é até amanhã.

Esqueça a divindade. Eu precisava de calças. Levantei uma perna e vesti minhas calças de ioga, depois repeti o processo com a outra perna sem me virar ou me curvar.

— Liguei para você nove vezes hoje. Primeiro sobre meu aquecimento estar desligado. Então, sobre minha energia e água quente. Depois, apenas para tentar encontrar você. Você não pôde retornar uma ligação, mas pôde chamar a polícia aqui e abrir a porta antes mesmo que eu terminasse de entrar pela janela.

— Eu não queria que você roubasse o lugar.

— Roubar o quê? — gritei. Eu estava farta disso. De saco cheio de toda a maldita semana. Meu êxtase por ter encontrado um lugar para morar quase se foi. — Minha própria cama? Minhas roupas? Talvez eu roube minha escova de dente usada.

— Sra. Lane, você está compreensivelmente chateada. Você está tendo uma semana e tanto.

— Isso mesmo, estou.

Espera. O quê?

— Primeiro um ataque. Agora invasão domiciliar. Pensei ter dito para você ficar longe de problemas.

Aquilo soou vagamente familiar. Abby não tinha acabado de me dizer para ficar longe de problemas? E para me tornar namorável? Mas, na escala móvel de quanto eu estava disposta a ouvi-la, esse conselho estava no final de qualquer lista que eu pudesse fazer.

— Viu? — exclamou Micah. — Você vai ter que pagar por essa janela.

— Não há nada de errado com a janela.

— Então como você entrou? Hem? — Micah passou por mim e começou a examinar a moldura de perto.

Enquanto isso, examinei a grande silhueta por trás da lanterna.

Micah murmurou para si mesmo, procurando por algo errado com a janela. Mas minha situação ainda não tinha sido resolvida.

— Policial Darby, eu tenho uma pergunta. — Olhei para Micah por cima do ombro, considerando empurrá-lo pela janela. Porém, além da óbvia testemunha policial presente, a ideia de que a escada de incêndio impediria qualquer tipo de queda arruinou a alegria que tive com a visão. — Não é ilegal para um proprietário desligar os seus já pagos serviços e impedir que você entre no seu apartamento pago e com contrato assinado?

— Na verdade, é. — Eu podia ouvir o humor tingindo sua voz, uma risada baixa ao encerrar a frase.

— Então, não apenas não estou presa, mas posso ter um caso para registrar, hum…?

— Bem, não é um grande caso, já que não houve danos. Mas você pode implicar com isso se quiser.

— Não. Eu na verdade só quero dormir em algum lugar quente, com luzes e água quente, já que é a minha última noite aqui.

O Policial Darby baixou a luz e tive um vislumbre de uma mandíbula forte, cabelos curtos e escuros na penumbra. Exatamente o tipo de cara que minha amiga Jayne escolheria. Ele provavelmente pilotava uma moto e ficava muitas vezes carrancudo. O tipo de cara que eu evitava a todo custo. Definitivamente não era o tipo de cara que eu queria continuar me esbarrando enquanto minha vida estava desmoronando.

— Eu acho isso justo. Sr. Marrow, você poderia ligar a energia deste apartamento novamente? — Bem, pelo visto, ele também era a voz da razão.

Micah deu a volta para ficar ao meu lado e resmungou que podia.

— Nos próximos trinta minutos? — O policial Darby obviamente sabia fazer as perguntas certas.

Micah resmungou baixinho como se eu fosse a pessoa que desligou todos os meus utilitários dois dias antes do prazo e ele agora tinha que correr para limpar minha bagunça.

— Então, obrigada por ter vindo. — Fui em direção à porta, na esperança de acompanhar o policial Darby direto por ela e me livrar logo dele.

— Não tão rápido, Srta. Lane. — A porta se fechou, mas o policial Darby ainda estava do lado de dentro. — Você quer me explicar essa onda de azar que você parece ter ultimamente?

— Na verdade não.

— Eu preciso reformular minha pergunta? — Ele olhou para mim, uma mão apoiada casualmente no cinto acima de sua arma, a outra apoiada em seu quadril.

— Você disse que eu não tinha violado nenhuma lei.

— De alguma forma, eu suspeito que você está burlando algumas esta semana. — Graças aos céus estava escuro porque eu sabia que ele devia estar me olhando com aquele olhar de aço. Ele era provavelmente o tipo de policial inescrutável que os atores que faziam papel de policiais estudavam para parecerem bem… inescrutável.

— Eu realmente sou uma cidadã cumpridora da lei.

Eu era. Eu realmente era. Eu simplesmente não estava dando a melhor impressão na minha espiral descendente.

— É melhor que esta seja a última vez que sou chamado por sua causa.

— Eu prometo que será. — Nada mais daria errado esta semana. Eu estava tendo uma onda de acontecimentos felizes desde a noite passada.

— Certo — disse ele, como se não acreditasse em mim. — Apenas, de verdade, comporte-se.

O policial Darby abriu a porta e eu dei uma olhada nas linhas nítidas e ásperas, olhos azuis profundos e cabelo preto azeviche. Eu devo ter ficado encarando-o um pouquinho demais. Ele era apenas cerca de cinco centímetros mais alto do que eu, mas preenchia a porta como se ela tivesse sido construída em torno dele.

— Além disso, Sra. Lane?

— Sim.

— É quarta-feira.

Ele fechou a porta atrás de si enquanto eu tentava descobrir o que aquilo significava. Um homem misterioso. Mas, com sorte, não seria um homem que apareceria novamente em minha vida por um bom tempo.

Principalmente não depois que eu me mudasse para o apartamento de Ben. Tinha a sensação de que subir seminua pela janela era ainda mais desaprovador em bairros chiques.

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