Se Ela Visse

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Из серии: Um Enigma Kate Wise #2
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CAPÍTULO DOIS

Kate passou a hora seguinte arrumando a casa, embora já tivesse feito isso antes de sair para fazer compras. Ficou incomodada por estar ansiosa para receber Michelle em sua casa. Melissa havia morado nesta casa durante seus anos de ensino médio, então quando ela veio visitá-la (o que era bem raro na opinião de Kate), Kate não sentia a necessidade de estar com a casa impecável. Então, por que estava tão preocupada com a aparência do local para um bebê de dois meses?

Talvez seja algum tipo estranho de comportamento de avó, ela pensou enquanto esfregava a pia do lavabo… Um cômodo que ela estava bem ciente de que sua neta nem veria, muito menos o usaria.

Enquanto lavava a pia, a campainha tocou. Ela foi inundada com uma excitação para a qual ainda não estava pronta. Estava sorrindo de orelha a orelha quando atendeu a porta. Melissa estava do outro lado, carregando Michelle em sua cadeirinha de bebê. O bebê dormia profundamente, com um grosso cobertor ao redor das pernas.

–Ei, mãe, Melissa disse quando entrou na casa. Ela deu uma olhada rápida ao redor e revirou os olhos. Limpou muito hoje?

–Muito, Kate disse enquanto dava um abraço na filha.

Melissa colocou a cadeirinha cuidadosamente no chão e, lentamente, desafivelou Michelle. Ela pegou-a e entregou-a suavemente para Kate. Fazia quase uma semana desde que Kate visitara Melissa e Terry, mas quando ela pegou Michelle em seus braços, pareceu muito mais tempo.

–O que você e Terry planejaram para esta noite? Kate perguntou.

–Nada demais, na verdade, disse Melissa. E essa é a beleza da coisa. Nós vamos sair para jantar e beber. Talvez dançar. Além disso, mudamos de ideia sobre pedir que você fique com ela durante a noite, porque percebemos que não estamos preparados para isso. Dormir sem interrupções é muito necessário, mas eu não posso ficar longe dela por tanto tempo.

–Ah, acho que posso entender isso, disse Kate. Vocês saiam e se divirtam.

Melissa sacudiu a bolsa de fraldas do ombro e colocou-a na cadeirinha. Tudo que você precisa está aqui. Ela vai querer comer novamente em cerca de uma hora e ela irá lutar contra o sono. Terry acha bonito, mas acho que é um inferno. Se ela ficar com gases, há remédio para gases no bolso de trás e…

–Lissa… Vamos ficar bem. Eu criei uma filha, você sabe. Ela também ficou muito bem.

Melissa sorriu e surpreendeu Kate dando-lhe um beijo rápido na bochecha. Obrigada, mãe. Eu venho buscá-la por volta das onze horas. É tarde demais?

–Não, é perfeito.

Melissa deu uma última olhada para seu bebê, um olhar que fez o coração de Kate inflar. Ela pôde se lembrar de como era ser mãe e ter aquele sentimento interno de amor a preenchendo ─ um amor que se traduzia em pura vontade de fazer qualquer coisa e tudo para garantir que esse ser humano que você gerou estivesse em segurança.

–Se você precisar de alguma coisa, me ligue, Melissa disse, embora ela ainda estivesse olhando para Michelle e não para Kate.

–Ligarei. Agora vá. Divirta-se.

Melissa finalmente se virou e saiu pela porta. Quando ela a fechou, a pequena Michelle acordou nos braços de Kate. Ela deu a sua avó um sorrisinho sonolento e soltou um pequeno bocejo.

–Então, o que faremos agora? Kate perguntou.

A pergunta foi divertidamente dirigida a Michelle, mas ela sentiu um peso por trás disso que a fez se perguntar se estava simplesmente fazendo uma pergunta retórica para si mesma. Sua filha cresceu, agora ela tem sua própria filha. E aqui estava ela, chegando aos cinquenta e seis anos e com o primeiro neto nos braços. Então, o que fazemos agora?

Ela pensou sobre essa atração para voltar a trabalhar, e talvez pela primeira vez, isso pareceu irrelevante.

Algo bem menor que a menininha que agora ela segurava em seus braços.

***

Às oito da noite, Kate se perguntava se Melissa e Terry haviam simplesmente criado o bebê mais bem-comportado da história. Michelle não chorou nem uma vez, nem chegou a ficar nervosa. Estava simplesmente contente em ser carregada. Depois de duas horas nos braços de Kate, Michelle acenou para adormecer. Cuidadosamente, Kate colocou Michelle no centro de sua cama queen-size e depois ficou parada na porta por um momento para observar sua neta dormir.

Não tinha certeza de quanto tempo estava lá quando seu telefone tocou na mesa da cozinha atrás dela. Teve que tirar os olhos de Michelle, mas conseguiu chegar ao telefone em poucos segundos. Um único barulhinho significava que era um texto em vez de uma ligação e não ficou nem um pouco surpresa ao ver que era Melissa.

Como ela está? Melissa perguntou.

Incapaz de resistir, Kate sorriu e respondeu: Eu dei a ela apenas três cervejas. Saiu com um cara de moto há uma hora. Eu disse a ela para estar de volta às 11h.

A resposta veio rapidamente: Ah, não tem graça.

A brincadeira a fez quase tão feliz quanto o bebê dormindo em seu quarto. Depois que seu pai morreu, Melissa ficou retraída ─ especialmente com Kate. Ela culpou o trabalho de Kate pela morte de seu pai e, embora mais tarde tenha percebido que esse não era o caso, havia momentos nos quais Kate sentia que Melissa ainda se ressentia do tempo que passara na agência após a morte dele. Por mais estranho que pareça, porém, Melissa demonstrou algum interesse em seguir carreira no FBI… Apesar de ter uma atitude menos positiva em relação aos acontecimentos do ano anterior, em relação à aposentadoria interrompida de sua mãe.

Ainda sorrindo, Kate levou o telefone para o quarto e tirou uma foto rápida de Michelle. Ela mandou para Melissa e depois, após pensar um pouco, ela também enviou para Allen, só que a dele tinha a mensagem: Esgotada da festa!

Ela desejou que ele estivesse lá com ela. Ela havia sentido isso muitas vezes ultimamente. Não era ingênua o suficiente para pensar que o amava, mas podia se ver apaixonada por ele se as coisas continuassem do jeito que estavam. Ela sentia falta dele quando não estava por perto e sempre que ele a beijava a fazia se sentir cerca de vinte anos mais jovem.

Ela se viu sorrindo novamente quando Allen respondeu com uma foto. Era uma selfie dele com dois homens mais jovens que pareciam exatamente com ele ─ seus filhos, supostamente.

Enquanto estudava a foto, seu telefone tocou em suas mãos. O nome que apareceu na tela enviou uma onda de excitação através dela que ela foi incapaz de conter.

O vice-diretor Vince Duran estava ligando para ela. Isso teria causado uma agitação de excitação, mas o fato de que era depois das oito horas da noite de sexta-feira disparou um alarme na cabeça dela ─ sinos de alerta que ela gostava de ouvir.

Deu um tempo, ainda olhando para a pequena Michelle, e então respondeu.

–Kate Wise, disse ela, mantendo sua excitação sob controle.

–Wise, é Duran. É uma má hora pra conversarmos?

–Não é absolutamente a melhor, mas tudo bem, ela respondeu. Está tudo bem?

–Depende. Estou ligando para ver se você estaria interessada em aceitar um caso.

–Estamos falando de um caso frio como o que estivemos discutindo?

–Não. Este aqui… Bem, parece um que você resolveu bastante depressa lá atrás em noventa e seis. Atualmente, temos quatro corpos em dois locais diferentes em Whip Springs, na Virgínia. Parece que os assassinatos ocorreram em não mais do que dois dias de intervalo. No momento, a Polícia Estadual da Virgínia está comandando a cena, mas falei com eles. Se você quiser o caso, é seu. Mas você teria que começar agora.

–Eu não acho que conseguiria, disse ela. Eu tenho um compromisso que preciso manter. Olhando para Michelle, isso era fácil de dizer. Mas quase todos os nervos de seu corpo lutavam contra seus recém-adquiridos instintos de avó.

–Bem, escute as especificações de qualquer maneira, pode ser? Os assassinados são casados, um com cinquenta e poucos anos e outro com sessenta e poucos anos. Os mais recentes foram os de cinquenta e poucos anos. Sua filha descobriu seus corpos quando ela chegou em casa da faculdade hoje cedo. Os assassinatos ocorreram a trinta quilômetros um do outro, um em Whip Springs e o outro fora de Roanoke.

–Casais? Algum elo entre eles que não seja o casamento?

–Ainda não. Mas todos os quatro corpos tinham cortes bem feios. O assassino está usando uma faca. Lento e metódico. Pelo que entendo, tem a ver com o outro casal de dois dias ou mais.

–Sim, parece que temos um serial em ação, disse Kate.

Ela pensou no caso em 1996 que Duran mencionou. No final, uma mulher enlouquecida que trabalhava como babá havia tirado a vida de três casais em apenas dois dias. Acontece que trabalhou para todos os três casais em um período de dez anos. Kate prendera a mulher quando estava a caminho de matar um quarto casal e depois, segundo seu testemunho, a si mesma.

Ela realmente iria dizer não? Depois do intenso flashback que ela teve hoje, poderia realmente deixar passar outra oportunidade de parar um assassino?

–Quanto tempo eu tenho para pensar sobre isso? Ela perguntou.

–Eu vou te dar uma hora. Não mais que isso. Eu preciso de alguém nisso agora. E eu pensei que você e DeMarco poderiam trabalhar bem no caso. Uma hora, Wise… Mais cedo, se puder.

Antes que ela pudesse dar um OK ou um obrigada, Duran terminou a ligação. Ele era tipicamente caloroso e amigável, mas quando não conseguia o que queria, podia ficar muito irritado.

O mais silenciosamente que pôde, foi até a cama e sentou-se na beirada. Ela observou Michelle dormindo, o suave subir e descer de seu peito, tão lento e metódico. Podia claramente se lembrar de Melissa quando era muito pequena, e não tinha ideia de como o tempo podia ter passado assim. E foi daí que seu problema surgiu: ela sentia que perdera a maior parte de sua vida como mãe e esposa por causa de seu trabalho, mas sentia um forte sentimento de dever, no entanto. Especialmente quando sabia que poderia estar lá agora, fazendo sua parte para levar um assassino à justiça.

 

Que tipo de pessoa ela seria se recusasse a oferta, deixando Duran escolher outro Agente que poderia não ter as mesmas habilidades que ela?

Mas que tipo de avó e mãe ela seria se tivesse que ligar para Melissa, dizendo-lhe para vir buscar sua filha cedo e terminar a noite, porque o FBI tinha vindo chamá-la de novo?

Kate olhou para Michelle por cerca de cinco minutos, deitada ao lado dela e colocando a mão no peito do bebê apenas para senti-la respirar. E ver aquele pequeno lampejo de vida, de uma vida que ainda não havia aprendido sobre os tipos de maldades que existiam no mundo, tornava a decisão muito mais fácil para Kate.

Franzindo a testa pela primeira vez naquele dia, Kate pegou o telefone e ligou para Melissa.

***

Certa vez, quando Melissa tinha dezesseis anos, ela levou um garoto para o quarto tarde da noite, quando Kate e Michael já estavam dormindo. Kate tinha acordado com algum barulho (que ela descobriu mais tarde que foi provavelmente o joelho de alguém batendo na parede do quarto de Melissa) e subiu para investigar. Quando ela abriu a porta da filha e a encontrou de topless com um menino em sua cama, ela o jogou da cama e gritou para ele sair.

A fúria nos olhos de Melissa naquela noite foi ofuscada pelo que Kate viu no olhar de sua filha quando afivelou Michelle no assento do carro às 9:30 ─ pouco mais de uma hora depois que Duran ligou para ela falando sobre o caso em Roanoke.

–Isso é uma loucura, mãe, disse ela.

–Lissa, sinto muito. Mas que diabos eu deveria fazer?

–Bem, pelo que entendi, as pessoas realmente ficam aposentadas quando se aposentam. Talvez devesse tentar isso!

–Não é assim tão fácil, argumentou Kate.

–Ah, eu sei, mãe, disse Melissa. Nunca foi para você.

–Isso não é justo…

–E não estou chateada, porque você atrapalhou minha noite para relaxar. Eu não me importo com isso. Eu não sou tão egoísta. Ao contrário de algumas pessoas. Estou chateada porque o seu trabalho ─ com o qual você deveria ter terminado há mais de um ano, lembre-se ─ continua a ganhar da sua família. Mesmo depois de tudo… Depois do papai

–Lissa, não vamos fazer isso.

Melissa pegou a cadeirinha com uma suavidade que não estava presente em sua voz ou na postura tensa de seu corpo.

–Eu concordo, Melissa soltou rispidamente. Não vamos.

E com isso, saiu pela porta da frente, batendo-a atrás dela.

Kate estendeu a mão até a maçaneta, mas parou. O que ela faria? Ela iria continuar essa discussão do lado de fora, no quintal? Além disso, ela conhecia Melissa muito bem. Depois de alguns dias, ela se acalmaria e realmente escutaria Kate. Ela poderia até aceitar o pedido de desculpas de sua mãe.

Kate se sentiu uma traidora quando pegou o celular. Depois que ela ligou para Duran, ele informou que planejara que ela pegaria o caso de qualquer maneira. No momento, ele tinha alguém da Polícia Estadual da Virgínia em espera para se encontrar com ela e DeMarco às 4h30 da manhã em Whip Springs. Quanto a DeMarco, ela havia saído de Washington há meia hora com um carro da agência. Estaria na casa de Kate por volta da meia-noite. Kate percebeu que poderia ter mantido Michelle facilmente até o planejado, às onze horas, e ter evitado o confronto com Melissa. Mas não conseguia pensar nisso agora.

A rapidez de tudo pegou Kate levemente desprevenida. Mesmo que o último caso que ela havia pegado parecesse ter surgido do nada, pelo menos tinha algum tipo de estrutura estável. Mas fazia um bom tempo desde que recebera um caso. Foi assustador, mas ela também estava muito animada, animada o suficiente para ser capaz de colocar momentaneamente de lado a raiva que Melissa tinha sentido por ela.

Ainda assim, enquanto arrumava a mala esperando DeMarco chegar, um pensamento pungente a perfurou. E aí está ─ sua capacidade de empurrar tudo para o lado em prol do trabalho ─  e que já causou tantos problemas entre vocês duas.

Mas esse pensamento também foi facilmente empurrado para o lado.

CAPÍTULO TRÊS

Uma das muitas coisas que Kate aprendeu sobre DeMarco durante o último caso foi que ela era pontual. Era uma característica da qual ela se lembrou quando ouviu uma batida na porta às 12:10.

Não me lembro da última vez que recebi uma visita tão tarde, pensou ela. Faculdade, talvez?

Ela caminhou até a porta carregando sua única mala consigo. No entanto, quando atendeu a porta, viu que DeMarco não tinha a intenção de sair correndo para a cena do crime.

–Correndo o risco de parecer rude, eu realmente preciso usar seu banheiro, disse Demarco. Beber duas Cocas para ficar acordada para a viagem foi uma má ideia.

Kate sorriu e deu um passo para o lado para deixar DeMarco entrar. Dada a velocidade e a urgência que Duran incutiu nela durante seus telefonemas, a brusquidão de DeMarco era o tipo de alívio cômico não intencional que ela precisava. Também fez com que se sentisse à vontade para saber que, mesmo depois de quase dois meses de intervalo, ela e DeMarco estavam retomando o mesmo nível de intimidade que haviam compartilhado antes de se separarem depois do último caso.

DeMarco saiu do banheiro alguns minutos depois com um sorriso envergonhado no rosto.

–E bom dia para você, disse Kate. Talvez fosse por causa da ingestão de cafeína, mas DeMarco não parecia abatida, aparentemente, nem perturbada pela hora.

DeMarco olhou para o relógio e concordou.

–Sim, suponho que seja de manhã.

–Quando você recebeu a ligação? Kate perguntou.

–Por volta das oito ou nove, eu acho. Eu teria saído mais cedo, mas Duran queria ter cem por cento de certeza de que você estaria a bordo.

–Desculpe-me por isso, disse Kate. Eu estava cuidando da minha neta pela primeira vez.

–Ah não. Wise… Que merda. Desculpe-me por estragar tudo.

Kate deu de ombros e acenou para longe. Vai ficar tudo bem. Você está pronta para ir?

–Sim. Eu fiz algumas chamadas no caminho enquanto o caso estava sendo gerenciado pelos caras em DC. Estamos programadas para nos encontrar com um dos caras da polícia do estado da Virgínia às quatro e meia na residência dos Nash.

–A residência dos Nash? Kate perguntou.

–O casal mais recente a ser assassinado.

Elas desceram juntas em direção à porta da frente. Quando saíram, Kate desligou a luz da sala e pegou sua bolsa. Estava animada com o que poderia estar à frente, mas também se sentiu como se estivesse irracionalmente deixando sua casa. Afinal, apenas algumas horas atrás, sua neta de dois meses estava cochilando na cama. E agora, aqui estava ela, prestes a dirigir diretamente para uma cena de assassinato.

Ela viu o sedan do FBI estacionado em frente à sua casa, bem ao lado do meio-fio. Parecia surreal, mas também convidativo.

–Você quer dirigir? DeMarco perguntou.

–Claro, disse Kate, imaginando se a Agente mais jovem estava oferecendo o papel como uma demonstração de respeito ou porque ela simplesmente queria uma pausa na direção.

Kate ficou ao volante enquanto DeMarco puxava as direções do local do assassinato mais recente. Foi na cidade de Whip Springs, na Virgínia, uma pequena cidade encrustada na base das Montanhas Blue Ridge, nos arredores de Roanoke. Elas gastaram apenas um pouco de tempo com conversa fiada ─ Kate atualizou DeMarco sobre como se sentia como avó, enquanto DeMarco permaneceu em silêncio, mencionando apenas outro relacionamento fracassado depois que sua namorada a deixou. Isso foi uma surpresa, já que Kate não achava que DeMarco fosse gay. Isso mostrou que ela realmente precisava de mais tempo para conhecer a mulher que era mais ou menos a sua parceira. Pontualidade, ela tinha percebido. Homossexualidade, ela havia deixado passar. Que diabos isso dizia sobre ela como parceira?

À medida que a cena do crime se aproximava, DeMarco leu os relatórios referentes ao caso que Duran lhes enviara. Enquanto os lia, Kate continuava procurando quaisquer vestígios do sol rompendo o horizonte, mas não viu qualquer sinal.

–Dois casais mais velhos, disse Demarco. Desculpe… Um em seus 50 anos… Então, sem ofensas.

–Tranquilo, Kate disse, sem ter certeza se havia sido uma estranha tentativa de piada por parte de DeMarco.

–À primeira vista, eles parecem não ter nada em comum, além da localização. A primeira cena foi no coração de Roanoke e a mais recente não foi a mais de cinquenta quilômetros de distância, em Whip Springs. Parece não haver sinais de que o marido ou a esposa fossem os alvos anteriormente. Cada um dos assassinatos foi horrível e exagerado, indicando que o assassino gosta disso.

–E isso normalmente aponta que essa pessoa sente que foi prejudicada pelas vítimas em alguns casos, destacou Kate. É isso ou algum distorcido desejo psicológico por violência e derramamento de sangue.

–As vítimas mais recentes, os Nash, estavam casados há vinte e quatro anos. Eles têm dois filhos, um que mora em San Diego e outra que atualmente frequenta a UVA. Foi ela quem descobriu os corpos quando chegou na casa ontem.

–E o outro casal? Kate perguntou. Eles têm filhos?

–Não, de acordo com os relatórios.

Kate refletiu sobre tudo isso e, por razões que não conseguia entender, se viu pensando na garotinha que passara na rua no começo do dia.

O flashback que a menininha havia despertado em sua mente. Quando chegaram à casa dos Nash, o horizonte finalmente havia começado a captar um pouco da luz do sol nascente, mas ainda ausente. Espiou pela linha das árvores que cercava a maior parte do quintal dos Nash. Sob essa luz, podiam ver um único carro estacionado em frente à casa. Um homem estava encostado no capô, fumando um cigarro e segurando uma xícara de café.

–Vocês são Wise e DeMarco? Perguntou o homem.

–Somos nós, Kate disse, dando um passo à frente e mostrando sua identidade. Quem é você?

–Palmetto, com a DP do estado da Virgínia. Forense. Recebi a ligação há algumas horas dizendo que vocês aceitariam o caso. Imaginei que eu poderia vir para entregar o que tenho. O que, a propósito, não é muito.

Palmetto deu uma última tragada no cigarro e o jogou no chão, apagando-o com o pé. Os corpos foram obviamente movidos e havia poucas evidências no lugar. Mas entrem, de qualquer maneira. É… revelador.

Palmetto falou com o tom sem emoção de um homem que vinha fazendo isso há algum tempo. Ele as conduziu pela calçada dos Nash e até a varanda. Quando abriu a porta e as levou para dentro, Kate podia sentir o cheiro: o cheiro de uma cena de crime onde muito sangue havia sido derramado. Havia algo químico nisso, não apenas o cheiro acobreado de sangue, mas de movimentos recentes e pessoas com luvas de borracha examinando a cena recentemente.

Palmetto acendeu cada luz quando entraram na casa ─ pelo vestíbulo, passando por um corredor e até a sala de estar. No brilho das luzes do teto, Kate viu a primeira mancha de sangue no chão de madeira. E depois outra, e outra.

Palmetto levou-as para frente do sofá, apontando para as manchas de sangue como um homem simplesmente confirmando o fato de que a água está de fato molhada.

–Os corpos estavam aqui, um no sofá e outro no chão. Parece que a mãe foi morta primeiro, provavelmente devido ao corte no pescoço, embora um pareça ter acertado bem perto do coração, mas pelas costas. A teoria é de que houve uma luta com o pai. Havia hematomas em seus antebraços, um pouco de sangue saindo de sua boca e a mesa de centro estava torta.

–Alguma ideia inicial do tempo que passou entre os assassinatos e a filha descobrindo-os? Perguntou Kate.

–Não mais do que um dia, respondeu Palmetto. E foi provavelmente mais de doze ou dezesseis horas. Tenho certeza de que o legista terá algo um pouco mais concreto ainda hoje.

–Mais alguma coisa digna de anotação? Perguntou DeMarco.

–Sim, na verdade. É uma prova… Apenas uma única peça. Ele enfiou a mão no bolso interno de sua jaqueta e tirou um pequeno saquinho. Consegui permissão, então não fiquem assustadas. Eu imaginei que vocês gostariam de levá-lo e analisar. É a única evidência que encontramos, mas é bem desalentador.

Ele ofereceu o saquinho de plástico transparente para Kate. Ela pegou e olhou o conteúdo dentro. Pelo que poderia dizer, era um simples pedaço de pano, cerca de um centímetro e meio. Era grosso, de cor azul, e tinha uma textura fofa. Todo o lado direito estava manchado de sangue.

–Onde foi encontrado isso? Kate perguntou.

 

–Enfiado na boca da mãe. Foi empurrado lá no fundo, quase abaixo de sua garganta.

Kate ergueu-o para a luz. Alguma ideia de onde veio? Ela perguntou.

–Nenhuma. Parece ser apenas um recado aleatório.

Mas Kate não tinha tanta certeza disso. De fato, a intuição de avó começou a avançar. Este não era um pedaço aleatório de tecido. Não… Era macio, era azul claro e parecia bastante fofo.

Isso fazia parte de um cobertor. Talvez o cobertor de uma criança.

–Você tem alguma outra evidência surpresa para nós? DeMarco perguntou.

–Não, isso é tudo, disse Palmetto, já voltando para a porta. Se vocês, senhoras, precisarem de alguma ajuda a partir de agora, sintam-se à vontade para nos telefonar na DP.

Kate e DeMarco compartilharam um olhar irritado pelas costas dele. Sem ter que dizer nada, cada uma sabia que o termo vocês senhoras tinha irritado ambas.

–Bem, isso foi breve, disse DeMarco quando Palmetto lhes deu um aceno evasivo da porta da frente.

–E bom também, disse Kate. Dessa forma, podemos começar a examinar o caso com nossos próprios olhos, sem a influência do que os outros descobriram.

–Você acha que precisamos falar com a filha em seguida?

–Provavelmente. Aí então nós vamos olhar a primeira cena do crime e ver se podemos encontrar alguma coisa lá. Espero que encontremos alguém que seja um pouco mais sociável do que nosso amigo Palmetto.

Elas saíram da casa, desligando as luzes enquanto iam. Enquanto se dirigiam para fora, com o sol finalmente aparecendo na borda do mundo, Kate cuidadosamente colocou o que ela pensava ser um pedaço de cobertor de criança em seu bolso e não pôde deixar de pensar em sua neta dormindo sob um cobertor similar.

Andar em direção ao sol não reprimiu o frio que se apoderou dela.

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