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Из серии: Um Mistério de Riley Paige #10
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Bill fez um ruído parecido com um soluço. Mas ao mesmo tempo não parecia ter energia para chorar. Riley suspeitou que já chorara muito sozinho.



Bill disse, “Riley, se não presto como pai, o que é que valho? Não valho nada como agente, já não. O que é que me resta?”



Riley sentiu um nó na garganta.



“Bill, não fales assim,” Disse ela. “És um pai fantástico. E és um grande agente. Talvez não hoje, mas em todos os outros dias do ano.”



Bill abanou a cabeça, cansado.



“Não me senti um bom pai ontem. E continuo a ouvir aquele tiro. Continuo a lembrar-me de ir na direção daquele edifício, de ver a Lucy lá deitada a sangrar.”



Riley estremeceu.



Também ela se lembrava de tudo demasiado bem.



Lucy tinha entrado no edifício abandonado sem consciência do perigo e fora abatida por um atirador. Surgindo pouco depois dela, Bill tinha atirado por engano contra o homem que a tentava ajudar. Quando Riley chegou, Lucy usara as suas últimas forças para abater o atirador com vários tiros.



Lucy morrera pouco depois.



Fora uma cena horrível.



Riley não se recordava de muitas situações mais dramáticas em toda a sua carreira.



Ela disse, “Eu cheguei lá mais tarde do que tu.”



“Sim, mas não atiraste contra um miúdo inocente.”



“A culpa não foi tua. Estava escuro. Não tinhas forma de saber. Para além disso, o rapaz agora está bem.”



Bill abanou a cabeça. Ergueu uma mão tremente.



“Olha para mim. Pareço o tipo de homem que vai conseguir voltar a trabalhar?”



Agora Riley estava quase zangada. Ele realmente tinha um péssimo aspeto – nada semelhante ao parceiro astuto e corajoso parceiro a que aprendera a confiar a vida, nem parecido com o homem atraente por quem se sentira atraída ocasionalmente.



Mas lembrou-se…



Eu já passei por aquilo. Eu sei como é.



E quando estivera assim, Bill sempre lá estivera para a ajudar.



Por vezes tivera que ser duro com ela.



Ela calculou que ele agora precisava de alguma dessa dureza.



“Estás com um péssimo aspto,” Disse ela. “Mas o estado em que estás agora – bem, fizeste-o a ti próprio. E és o único que pode reverter as coisas.”



Bill olhou-a nos olhos. Ela pressentiu que ele agora estava a prestar-lhe atenção.



“Senta-te,” Disse ela. “Recompõe-te.”



Bill sentou-se com dificuldade na beira da cama ao lado de Riley.



“O FBI atribuiu-te um terapeuta?” Perguntou ela.



Bill anuiu.



“Quem é ele?” Perguntou Riley.



“Não interessa,” Disse Bill.



“Podes crer que interessa,” Disse Riley. “Quem é ele?”



Bill não respondeu. Mas Riley podia adivinhar. O psiquiatra de Bill era Leonard Ralston, mais conhecido pelo publico como “Dr. Leo”. Riley sentiu-se invadir por uma fúria ilimitada. Mas agora não era com Bill que estava zangada.



“Oh meu Deus,” Disse ela. “Puseram-te com o Dr. Leo. De quem foi a ideia?Do Walder, aposto.”



“Como disse, não interessa.”



Riley queria abaná-lo.



“Ele é um charlatão,” Disse ela. “Sabes isso tão bem quanto eu. Dedica-se à hipnose, memórias recuperadas, todo o tipo de merda sem crédito nenhum. Não te lembras no ano passado quando ele convenceu um homem inocente de que era culpado de homicídio? O Walder gosta do Dr. Leo porque escreveu livros e aparece muitas vezes na televisão.”



“Não o deixo mexer com a minha cabeça,” Disse Bill. “Não o deixo hipnotizar-me.”



Riley estava a tentar manter a sua voz sob controlo.



“Não é essa a questão. Tu precisas de alguém que te ajude.”



“E quem me poderá ajudar?” Perguntou Bill.



Riley não teve que pensar mais do que alguns segundos na resposta.



“Vou-te preparar café,” Disse ela. “Quando voltar, espero que estejas de pé e pronto para sair daqui.”



A caminho da cozinha de Bill, Riley olhou para o relógio. Tinha pouco tempo antes do aviao decolar. Tinha que agir rapidamente.



Pegou no telemóvel e ligou para o número pessoal de Mike Nevins, o psiquiatra forense de DC que trabalhava ocasionalmente para o FBI. Riley considerava-o um bom amigo que a ajudara a ultrapassar crises no passado, incluindo um terrível caso de SPT.



Quando o telefone de Mike começou a tocar, ela colocou o telemóvel em alta voz, deixou-o no balcão da cozinha e começou a preparar o café de Bill. Ficou aliviada quando Mike atendeu.



“Riley! Que bom ter notícias tuas! Como vão as coisas? Como vai essa tua família em crescimento?”



O som da voz de Mike era refrescante e quase conseguia visualizar a expressão agradável do homem bem vestido. Ela gostava de poder conversar com ele, mas agora não havia tempo para isso.



“Estou bem, Mike. Mas estou com pressa. Tenho que apanhar um avião daqui a pouco. Preciso de um favor.”



“Diz,” Disse Mike.



“O meu parceiro, Bill Jeffreys, está a passar por um mau bocado depois do nosso último caso.”



Ouviu uma nota de genuína preocupação na voz de Mike.



“Oh, é verdade, ouvi falar. Que coisa terrível, a morte de uma tua jovem protegida. É verdade que o teu parceiro está de licença? Algo relacionado com disparar sobre o homem errado?”



“Sim. Ele precisa de ajuda e precisa já. Ele está a beber, Mike. Nunca o vi tão mal.”



Seguiu-se um breve silêncio.



“Não tenho a certeza se compreendo,” Disse Mike. “Não lhe foi dessignado um terapeuta?”



“Sim, mas não está a fazer bem nenhum ao Bill.”



Agora havia uma nota de cautela na voz de Mike.



“Não sei, Riley. Geralmente não me sinto confortável em aceitar pacientes que já estão a ser acompanhados por outra pessoa.”



Riley ficou preocupada. Ela não tinha tempo para lidar com os escrúpulos éticos de Mike naquele momento.



“Mike, foi-lhe atribuído o Dr. Leo.”



Outro silêncio se seguiu.



Aposto que isto resulta, Pensou Riley. Ela sabia perfeitamente bem quye Mike desprezava o célebre terapeuta.



Por fim, Mike disse, “Quando é que o Bill pode vir?”



“O que é que estás a fazer agora?”



“Estou no meu escritório. Vou estar ocupado durante umas duas horas mas depois disso estou disponível.”



“Ótimo. Ela estará aí nessa altura. Mas diz-me alguma coisa se ele não aparecer.”



“Fica descansada.”



Quando terminaram a chamada, o café já estava pronto. Riley serviu uma chávena e voltou ao quarto de Bill. Ele não estava lá. Mas a porta da casa de banho estava fechada e Riley conseguia ouvir a máquina de barbear de Bill do outro lado.



Riley deu um toque na porta.



“Sim, estou decente,” Disse Bill.



Riley abriu a porta e viu Bill a barbear-se. Colocou o café na beira do lavatório.



“Marquei-te uma consulta com o Mike Nevins,” Disse ela.



“Para quando?”



“Para agora. É o tempo de conduzires até lá. Envio-te uma mensagem com a morada do gabinete dele. Eu tenho que ir.”



Bill pareceu surpreendido. É claro, Riley não lhe tinha dito que estava com pressa.



“Tenho um caso no Iowa,” Explicou Riley. “O avião está à espera. Não percas a consulta do Mike Nevins. Se faltares eu descubro e vai ser uma carga dos diabos.”



Bill tentou resistir mas então disse, “OK, eu não falto.”



Riley virou-se para partir. Então pensou numa coisa que não tinha a certeza se devia mencionar.



Por fim disse, “Bill, o Shane Hatcher ainda está à solta. Há agentes na minha casa. Mas recebi uma mensagem ameaçadora dele e ninguém o sabe exceto tu. Penso que ele não atacaria a minha família, mas não tenho a certeza. Se calhar…”



Bill assentiu.



“Eu mantenho as coisas debaixo de olho,” Disse ele. “Tenho que fazer alguma coisa útil.”



Riley deu-lhe um abraço rápido e saiu do apartamento.



Ao caminhar na direção do carro, olhou novamente para o relogio.



Se não encontrasse trânsito, chegaria a tempo.



Agora tinha que começar a pensar no seu novo caso, mas não estava particularmente preocupada com ele. Este não devia demorar muito tempo.



No final de contas, que tempo e esforço exigiria um homicídio isolado ocorrido numa pequena cidade?





CAPÍTULO NOVE



Ao atravessar a pista em direção ao avião, Riley começou a preparar-se psicologicamente para o seu novo caso. Mas havia uma coisa que tinha que fazer antes de se embrenhar nele.



Enviou uma mensagem a Mike Nevins.





Envia-me uma mensagem quando o Bill aparecer. E também se não aparecer.




Suspirou de alívio quando Mike lhe respondeu imediatamente.





Fica descansada.




Riley tinha consciência de ter feito tudo o que podia naquele momento pelo Bill e agora apenas dependia dele tirar partido dessa ajuda. Se alguém podia ajudar Bill a lidar com o que o atormentava, essa pessoa era Mike Nevins.



Entrou para a cabina onde Jenn Roston já se encontrava sentada e a trabalhar no seu portátil. Jenn olhou para cima e fez um gesto com a cabeça enquanto Riley se sentava do outro lado da mesa.



Riley retribuiu-lhe o gesto.



Depois Riley olhou pela janela durante a decolagem e enquanto o avião ganhava altitude até atingir a velocidade de cruzeiro. Não lhe agradava o arrepiante silêncio entre ela e Jenn. Interrogou-se se Jenn também não o apreciaria. Estes voos eram geralmente uma boa altura para discutir detalhes do caso. Mas na verdade, ainda não havia grande coisa a dizer sobre este. Afinal de contas, o corpo acabara de ser encontrado naquela manhã.



Riley tirou uma revista da sua mala e tentou ler, mas não se conseguia concentrar nas palavras. Ter Jenn sentada do outro lado tão silenciosamente era um factor de distração. Por isso, Riley limitou-se a fingir que lia.

 



A história da minha vida por estes dias, Pensou.



Fingir e mentir estavam a tornar-se uma rotina.



Por fim, Jenn levantou o olhar do computador.



“Agente Paige, eu estava a ser sincera na reunião com Meredith,” Disse ela.



“Desculpe?” Disse Riley, olhando por cima da sua revista.



“Sobre ser uma honra trabalhar consigo. Era um sonho meu. Sigo o seu trabalho desde a academia.”



Por um momento, Riley não soube o que dizer. Jenn já lhe dissera o mesmo anteriormente. Mas mais uma vez, Riley não conseguia perceber pela expressão de Jenn se estava a ser sincera.



“Ouvi falar grandes coisas a seu respeito,” Disse Riley.



Por muito evasiva que parecesse, pelo menos era verdade. Sob circunstâncias diferentes, Riley estaria encantada por ter a oportunidade de trabalhar com uma nova agente inteligente.



Riley acrescentou com um sorriso leve, “Mas não teria grandes expetativas se fosse a si – não em relação a este caso.”



“Certo,” Disse Jenn. “Se calhar nem é um caso para a UAC. O mais certo é regressarmos a Quantico ainda esta noite. Bem, haverão outros.”



Jenn voltou a sua atenção novamente para o seu computador. Riley interrogou-se se estaria a trabalhar nos ficheiros de Shane Hatcher. E claro, preocupou-se novamente em ter facultado aquela pen a Jenn.



Mas enquanto pensava nisso, apercebeu-se de uma coisa. Se Jenn realmente quisera traí-la ao solicitar-lhe aquela informação, já não o teria usado contra ela?



Lembrou-se do que Jenn lhe dissera ontem.



“Tenho a certeza que queremos a mesma coisa – acabar com a carreira criminosa de Shane Hatcher.”



Se isso fosse verdade, Jenn era uma aliada de Riley.



Mas como é que Riley podia ter a certeza? Ficou ali a pensar se devia tocar no assunto.



Não contara a Jenn a ameaça que recebera de Hatcher.



Haveria razão para não o fazer?



Poderia Jenn ajudá-la de alguma forma? Talvez, mas Riley ainda não se sentia preparada para tomar esse passo.



Entretanto, parecia estranho que a sua nova parceira ainda a tratasse por Agente Paige quando insistira para que Riley a tratasse pelo seu primeiro nome.



“Jenn,” Disse ela.



Jenn ergueu o olhar do computador.



“Penso que me deves tratar por Riley,” Disse Riley.



Jenn sorriu e voltou novamente a sua atenção para o computador.



Riley colocou a revista de lado e olhou pela janela as nuvens lá em baixo. O sol brilhava, mas Riley não o considerava alegre.



Sentiu-se terrivelmente só. Sentia falta de Bill e da confiança que podia depositar nele.



E sentia tantas saudades de Lucy que lhe doía por dentro.





*





Quando o avião aterrou no Aeroporto Internacional de Des Moines, Riley consultou o seu telemóvel. Ficou agradada por ver que recebera uma mensagem de Mike Nevins.





O Bill está aqui comigo.




Era menos uma preocupação.



Um carro da polícia estava à espera à saída do avião. Dois polícias de Angier apresentaram-se na base das escadas do avião. Darryl Laird era um jovem desengonçado na casa dos vinte anos e Howard Doty era um homem mais baixo na casa dos quarenta.



Ambos tinham expressões de espanto nos rostos.



“Estamos contentes por cá estarem,” Disse Doty a Riley e Jenn enquanto os dois polícias as acompanhavam até ao carro.



Laird disse, “Isto tudo é…”



O homem mais jovem abanou a cabeça sem concluir o seu pensamento.



Pobres tipos, Pensou Riley.



Eram apenas polícias numa cidade pequena. Não haveria com certeza muitos homicídios numa pequena cidade do Iowa. Talvez o polícia mais velho já tivesse lidado com um ou dois homicídios, mas Riley tinha a certeza que o mais jovem nunca vira nada igual.



Quando Doty começou a conduzir, Riley pediu aos dois polícias para lhe contarem a ela e Jenn o que pudessem sobre o sucedido.



Doty disse, “O nome da rapariga era Katy Philbin, dezassete anos. Uma estudante na secundária Wilson. Os pais são donos da farmácia local. Uma rapariga simpática, todos gostavam dela. O velho George Tully encontrou o corpo dela esta manhã quando ele e os filhos se preparavam para a sementeira de primavera. O Tully tem uma quinta não muito longe de Angier.



Jenn perguntou, “Sabe-se há quanto tempo lá estava enterrada?”



“Terão que perguntar isso ao Chefe Sinard. Ou ao médico-legista.”



Riley recordou-se do pouco que Meredith lhes havia relatado sobre a situação.



“E a outra rapariga?” Perguntou. “A que está desaparecida?”



“Chama-se Holly Struthers,” Disse Laird. “Ela era… uh, penso que é estudante na escola Lincoln. Está desaparecida há cerca de uma semana. Toda a cidade esperava que ela aparecesse mais cedo ou mais tarde. Mas agora… bem, acho que temos que ter esperança.”



“E fé,” Acrescentou Doty.



Riley sentiu um estranho arrepio quando ele disse aquilo. Já perdera conta ao número de vezes que ouvira pessoas a dizer que rezavam para que uma pessoa desaparecida aparecesse sã e salva. Mas a fé nunca ajudara.



Fará com que as pessoas se sintam melhor? Interrogou-se.



Não imaginava porquê ou como.



A tarde estava luminosa quando o carro saiu de Des Moines rumo à auto-estrada. Pouco depois, Doty virou para uma estrada de duas faixas que se espraiava pelo campo.



Riley teve uma sensação estranha no estômago. Demorou alguns momentos a perceber que essa sensação não estava relacionada com o caso – pelo menos, não diretamente.



Sentia-se muitas vezes assim quando tinha um trabalho no Midwest. Ela geralmente não sofria de medo de espaços amplos – agorafobia, pensava que se chamava. Mas as vastas planícies e pradarias despoletavam um tipo de ansiedade único nela.



Riley não sabia o que era pior – as planícies planas que vira em estados como o Nebraska, espraiando-se até onde a vista alcança, ou uma pradaria monótonoa como aquela com as mesmas quintas, cidades e campos a surgirem vezes sem conta. De qualquer das formas, considerava aquilo perturbador, até mesmo enjoativo.



Apesar da reputação do Midwest como uma terra de valores Americanos íntegros, de certa forma não a surpreendia que se cometessem homicídios ali. No que lhe dizia respeito, só o campo era suficiente para enlouquecer uma pessoa.



Em parte para afastar a mente da paisagem, Riley pegou no telemóvel para enviar uma mensagem à família.





Cheguei bem.




Pensou por um momento, depois acrescentou…





Já tenho saudades vossas. Mas provavelmente estou de volta num instante.




*





Após cerca de uma hora na auto-estrada de duas faixas, Doty virou para uma estrada de gravilha.



Enquanto prosseguia a condução disse, “Estamos a chegar ao terreno de George Tully.”



Riley olhou à sua volta. A paisagem parecia igual – grandes pedaços de campos vazios interrompidos por regos, vedações e linhas de árvores. Reparou numa casa grande no meio de tudo aquilo, situada ao lado de um celeiro decrépito.Calculou que Tully ali vivesse com a família.



Era uma casa de aspeto estranho que parecia ter sido sujeita a alterações ao longo dos anos, provavelmente por várias gerações.



Entretanto, Riley viu o veículo do médico-legista, estacionado na berma da estrada. Vários outros carros estavam estacionados por perto. Doty estacionou atrás da carrinha do médico-legista e Riley e Jenn seguiram-no e ao seu parceiro mais jovem na direção de um campo recentemente arado.



Riley viu três homens à volta de um local escavado. Não conseguia ver o que ali tinha sido encontrado, mas entreviu um pedaço de tecido colorido a flutuar na brisa primaveril.



Era ali que estava enterrada, Percebeu.



E naquele momento, Riley foi atingida por uma sensação estranha.



E percebeu que ela e Jenn tinham um importante papel a desempenhar ali.



Tinham trabalho a fazer – uma rapariga estava morta e elas não parariam até o assassino ser descoberto.





CAPÍTULO DEZ



Duas pessoas estavam junto ao corpo recentemente desenterrado. Riley dirigiu-se de imediato a um delas, um homem musculoso aparentando ter a sua idade.



“Chefe Joseph Sinar, presumo,” Disse ela com a mão em posição de cumprimento.



Ele anuiu e apertou-lhe a mão.



“As pessoas daqui tratam-me por Joe,”



Sinard indicou um homem obeso de aspeto aborrecido na casa dos cinquenta a seu lado, “este é Barry Teague, o médico-legista do condado. Vocês devem ser o pessoal do FBI por que esperávamos.”



Riley e Jenn mostraram os seus distintivos e apresentaram-se.



“Aqui está a nossa vítima,” Disse Sinard.



Apontou para baixo na direção do buraco onde uma jovem repousava descuidadamente com um vestido cor de laranja vivo. O vestido estava levantado acima das coxas e Riley viu que a roupa interior havia sido retirada. Não usava sapatos. O rosto estava anormalmente pálido e a sua boca aberta ainda apresentava vestigios de terra. Os olhos estavam abertos. O corpo sujo apresentava uma cor opaca, já sem traços de vida.



Riley estremeceu. Raramente sentia qualquer emoção ao ver um cadáver – Vira muitos ao longo dos anos. Mas esta rapariga lembrava-lhe muito April.



Riley virou-se para o médico-legista.



“Já chegou a alguma conclusão, Sr. Teague?”



Barry Teague acocorou-se junto ao buraco e Riley juntou-se a ele.



“É mau – muito mau,” Disse ele num tom de voz que não expressava qualquer emoção.



Apontou para as coxas da rapariga.



“Vê estas nódoas negras?” Perguntou ele. “Parece-me que foi violada.”



Riley não o disse, mas pareceu-lhe que tinha razão. A julgar pelo odor, talbém pressupôs que a rapariga tivesse morrido há duas noites e que estaria ali enterrada desde essa altura.



Riley perguntou ao médico-legista, “Qual terá sido a causa da morte?”



Teague soltou um suspiro de impaciência.



“Não sei,” Disse ele. “Talvez se vocês me deixarem retirar o corpo daqui para fazer o meu tarbalho, eu vos consiga dizer.”



Era palpável o ressentimento do homem por ali estar o FBI. Iriam ela e Jenn enfrentar muita resistência local?



Lembrou a si própria que fora o Chefe Sinard a chamá-los. Pelo menos podia contar com a cooperação de Sinard.



Riley disse ao médico-legista, “Já a podem levar.”



Levantou-se e olhou em seu redor. Viu um homem idoso a alguns metros de distância, encostado a um trator e a olhar diretamente para o corpo.



“Quem é aquele?” Perguntou ao Chefe Sinard.



“George Tully,” Disse Sinard.



Riley lembrou-se que George Tully era o dono daquela terra.



Ela e Jenn caminharam na sua direção e apresentaram-se. Tully mal pareceu reparar na sua presença. Não parava de olhar para o corpo enquanto a equipa de Teague se preparava para cuidadosamente o remover do local.



Riley disse-lhe, “Sr. Tully, sei que encontrou a rapariga.”



Ele assentiu monotonamente, sem retirar os olhos do corpo.



Riley disse, “Eu sei que é difícil. Mas poderia contar-me o que aconteceu?”



Tully falou num tom de voz vago e distante.



“Não há muito a dizer. Eu e os rapazes viemos de manhã cedo para semear. Eu reparei em qualquer coisa de estranho na terra aqui. O aspeto incomdou-me por isso comecei a cavar… e então lá estava ela.”



Riley pressentiu que Tully não ia ser capaz de contar muito.



Jenn disse, “Faz ideia de quando é que o corpo possar ter sido enterrado aqui?”



Tully abanou a cabeça silenciosamente.



Riley olhou à sua volta durante um instante. O campo parecia ter sido recentemente arado.



“Quando é que araram este campo?” Perguntou.



“Há dois dias. Não, há três. Íamos começar a semear hohe.”



Riley pensou nisto. Parecia consistente com a sua hipótese de que a rapariga tivesse sido morta e enterrada há duas noites.



Tully falou enquanto continuava a olhar em frente.



“O Chefe Sinard disse-me o seu nome,” Disse ele. “Katy – o seu último nome era Philbin, acho. Estranho, não reconheci esse nome. E também não a reconheci. Já lá vai…”



Parou de falar durante um momento.



“Já lá vai o tempo em que conhecia todas as famílias da cidade e também os seus filhos. Os tempos mudaram.”

 



Da sua voz sobressaía uma tristeza dolorida e entorpecida.



Agora Riley conseguia sentir a sua dor. Ela tinha a certeza que ele vivera naquela terra toda a sua vida, assim como os pais, os avós e os bisavós, e esperava pasar a quinta aos seus próprios filhos e netos.



Nunca imaginara que algo assim pudesse acontecer ali.



Riley também se apercebeu de algo mais – que Tully estava naquele local há horas, olhando com descrença horrorizada para o corpo da pobre rapariga. Ele encontrara o corpo de manhã cedo, reportara a situação e depois não conseguira sair mais daquele lugar. Agora que o corpo estava a ser levado, talvez também ele saísse dali.



Mas Riley sabia que o horror nunca o abandonaria.



As suas palavras ecoavam na sua cabeça..



“Os tempos mudaram.”



Ele devia ter sentido que o mundo enlouquecera.



E talvez tenha enlouquecido, Pensou Riley.



“Lamentamos muito o sucedido,” Disse-lhe Riley.



Depois ela e Jenn dirigiram-se ao local onde se encontrava o buraco.



A equipa de Teague já tinha o corpo coberto numa maca. Transportavam-no de forma estranha na terra com socalcos em direção ao veículo do médico-legista.



Teague abordou Riley e Jenn. Falou naquele seu tom perpetuamente monótono.



“Em resposta à sua pergunta, como é que ela morreu… vi melhor e ela foi espancada com várias pancadas. Então é isso.”



Sem proferir mais uma palavra, virou costas e foi ter com a sua equipa.



Jenn mostrou-se aborrecida.



“Bem, parece que no que lhe diz respeito o exame está concluído,” Disse ela. “É um amor.”



Riley abanou a cabeça, concordando com desânimo.



Depois caminhou na direção do Chefe Sinard e perguntou, “Foi encontrada mais alguma coisa com o corpo? Uma mala? Um telemóvel?”



“Não,” Disse Sinard. “Quem quer que fez isto ficou com esses objetos.”



“A Agente Roston e eu temos que conhecer a família da vítima o mais rapidamente possível.”



O Chefe Sinard franziu o sobrolho.



“Isso vai ser bastante difícil,” Disse ele. “O pai, Drew, esteve aqui há pouco para identificar o corpo. Estava muito mal quando se foi embora.”



“Eu compreendo,” Disse Riley. “Mas e mesmo necessário.”



O Chefe Sinard anuiu, tirou uma chave do bolso e apontou para um carro.



“Calculo que precisem de um meio de transporte,” Disse ele. “Podem usar o meu carro enquanto aqui estiverem. Eu sigo mais à frente num carro da polícia e mostro-lhes onde vivem os Philbin.”



Riley deixou Jenn conduzir. Dali a nada estavam a seguir o carro da polícia em direção a Angier.



Riley perguntou à sua nova parceira, “O que te parece?”



Jenn conduziu em silêncio durante alguns instantes enquanto pensava na pergunta de Riley.



Depois disse, “Sabemos que a vítima tinha dezassete anos – dentro da faixa de idade de cerca de metade das vítimas deste tipo de crime. Ainda assim é um caso fora do comum. A maioria das vítimas de predadores sexuais são prostitutas. Esta encaixa-se nos dez porcento que são vítimas de pessoas conhecidas.”



Jenn fez nova pausa.



Depois acrescentou, “Mais de metade deste tipo de crimes são por estrangulamento. Mas a segunda causa de morte mais frequente é trauma por pancada. Por isso, e seguindo esse raciocínio, este homicídio pode não ser atípico. Ainda assim, temos muito que descobrir. A pergunta mais importante é se estamos a lidar com assassino em série.”



Riley anuiu soturnamente. Jenn não estava a dizer nada que ela já não soubesse, mas fossem quais fossem as suas desconfianças acerca da sua nova parceira, pelo menos estava bem informada. E ambas enfrentavam a possibilidade de uma terrível resposta àquela última pergunta, mas esperando que fosse negativa.



Numa questão de minutos, desciam a Rua Principal de Angier atrás de Sinard. Riley não viu nada que a distinguisse de outras ruas principais do Midwest – filas de lojas sem nada que as distinga, algumas velhas e

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