A corda do Diabo

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Из серии: Os Primórdios Riley Paige #3
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A corda do Diabo
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A CORDA DO DIABO

(O PRIMÓRDIOS DE RILEY PAIGE — LIVRO 3)

B L A K E P I E R C E

Blake Pierce

Blake Pierce é o autor da série de enigmas RILEY PAGE, com doze livros (com outros a caminho). Blake Pierce também é o autor da série de enigmas MACKENZIE WHITE, composta por oito livros (com outros a caminho); da série AVERY BLACK, composta por seis livros (com outros a caminho), da série KERI LOCKE, composta por cinco livros (com outros a caminho); da série de enigmas PRIMÓRDIOS DE RILEY PAIGE, composta de dois livros (com outros a caminho); e da série de enigmas KATE WISE, composta por dois livros (com outros a caminho).

Como um ávido leitor e fã de longa data do gênero de suspense, Blake adora ouvir seus leitores, por favor, fique à vontade para visitar o site www.blakepierceauthor.com para saber mais a seu respeito e também fazer contato.

Copyright © 2017 por Blake Pierce. Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido na Lei de Direitos Autorais dos Estados Unidos (US. Copyright Act of 1976), nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida de nenhuma forma e por motivo algum, ou colocada em um sistema de dados ou sistema de recuperação sem permissão prévia do autor. Este e-book está licenciado apenas para seu aproveitamento pessoal. Este e-book não pode ser revendido ou dado a outras pessoas. Se você gostaria de compartilhar este e-book com outra pessoa, por favor compre uma cópia adicional para cada beneficiário. Se você está lendo este e-book e não o comprou, ou ele não foi comprado apenas para uso pessoal, então por favor devolva-o e compre seu próprio exemplar. Obrigado por respeitar o trabalho árduo do autor. Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, organizações, lugares, eventos e acontecimentos são obras da imaginação do autor ou serão usadas apenas na ficção. Qualquer semelhança com pessoas de verdade, em vida ou falecidas, é totalmente coincidência. Imagem de capa: Copyright Artem Korionov, usada sob licença de Shutterstock.com.

LIVROS ESCRITOS POR BLAKE PIERCE

SÉRIE DE ENIGMAS KATE WISE

SE ELA SOUBESSE (Livro n 1)

SE ELA VISSE (Livro n 2)

SÉRIE OS PRIMÓRDIOS DE RILEY PAIGE

ALVOS A ABATER (Livro #1)

ESPERANDO (Livro #2)

A CORDA DO DIABO (Livro #3)

AMEAÇA NA ESTRADA (Livro #4)

SÉRIE DE MISTÉRIO DE RILEY PAIGE

SEM PISTAS (Livro #1)

ACORRENTADAS (Livro #2)

ARREBATADAS (Livro #3)

ATRAÍDAS (Livro #4)

PERSEGUIDA (Livro #5)

A CARÍCIA DA MORTE (Livro #6)

COBIÇADAS (Livro #7)

ESQUECIDAS (Livro #8)

ABATIDOS (Livro #9)

PERDIDAS (Livro #10)

ENTERRADOS (Livro #11)

DESPEDAÇADAS (Livro #12)

SEM SAÍDA (Livro #13)

SÉRIE DE ENIGMAS MACKENZIE WHITE

ANTES QUE ELE MATE (Livro nº1)

ANTES QUE ELE VEJA (Livro nº2)

ANTES QUE COBICE (Livro nº3)

ANTES QUE ELE LEVE (Livro nº4)

ANTES QUE ELE PRECISE (Livro nº5)

ANTES QUE ELE SINTA (Livro nº6)

ANTES QUE ELE PEQUE (Livro nº7)

ANTES QUE ELE CAÇE (Livro nº8)

ANTES QUE ELE ATAQUE (Livro nº9)

SÉRIE DE ENIGMAS AVERY BLACK

MOTIVO PARA MATAR (Livro nº1)

MOTIVO PARA CORRER (Livro nº2)

MOTIVO PARA SE ESCONDER (Livro nº3)

MOTIVO PARA TEMER (Livro nº4)

MOTIVO PARA SALVAR (Livro nº5)

MOTIVO PARA SE APAVORAR (Livro nº6)

SÉRIE DE ENIGMAS KERI LOCKE

UM RASTRO DE MORTE (Livro nº1)

UM RASTRO DE HOMICÍDIO (Livro nº2)

UM RASTRO DE IMORALIDADE (Livro nº3)

UM RASTRO DE CRIME (Livro nº4)

UM RASTRO DE ESPERANÇA (Livro nº5)

ÍNDICE

PRÓLOGO

CAPÍTULO UM

CAPÍTULO DOIS

CAPÍTULO TRÊS

CAPÍTULO QUATRO

CAPÍTULO CINCO

CAPÍTULO SEIS

CAPÍTULO SETE

CAPÍTULO OITO

CAPÍTULO NOVE

CAPÍTULO DEZ

CAPÍTULO ONZE

CAPÍTULO DOZE

CAPÍTULO TREZE

CAPÍTULO QUATORZE

CAPÍTULO QUINZE

CAPÍTULO DEZESSEIS

CAPÍTULO DEZESSETE

CAPÍTULO DEZOITO

CAPÍTULO DEZENOVE

CAPÍTULO VINTE

CAPÍTULO VINTE E UM

CAPÍTULO VINTE E DOIS

CAPÍTULO VINTE E TRÊS

CAPÍTULO VINTE E QUATRO

CAPÍTULO VINTE E CINCO

CAPÍTULO VINTE E SEIS

CAPÍTULO VINTE E SETE

CAPÍTULO VINTE E OITO

CAPÍTULO VINTE E NOVE

CAPÍTULO TRINTA

CAPÍTULO TRINTA E UM

CAPÍTULO TRINTA E DOIS

CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

PRÓLOGO

Hope Nelson olhou ao redor da loja pela última vez antes de fechar as portas. Ela estava cansada, já que aquele havia sido um longo e estressante dia de trabalho. Já passava da meia-noite, e ela estava ali desde o início da manhã.

Estava sozinha, porque havia mandado os últimos funcionários para casa um pouco mais cedo. Nenhum deles gostava de trabalhar até tarde nas noites de sábado. Em dias úteis, a loja sempre fechava às cinco, o que era mais do que suficiente para todos.

Não que os funcionários tivessem agradecido muito aquele gesto.

Dona do lugar ao lado de seu marido, Mason, e portanto trabalhando mais horas do que qualquer outra pessoa—Hope era a primeira a chegar e a última a sair na maioria dos dias. Não era segredo para ela que as pessoas do bairro sentiam inveja dela e de Mason por serem o casal mais rico na pequena cidade de Dighton.

Mas ela também tinha motivos para se ofender com eles.

Seu lema pessoal era...

Dinheiro é responsabilidade.

Levava suas muitas tarefas a sério, assim como Mason, que também era o prefeito da cidade. Eles não costumavam tirar férias, nem sequer dias de folga. Às vezes, Hope sentia que ela e Mason eram as únicas pessoas por ali que se importavam com algo.

Ao olhar para os produtos bem organizados—o computador e o gerador, as sementes, as comidas, os fertilizantes—Hope pensou, como sempre pensava...

Dighton não duraria um dia sem nós.

Na verdade, ela pensava assim sobre toda a região.

Às vezes, sonhava com os dois juntando suas coisas e indo embora, apenas para provar aquela tese.

Todo mundo iria entender.

Ela apagou as luzes com um suspiro cansado. Depois, ao chegar ao sistema de alarmes para ativá-lo antes de sair, viu uma figura através da porta de vidro. Era um homem, parado na calçada, sob a luz da rua, a cerca de dez metros.

Ele parecia estar olhando diretamente para ela.

Hope ficou assustada ao ver que o rosto dele era muito marcado e machucado—por marcas de nascença ou por algum acidente terrível, ela não sabia. Ele vestia uma camiseta, mas era possível perceber que tinha problemas parecidos nas mãos e nos braços.

Deve ser difícil para ele viver a vida assim, pensou.

Mas o que ele estaria fazendo sozinho ali tão tarde em uma noite de sábado? Ele teria vindo à loja antes? Se sim, um dos funcionários já devia tê-lo ajudado. Com certeza, Hope não esperava ver ele ou qualquer outra pessoa ali depois de fechar as portas.

 

Mas ali estava ele, olhando para ela e sorrindo.

O que ele queria?

O que quer que fosse, Hope precisaria conversar com ele pessoalmente. E aquilo a incomodava. Seria difícil fingir não perceber os problemas no rosto machucado.

Sentindo-se desconfortável, Hope digitou o código do alarme, saiu e fechou a porta de frente. O ar quente da noite trouxe uma sensação boa, após um dia inteiro dentro da loja sentindo cheiros fortes, a maior parte deles de fertilizantes.

Quando começou a caminhar em direção ao homem, sorriu e disse:

- Desculpe, já fechamos.

Ele encolheu os ombros e seguiu sorrindo e murmurando algo impossível de entender.

Hope suspirou. Queria pedir para que ele falasse mais alto. Mas sabia que qualquer coisa que dissesse soaria como uma ordem, e não como um pedido educado. Estava, irracionalmente, com medo que ferir os sentimentos daquele homem.

Ele aumentou seu sorriso enquanto ela caminhava em sua direção. Novamente, disse algo que ela não pode entender. Hope parou a apenas alguns centímetros dele.

- Desculpe, mas nós já fechamos por hoje – disse.

Ele murmurou algo inaudível. Ela balançou a cabeça para indicar que não havia entendido.

Ele falou um pouco mais algo, e dessa vez ela conseguiu entender:

- Tenho um problema com algo.

Hope perguntou:

- O que é?

Ele novamente disse algo inaudível.

Talvez ele queira devolver algo que comprou hoje, ela pensou.

A última coisa que Hope queria naquela hora era abrir as portas e desativar o sistema de alarme, apenas para receber o produto de volta e devolver o dinheiro. Ela disse:

- Se você quer devolver algo, desculpe, mas vai ter que voltar amanhã.

O homem com o rosto machucado murmurou:

- Não, mas...

Então ele riu em silêncio, ainda olhando para ela. Hope não conseguiu manter contato visual com ele. E, de certa maneira, sentiu que ele percebeu.

A julgar por seu sorriso, ele parecia estar até gostando.

Hope arrepiou-se ao pensar que ele poderia sentir prazer ao provocar desconforto em outras pessoas.

Então, o homem disse um pouco mais alto e claro:

- Venha ver.

Ele apontou para sua picape velha, que estava estacionada próxima à calçada, ali perto. Depois, virou-se e começou a caminhar em direção ao veículo. Hope ficou parada ali por um momento. Ela não queria segui-lo, e sabia que não tinha motivos para isso.

Seja o que for, pode esperar até amanhã.

Mas ela não conseguiu simplesmente se virar e ir embora.

Novamente, estava com medo de ser rude com ele.

Caminhou atrás dele até os fundos da picape. O homem abriu a tampa do veículo e ela pode ver um emaranhado de arame farpado por toda a carroceria.

De repente, ele a agarrou por trás e colocou um trapo molhado em seu rosto.

Hope tentou escapar, mas ele era mais alto e mais forte do que ela.

Ela não pode sequer livrar sua boca para gritar. Estava encharcada com um líquido espesso, que cheirava forte e tinha um gosto ligeiramente doce.

Então, uma estranha sensação tomou conta dela.

Tontura e euforia, como se tivesse usado algum tipo de droga.

Por alguns segundos, aquela euforia fez com que fosse difícil para Hope entender que ela estava em perigo. Depois, ela tentou lutar novamente, mas sentiu-se cada vez mais fraca.

Seja lá o que aquele homem quisesse fazer, ela já não conseguia lutar contra ele.

Sentindo-se quase que fora de seu próprio corpo, Hope percebeu o homem colocando-a na carroceria da picape, no emaranhado de arame farpado. Ele seguia segurando o trapo em seu rosto, e ela não conseguia parar de respirar o líquido espesso.

Hope Nelson mal pode sentir a dor em seu corpo e perdeu a consciência pouco a pouco.

CAPÍTULO UM

Preparando-se para assar dois bifes, Riley Sweeney pensou mais uma vez:

Quero que essa noite seja especial.

Ela e seu noivo, Ryan Paige, andavam ocupados demais para se divertir nos últimos tempos. O cansativo cronograma de Riley no Programa de Estágio de Honra do FBI e o novo trabalho de Ryan como advogado iniciante estavam tomando todo seu tempo e energia. Ryan estava trabalhando há muitas horas inclusive naquele dia—um sábado.

O aniversário de vinte e dois anos de Riley havia sido quase duas semanas antes, e simplesmente eles não tiveram tempo para comemorar. Ryan a presenteara com um lindo colar, e só—não houve festa, nem jantar, nem bolo. Ela esperava que o jantar especial daquela noite fosse uma compensação.

Além disso, aquele era o único momento possível para um bom jantar, até onde ela sabia. Um dia antes, Riley havia completado seu estágio com sucesso. No dia seguinte, ela iria para a Academia do FBI em Quantico, Virginia. Ryan ficaria em Washington. Ainda que a distância entre as duas cidades fosse de apenas uma hora de carro ou trem, os dois teriam muito trabalho pela frente. Ela não sabia quando teria outros momentos como aquele com Ryan novamente.

Seguindo detalhadamente a receita, Riley terminou de temperar dois bifes com sal, pimenta, cebola, polvilho, mostarda, orégano e tomilho. Depois, olhou em volta da cozinha e para todo seu trabalho. Ela havia feito uma linda salada, cortado cogumelos, prontos para assar junto com a carne, e duas batatas já estavam assando no forno. Na geladeira, um cheesecake comprado, pronto para a sobremesa.

A pequena mesa da cozinha estava quase toda arrumada, inclusive com um vaso cheio de flores que ela havia comprado na mercearia. Uma garrafa de um vinho tinto, nada caro, mas muito bom, esperava para ser aberta.

Riley olhou seu relógio. Ryan havia dito que chegaria em casa por volta daquele horário, e ela esperava que ele não se atrasasse. Não queria assar a carne antes que ele chegasse.

Enquanto esperava, não conseguiu lembrar de nada mais que precisasse ser feito naquele momento. Havia passado o dia inteiro lavando roupa, limpando seu pequeno apartamento, comprando e preparando a comida—tarefas domésticas para as quais raramente tinha tempo, desde que ela e Ryan haviam ido morar juntos, no começo do verão. Ela até gostava daquelas tarefas, bem diferentes de seu tempo na faculdade.

Mesmo assim, não podia deixar de se perguntar...

É assim que vai ser a vida de casada?

Se alcançasse a meta de se tornar uma agente do FBI, ela passaria mesmo dias inteiros deixando tudo perfeito para quando Ryan chegasse do trabalho? Não parecia muito provável.

Mas naquele momento, Riley tinha dificuldades em imaginar aquele futuro—ou qualquer outro futuro específico.

Ela jogou-se no sofá.

Fechou os olhos e percebeu que estava muito cansada.

Nós dois precisamos é de férias, pensou.

Mas tirar férias não era algo que aconteceria em um futuro próximo.

Sentiu-se um pouco sonolenta e quase cochilou, quando uma memória invadiu sua mente a força...

Ela estava amarrada nas mãos e nos pés, por um louco com uma fantasia e maquiagem de palhaço.

Ele segurava um espelho na cara dela e dizia...

“Tudo pronto. Veja!”

Ela viu que ele havia passado maquiagem no rosto dela e que, agora, ela parecia um palhaço também.

Então ele colocou uma seringa na frente dela. Ela sabia que se ele injetasse aquele conteúdo mortal, ela morreria de puro terror...

Os olhos de Riley abriram-se de repente ela olhou por tudo em volta.

Fazia apenas alguns meses que ela havia escapado das mãos de um criminoso famoso conhecido por “Palhaço Assassino”. Ainda tinha pesadelos com o episódio.

Ao tentar tirá-lo de sua memória, escutou alguém descendo os degraus do prédio até o corredor do subsolo.

Ryan! Ele chegou!

Riley pulou do sofá e olhou o forno para ter certeza de que estava na temperatura mais alta. Depois, apagou as luzes do apartamento e acendeu as velas que havia colocado na mesa. Finalmente, foi até a porta e encontrou Ryan assim que ele entrou.

Abriu seus braços para abraçá-lo e o beijou. Mas ele não devolveu o beijo, e ela sentiu o corpo dele em profunda exaustão. Ele olhou para o apartamento à luz de velas e disse:

- Riley—que porra é essa?

O coração de Riley se despedaçou.

Ela respondeu:

- Estou fazendo algo legal para a janta.

Ryan entrou, largou sua pasta e desabou no sofá.

- Não precisava se preocupar – ele disse. – Tive um dia daqueles. E nem estou com tanta fome.

Riley sentou-se ao lado dele e esfregou seus ombros. Ela disse:

- Mas está tudo quase pronto. Você não está com fome nem para bife de alcatra?

- Alcatra? – Ryan disse, surpreso. – Nós temos dinheiro pra isso?

Lutando contra um surto de irritação, Riley não respondeu. Ela cuidava das finanças da casa, e sabia muito bem o que eles podiam e não podiam pagar.

Parecendo perceber o desapontamento de Riley, Ryan disse:

- Alcatra é muito bom. Só me dê alguns minutos para tomar um banho.

Ryan levantou-se e foi para o banheiro. Riley correu para a cozinha, tirou as batatas do forno e colocou os bifes para assar, para que eles ficassem ao ponto.

Ryan sentou-se à mesa no momento em que ela serviu os pratos. Ele serviu taças de vinho para os dois.

- Obrigado – Ryan disse, esboçando um sorriso. – Muito legal.

Ao cortar seu bife, ele adicionou:

- Eu tive que trazer trabalho para casa. Vou ter que dar conta disso depois de comermos.

Riley segurou um suspiro de decepção. Ela esperava que aquele jantar terminasse de uma maneira mais romântica.

Os dois comeram em silêncio por alguns momentos. Depois, Ryan começou a reclamar sobre seu dia.

- Esse nível de trabalho, inicial, é praticamente escravidão. Temos que fazer todo o trabalho duro para os sócios—pesquisa, escrever briefings, deixar tudo pronto para o tribunal. E trabalhamos muito mais horas do que eles. Parece um tipo de trote, só que nunca acaba.

- Vai melhorar – Riley disse.

Então, forçou uma risada e acrescentou:

- Um dia você vai ser um sócio. E vai ter uma equipe inteira de novatos que vão para casa reclamar sobre você.

Ryan não riu, e Riley não o culpou. Ela só percebeu que a piada fora ruim depois que já tinha dito.

Ryan continuou resmungando durante o jantar, e Riley não sabia se estava mais chateada ou com raiva. Ele não tinha gostado de todo o esforço dela para fazer daquela uma noite perfeita?

Ele não entendia quanto a vida deles estava prestes a mudar?

Quando Ryan fez silêncio por alguns momentos, Riley disse:

- Sabe, vamos nos reunir amanhã no FBI para comemorar o fim do estágio. Você vai poder ir comigo, né?

- Acho que não, Riley. Essa semana vai ser cheia.

Riley quase se engasgou.

- Mas amanhã é domingo – ela disse.

Ryan encolheu os ombros e respondeu:

- Sim, pois é, como eu falei—trabalho escravo.

Riley respondeu:

- Olhe, não vai levar o dia todo. Vai ter um ou outro discurso—do diretor assistente e do nossos supervisor que vão querer falar um pouco. Depois vai ter uns salgados e—

Ryan interrompeu:

- Riley, me desculpe.

- Mas eu vou sair de Quantico amanhã, logo depois. Vou levar minha mala comigo. Achei que você iria me levar na rodoviária.

- Não posso – Ryan disse, um pouco ríspido. – Você vai ter que dar outro jeito de chegar lá.

Eles comeram em silêncio por alguns momentos.

Riley teve dificuldades em entender o que estava acontecendo. Por que Ryan não poderia acompanhá-la no dia seguinte? Levaria só algumas horas. Então, uma ficha começou a cair. Ela disse:

- Você ainda não quer que eu vá para Quantico.

Ryan resmungou, chateado.

- Riley, não vamos começar com isso – ele disse.

Riley sentiu seu rosto quente de raiva.

- Mas é agora ou nunca, não é?

- Você tomou sua decisão. E pelo que sei você não vai mudar.

Os olhos de Riley se arregalaram.

- Minha decisão? – ela disse. – Achei que fosse a nossa decisão.

Ryan suspirou.

- Não vamos falar sobre isso – ele disse. – Vamos terminar de comer, ok?

Riley parou, olhando para Ryan, que continuou comendo.

 

Ela começou a se perguntar...

Ele está certo?

Eu coloquei nós dois nessa?

Tentou pensar nas conversas entre os dois, tentando se lembrar, entender. Ela lembrava do quão orgulhoso Ryan ficara quando ela havia conseguido parar o Palhaço Assassino.

“Você salvou a vida de pelo menos uma mulher. Resolvendo esse caso, você pode ter salvado a vida de outras também. Que loucura. Acho que talvez você seja louca. Mas também é uma heroína”.

Na época, ela imaginara que era isso o que ele queria—que ela construísse uma carreira no FBI, que seguisse sendo uma heroína.

Mas agora, pensando naquilo, Riley não conseguia se lembrar dele dizendo exatamente essas palavras. Ryan nunca havia lhe dito...

“Eu quero que você vá. Eu quero que você siga seu sonho.”

Riley suspirou lentamente, várias vezes.

Precisamos discutir isso com calma, pensou.

Finalmente, disse:

- Ryan, o que você quer? Para nós, eu digo.

Ryan inclinou a cabeça e olhou para ela.

- Você quer mesmo saber? – Ele perguntou.

A garganta de Riley deu um nó.

- Eu quero saber – ela disse. – Me diga o que você quer.

Um olhar dolorido tomou conta do rosto de Ryan. Riley tentou imaginar o que ele diria a seguir. Finalmente, ele respondeu:

- Eu só quero uma família.

Então, ele encolheu os ombros e comeu mais um pedaço de carne.

Sentindo-se um pouco aliviada, Riley respondeu:

- Eu também quero.

- Quer mesmo? – Ryan perguntou.

- Claro que sim. Você sabe que sim.

Ryan balançou a cabeça e disse:

- Não sei nem se você sabe o que quer de verdade.

Riley sentiu-se como se tivesse levado um soco no estômago. Por um momento, ela simplesmente não soube o que dizer. Depois, finalmente falou:

- Você não acha que eu posso ter uma carreira e uma família?

- Com certeza sim – Ryan disse. – Mulheres fazem isso o tempo todo hoje em dia. Chama-se “ter de tudo”, pelo que eu sei. É difícil, requer planejamento e sacrifícios, mas é possível. E eu amaria te ajudar a fazer tudo isso. Mas...

A voz dele diminuiu.

- Mas o que? – Riley perguntou.

Ele respirou profundamente, depois respondeu.

- Talvez seria diferente se você quisesse ser uma advogada, como eu. Ou uma médica, ou uma psiquiatra. Ou corretora. Ou começasse seu próprio negócio. Ou se tornasse uma professora universitária. Eu poderia lidar com tudo isso. Poderia mesmo. Mas essa história toda de você ir para o FBI—você vai ficar em Quantico por dezoito semanas! Quantas vezes nós vamos nos ver nesse período? Você acha que qualquer relação consegue sobreviver a esse tempo todo? E além disso...

Ele olhou para Riley por um instante. Depois, continuou:

- Riley, você quase morreu duas vezes desde que eu te conheci.

Riley engoliu em seco.

Ele estava certo, claro. Seu encontro mais recente com a morte fora nas mãos do Palhaço Assassino. Antes disso, durante seu último semestre na faculdade, ela quase havia sido assassinada por um professor psicopata que ainda aguardava julgamento por ter matado outras duas alunas. Riley conhecia aquelas garotas. Uma delas era sua melhor amiga e colega de quarto.

A ajuda de Riley para solucionar aquele caso terrível de assassinato acabara levando-a ao programa de estágio de verão, e fora uma das principais razões pela quais ela decidira se tornar uma agente do FBI.

Com a voz em choque, Riley disse:

- Você quer que eu saia? Você quer que eu não vá para Quantico amanhã?

Ryan respondeu:

- Não importa o que eu quero.

Riley estava lutando para não chorar.

- Sim, importa sim, Ryan – ela disse. – Importa muito.

Ryan fechou os olhos pelo que pareceu ser um bom tempo. Depois, disse:

- Acho que sim. Quero dizer, quero que você saia. Eu sei que você acha isso incrível. Que tem sido uma aventura e tanto para você. Mas é hora de nós dois nos acalmarmos. É hora de encararmos nossa vida real.

Riley de repente sentiu-se como se estivesse em um pesadelo, mas sem conseguir acordar.

Nossa vida real! Pensou.

O que aquilo significava?

E o que dizia sobre ela o fato de ela não saber o que aquilo significava?

Riley só tinha uma certeza...

Ele não quer que eu vá para Quantico.

Então, Ryan disse:

- Olhe, você pode trabalhar com todos os tipos de serviços aqui em Washington. E você tem muito tempo para pensar no que quer fazer a longo prazo. Enquanto isso, não interessa se você ganhar pouco ou muito dinheiro. Nós não vamos ser ricos com meu salário, mas vamos viver bem, e logo eu vou estar ganhando muito bem.

Ryan voltou a comer, parecendo estranhamente aliviado, como se tivesse resolvido tudo.

Mas eles haviam resolvido algo? Riley havia passado o verão inteiro sonhando com a Academia do FBI. Não passava pela cabeça dela desistir naquele momento.

Não, pensou. Não posso fazer isso.

Então, sentiu a raiva subindo em seu corpo. Com a voz tensa, disse;

- Sinto muito por você pensar assim. Não vou mudar de ideia. Vou para Quantico amanhã.

Ryan olhou para ela como se não acreditasse no que estava ouvindo.

Riley levantou-se da mesa e disse:

- Aproveite o resto do jantar. Tem cheesecake na geladeira. Estou cansada. Vou tomar banho e deitar.

Antes que Ryan pudesse responder, Riley seguiu para o banheiro. Ela chorou por alguns minutos, depois tomou um banho quente e demorado. Quando colocou seu roupão e chinelos e saiu do banheiro, viu Ryan sentado na cozinha. Ele havia limpado a mesa e estava trabalhando em seu computador. Ele não olhou para ela.

Riley foi para o quarto, caiu na cama e começou a chorar novamente.

Ao enxugar os olhos e assoar o nariz, perguntou-se:

Por que estou com tanta raiva?

Ryan está errado?

Algo nisso tudo é culpa dele?

Seus pensamentos estavam confusos e ela não conseguia raciocinar. Então, uma memória terrível a assombrou—de acordar na cama com muita dor e ver que estava rodeada por sangue...

Meu aborto.

Encontrou-se perguntando-se—seria aquela uma das razões pelas quais Ryan não queria que ela fosse para o FBI? Ela estava muito estressada com o caso do Palhaço Assassino na época do aborto. Mas a médica havia assegurado que aquele estresse não tivera nada a ver com o acidente.

Ao invés disso, a médica havia dito que a causa fora “anormalidades nos cromossomos”.

Pensando naquilo tudo novamente, aquela palavra a incomodou...

Anormalidades.

Perguntou-se: seria ela de alguma forma anormal, no que se tratava do que realmente importava?

Seria ela incapaz de ter uma relação duradoura e uma família?

Ao deitar-se para tentar dormir, sentiu que só tinha certeza de uma coisa...

Vou para Quantico amanhã.

Pegou no sono antes que pudesse imaginar o que aconteceria depois.

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